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    CRÍTICA – Aliança feminista sobrepõe o drama de época em The Buccaneers

    The Buccaneers (Os Bucaneiros) é a nova produção original do Apple TV+. O seriado traz em seu elenco principal Kristine Froseth, Alisha Boe, Josie Totah, Imogen Waterhouse, Aubri Ibrag, Guy Remmers e Matthew Broome.

    Os três primeiros episódios já estão disponíveis na plataforma, mas nós tivemos a oportunidade de assistir ao seriado completo. Confira nossa crítica sobre a produção.

    Sinopse de The Buccaneers

    Na década de 1870, um grupo de garotas americanas ricas estão tentando encontrar um marido inglês chique durante a temporada de estreantes em Londres.

    Análise

    Os dramas de época nunca foram tão contemporâneos. A recente onda do gênero em streamings e cinemas atualizou obras centenárias para contextos muito mais reais e interessantes. É o caso de The Buccaneers, a nova série do Apple TV+ baseada em um romance inacabado de Edith Wharton e adaptado por Katherine Jakeways

    Na história, quatro jovens americanas viajam para Londres a fim de encontrar maridos durante o século 19, uma trama que tem o romance e o casamento como pano de fundo, mas que oferece resistência e resiliência feminina em meio a uma época que buscava acima de tudo silenciar as mulheres de sua geração.

    Em 1970, desfilam por uma escada de mármore as personagens principais de The Buccaneers ao som de “What We Wanna”, de Miya Folick. A apresentação do quinteto evidencia o conceito moderno e o ritmo inquietante da série. Conchita Closson (Alisha Boe) é a primeira amiga a se casar e seu par é Richard Marable (Josh Dylan), um lorde britânico criado a mãos de ferros pelos pais. A jovem é debochada e desafiadora, algo pouco apreciado pela sociedade britânica.

    As irmãs, Mabel Elmsworth (Josie Totah) e Lizzie (Aubi Ibrag) também se somam ao grupo de americanas em busca de novos ares. A primeira acostumada a não ser tão notada devido a beleza da irmã, mas ainda assim, empolgante e destemida. Já Lizzie, um pouco mais observadora, busca um marido, porém, suas convicções mudam ao longo da série.

    A outra dupla de irmãs que completa o quarteto são Jinny (Imogen Waterhouse) e Nan St. George (Kristine Froseth). Jinny também sonha com um casamento perfeito e esse desejo acaba movendo sua jornada na trama.

    CRÍTICA - Aliança feminista sobrepõe o drama de época em The Buccaneers
    Créditos: Divulgação / AppleTV+

    Por último e mais importante, a jovem Nan de 17 anos. Ao contrário de suas amigas ela não deseja a atenção e parece contente em ser o menos notada possível, mas é claro que recai sobre ela o papel principal dessa trama ao desempenhar um triângulo romântico com com Theo, o Duque de Tintagel (Guy Remmers) e o seu melhor amigo, Guy Thwarte (Matthew Broome).

    Nan é a típica personagem do drama de época, sem grandes desejos de casamento e querendo apenas ser ela mesma, o que é praticamente impossível na temporada de casamento em Londres. Sua benevolência, carisma e cumplicidade a tornam uma personagem agradável e interessante de acompanhar. Por mais que o show tente puxar para o romance, é inegável que esta série trata sobre o comprometimento entre amizades femininas.

    Novas narrativas para velhos temas em The Buccaneers

    Ao modernizar sua narrativa e evidenciar o desejo feminino, The Buccaneers segue a linha de outras produções do gênero como Bridgerton, Emma (2020) e Persuasão (2022). Mas certamente vai um pouco além, isto porque o show explora lugares comuns às mulheres, sejam estes bons ou ruins. Um deles, é o uso da vergonha imposta pela sociedade em cima das mulheres para mantê-las na “linha”, o tema é tão bem trabalhado no show que causa indignação.

    Em meio a tantas imposições também salta aos olhos o quanto essas mulheres estão dispostas a lutarem pelas suas liberdades, ainda mais em um país ultra tradicionalista. Sendo assim, a série do Apple TV+ coloca em cheque questões culturais através de duas nações com padrões totalmente diferentes. 

    CRÍTICA - Aliança feminista sobrepõe o drama de época em The Buccaneers
    Créditos: Divulgação / AppleTV+

    O jeito chamativo e divertido das cinco amigas é quase como uma bomba no conservadorismo do Novo Mundo e traz ótimas reflexões sobre costumes e regras. Do mesmo modo, a frieza das relações britânicas cai como uma pedra para as personagens principais, que precisam tirar o melhor das situações para sobreviver em meio a tantos segredos.

    É claro que o romance faz parte da história, e Nan ainda precisa se decidir entre os dois pretendentes, mas rapazes pouco importam quando suas amigas precisam de ajuda. Se por um lado, The Buccaneers aposta em lindas paisagens românticas com castelos magníficos e músicas atuais, como Taylor Swift e Olivia Rodrigo, para cativar a atenção do público, por outro, busca ser fiel às suas personagens acima de falsas promessas no estilo “e viveram felizes para sempre”.

    Veredito

    The Buccaneers tem um ritmo acelerado, principalmente nos últimos episódios, criando soluções simples demais para alguns personagens, visto que o show é o tipo de produção que precisa de tempo para levar seus personagens ao clímax. 

    Ainda assim, sua trama funciona quando percebe-se que não é uma série de romance, ainda que nunca deixe esse tema de lado. Em vez disso, o show é um grande apelo a histórias femininas sobre amizades entre mulheres e o desejo de serem livres em qualquer época.

    Nossa nota

    4,0 / 5,0

    Assista ao trailer:

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