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    CRÍTICA – My Lady Jane é ácida ao reimaginar a monarquia europeia, mas falta profundidade

    Criada por Gemma Burgess, My Lady Jane é a nova série do Prime Video. A produção estreou hoje, dia 27 de junho, e traz em seu elenco os nomes Emily Bader, Edward Bluemel, Anna Chancellor e Rob Brydon.

    Confira nossa crítica sem spoilers da série.

    Sinopse de My Lady Jane

    A história das heroínas mais trágicas da história, mas a reimagina com um toque edificante: a donzela em perigo salva a si mesma – e depois o reino.

    Análise

    “E se a história fosse diferente?” Essa é a pergunta que dá início a My Lady Jane, a nova série do Prime Video que reimagina a vida de Jane Grey (Emily Bader), a jovem de 16 anos que ocupou o trono da Inglaterra por nove dias em 1553, após a morte de seu primo Eduardo VI (Jordan Peters).

    Na história real, infelizmente, ela foi decapitada por traição à coroa. Na versão alternativa, Jane não apenas sobrevive, mas se envolve em diversas aventuras intrigantes e hilárias, ganhando o destaque que finalmente merece.

    Por anos, a monarca foi somente uma nota de rodapé nos livros de história. Nem mesmo o feito de ser a primeira mulher a ocupar a posição de Rainha é considerado, visto sua breve permanência no trono. Nesse aspecto, a série criada por Gemma Burgess, baseada no livro homônimo de Cynthia Hand, Brodi Ashton e Jodi Meadows, é autêntica ao trazer à tona uma perspectiva inédita sobre sua vida e reinado.

    É importante saber que a verdadeira Jane tinha a reputação de ser uma das mulheres mais cultas de sua época, o que é refletido na série com uma personagem forte, inteligente e rebelde que desafia as normas de seu tempo.

    A construção de sua personalidade é, de fato, estereotipada, afinal, “girl power” funciona incrivelmente bem em dramas de época. Mas My Lady Jane compreende seu status quo e leva com enorme sarcasmo suas predisposições.

    Créditos: Divulgação / Prime Video

    Ser um conto histórico não é o bastante para My Lady Jane, e logo nos primeiros momentos a série revela que também se trata de uma fantasia. Se na realidade Jane perdeu a cabeça devido a um reino religiosamente dividido entre protestantes e católicos, na produção do Prime Video, o mundo é dividido entre humanos normais e Ethians, pessoas com poderes sobrenaturais. Isso certamente gera uma reviravolta bem-vinda à série e deixa tudo ainda mais divertido.

    Do mesmo modo, os personagens que rondam a vida de Jane são igualmente debochados e satíricos, a começar por sua mãe Frances (Anna Chancellor) que em busca de dinheiro quer casar a filha com Guildford (Edward Bluemel), um jovem com fama de viver na noite e filho de Lord Dudley (Rob Brydon), um dos conselheiros do Rei. Também é óbvio que Jane e Guildford têm fortes atritos entre eles, seja temperamentais ou carnais, mas é justo afirmar que a dupla possui uma forte química.

    Outros personagens, como a prima Mary (Kate O’Flynn), que tem objetivos próprios ao lado de seu conselheiro Seymour (Dominic Cooper), são igualmente enfadonhos e funcionam como um arco novelesco caricato. A narração em off de Ollie Chris, que traz comentários atuais sobre diálogos e decisões dos personagens, é deliciosamente ácida, o que gera boas piadas para contextos atuais.

    Ainda assim, My Lady Jane chega em um momento em que o gênero de drama de época com requintes de contemporaneidade começa a ficar batido e cansativo. Com Bridgerton em sua terceira temporada na Netflix e The Buccaneers recentemente estreando no Apple TV+, com jovens disruptivas demais para a sua época, mais uma série com a mesma premissa pode acabar passando desapercebida pelo público.

    Visto que tanto a narrativa fantástica quanto a histórica parecem ter pouco peso na série, o que faz My Lady Jane minimamente interessante são justamente seus personagens incrivelmente caricatos que, em nenhum momento, tentam convencer que esta é uma história séria sobre a dinastia Tudor. A falta de essência na série coloca em risco o protagonismo de Jane, que mais uma vez precisa lutar para manter sua cabeça.

    Veredito

    My Lady Jane é uma reimaginação divertida e cativante da vida da personalidade histórica, mas ao não se comprometer de fato com sua narrativa, deixando muitos arcos à deriva, a série se torna superficial. O humor ácido e sarcástico é um dos pontos fortes, mas levanta dúvidas se é o bastante para manter essa série engajada.

    Nossa nota

    3,0 / 5,0

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    Assista ao trailer de My Lady Jane:

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