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    CRÍTICA – Disney tenta reviver sua própria magia em Wish

    Um dos maiores estúdios de cinema no mundo, a Walt Disney Pictures acaba de completar 100 anos de história. Para celebrar a magia do seu legado, a empresa de Mickey Mouse e sua turma traz Wish: O Poder dos Desejos como seu grande lançamento.

    A produção animada foi lançada nos Estados Unidos em 22 de novembro e está prevista para chegar aos cinemas do Brasil em 4 de janeiro de 2024. Confira nossa análise sem spoilers após a sinopse oficial.

    Sinopse de Wish: O Poder dos Desejos

    Wish: O Poder dos Desejos, da Walt Disney Animation Studios, é uma comédia musical animada que nos apresenta ao reino mágico de Rosas, onde Asha, uma idealista perspicaz, faz um desejo tão poderoso que é atendido por uma força cósmica – uma pequena bola de energia ilimitada chamada Estrela.

    Juntas, Asha e Estrela enfrentam um inimigo poderoso- o Rei Magnífico, o governante de Rosas – para salvar a comunidade dela e provar que quando a vontade de um humano corajoso se conecta com a magia das estrelas, coisas maravilhosas podem acontecer.

    Análise

    Após tantas décadas no ramo das animações é inevitável não cair no mais do mesmo. Por isso, Wish: O Poder dos Desejos parecia ser o conto ideal para trazer de volta todo o encantamento criado pela companhia, mas grandes números musicais, animais falantes, um vilão icônico e uma protagonista determinada nem sempre garantem um sucesso da Disney. E o estúdio aprenderá isso da pior forma.

    Para entender por que Wish não é uma boa animação é necessário compreender o contexto atual da Disney: há uma grande quantidade de filmes animados no catálogo e um esgotamento visível de temas e discursos.

    Se antes falar sobre esperança, sonhos, desejos e magia tornava o estúdio um lugar de inúmeras possibilidades, agora o torna meio vazio. Talvez porque os tempos são outros, e princesas e castelos não fazem mais sentido quando temos verdadeiras animações trazendo inovação para o meio, como Super Mario Bros: O Filme e Homem-Aranha: Através do Aranhaverso.

    De certa maneira, Wish é uma ação desesperada do estúdio de reviver seu próprio significado e pegar o espectador por aquilo que a empresa sabe fazer de melhor, mas o filme realmente é uma reciclagem de tudo que funcionou até então na Disney.

    No reino mágico de Rosas, o Rei Magnífico (dublado por Chris Pine no original, e Raphael Rossatto na versão em português) governa com magia, todos os cidadãos entregam os desejos mais sinceros de seus corações para ele guardar e realizá-los quando o próprio bem entender.

    A heroína da vez Asha (Ariana DeBose no original, e Luci Salutes no dublado em português) faz uma entrevista com o Rei para tornar-se sua aprendiz, mas ao descobrir que o feiticeiro não planeja realizar o desejos de todos da vila, Asha percebe o quão injusta é a situação e se volta contra o monarca.

    Por um lado, Wish não é uma história genérica, pois há propósitos bem estabelecidos no filme que realmente cativam o público. O Rei Magnífico é um ótimo vilão, charmoso e bonito, em quem você quase acredita que, de fato, é benevolente, até que ele começa a mostrar sua verdadeira ganância por poder e controle.

    Wish: O Poder dos Desejos é a mais nova animação da Disney e está prevista para chegar aos cinemas brasileiros em 4 de janeiro de 2024.
    Créditos: Disney / Divulgação

    Por sua vez, Asha é sincera, valente e corajosa. Ela desafia o Rei sem medo das consequências e, ao fazer um pedido para uma estrela, ela ganha uma… estrela. Um serzinho de luz que com certeza irá vender bonecos e que se soma ao bode de estimação de três semanas de Asha, Valentino (Alan Tudyk no original, e Marcelo Adnet na dublagem brasileira). Com pouco conhecimento de magia, Asha enfrenta o Rei feiticeiro e faz o próprio povo se rebelar contra ele, para que todos tenham de volta os seus desejos.

    A história é potente e encantadora, mas Wish peca por ser escasso. Coescrito por Jennifer Lee e Allison Moore, e codirigido por Chris Buck e Fawn Veerasunthorn (também responsáveis por Frozen) o filme não entrega entusiasmo.

    O design da animação mistura estilos diferentes com fundos pintados em perspectiva 2D para lembrar livros de histórias infantis, enquanto os personagens aparecem em 3D e acabam por se destacar da tela, como se quisessem fugir do cenário fantasioso. É um conjunto que particularmente não me agrada, uma vez que as técnicas 2D são muito mais emblemáticas, e combinam pouco com a Disney atual.

    Revelando as peculiaridades da animação, chega-se às músicas escritas por Julia Michaels e Benjamin Rice. Por mais que tente emular sucessos anteriores, Wish não carrega nenhum “Livre Estou” ou “Não falamos do Bruno”, canções que viralizaram na internet e no mundo afora. Ainda assim, as músicas “Um Desejo Só” e “Quem Vai Me Agradecer” criam ótimos refrões que grudam na cabeça, a primeira lembrando um pouco a atual conjuntura do estúdio, com protagonistas criando seu próprio destino; e a segunda fazendo referência a Disney antiga com elementos que lembram as músicas de vilão do Scar, em Rei Leão.

    Sendo assim, existe uma estratégia evidente por trás de Wish: trazer o que mais encanta o público enquanto referencia a si mesmo. Até parece ser a fórmula perfeita para criar mais um sucesso de estúdio, porém quando se eleva o padrão como a Disney fez nos últimos anos com Frozen e Encanto, é difícil para o público aceitar menos da metade.

    Veredito

    Infelizmente Wish: O Poder dos Desejos é um filme esquecível da Disney ao deixar de lado seu legado de originalidade para criar algo que já existe dentro do próprio estúdio. Talvez a animação faça sucesso com as crianças, mas para os adultos falta magia no filme que mais trata de magia.

    Nossa nota

    3,0 / 5,0

    Assista ao trailer:

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