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    CRÍTICA – Duna: Parte 2 emerge como um épico extraordinário da ficção científica

    Duna: Parte 2 chega aos cinemas no dia 29 de fevereiro. O longa é uma continuação direta do filme de 2021 que adapta a obra de Frank Herbert, e é novamente dirigido por Denis Villeneuve. Retornam neste filme os atores Timothée Chalamet, Zendaya, Javier Bardem, Rebecca Ferguson, Dave Bautista, Josh Brolin e Stellan Skarsgård.

    Além destes, Austin Butler, Florence Pugh, Christopher Walken, Anya Taylor-Joy e Léa Seydoux completam o time de estrelas.

    Confira a nossa crítica da produção.

    Sinopse de Duna: Parte 2

    Diante da difícil escolha entre o amor de sua vida e o destino do universo conhecido, Paul Atreides (Timothée Chalamet), agora ao lado de Chani (Zendaya) e dos Fremen, dará tudo de si para evitar o futuro terrível que só ele pode prever.

    Análise

    Apenas o tempo poderá determinar se este segundo capítulo da saga, dirigido por Denis Villeneuve, conquistará o status de clássico cinematográfico. Contudo, é inegável que o filme já nasce aclamado e reverenciado.

    A envolvente história de Paul Atreides, filho de um duque que, junto com sua mãe, torna-se um fugitivo após a morte do pai em um planeta desconhecido, cativa por si só. Essa narrativa é ainda mais potencializada por um visual singular e deslumbrante, sustentado por uma trilha sonora impactante, resultando em uma obra fascinante que certamente deixará uma marca duradoura na memória coletiva de uma geração.

    No primeiro filme, o diretor prepara o terreno de Arrakis para aqueles não familiarizados com a obra de Frank Herbert. Nesse contexto, ele apresenta um enredo envolvente que aborda temas como família, disputas, traições e descobrimentos.

    CRÍTICA - Duna: Parte 2 emerge como um épico extraordinário da ficção científica
    Créditos: Divulgação / Warner Bros. Pictures

    Em Duna: Parte 2, a narrativa aprofunda-se na condição do protagonista diante de diferentes situações que pretendem moldar seu futuro. O filme explora as nuances dos épicos, com romance, ação e aventura, mas vai além da superfície.

    Logo no início, Paul torna-se Muad’Dib, seu nome de guerra, um recém-iniciado na doutrina fremen que precisa aprender os costumes da tribo para sobreviver ao deserto, enquanto a vingança impulsiona suas ações.

    Ao mesmo tempo, ele é Usul, a base do pilar, Lisan Al-Gaib, a lenda messiânica dos fremen, ou Kwisatz Haderach, a versão masculina de uma Bene Gesserit com grandes poderes mentais.

    É significativo que Paul seja tudo que os outros esperavam dele e muito pouco do que de fato dele deveria ser. Nesse sentido, o filme parte de algo pessoal e intimista de Paul, a dor da perda, e a amplifica para transformá-la em um chamariz para uma guerra santa.

    Embora a luta seja pela liberdade dos fremen, Paul é um duque de uma Casa Maior, evidenciando o “toque” do salvador branco na obra. A própria escalação de Timothée Chalamet para o papel parece confabular com essa descrença. Em Duna 2, o ator parece mais franzino, mas encarna de forma notável o personagem.

    Créditos: Divulgação / Warner Bros. Pictures

    Enquanto alguns, os mais fanáticos como Stilgar, interpretado por um Javier Bardem acalorado, veem em Paul a capacidade de salvar Arrakis e a tribo; Chani, interpretada por Zendaya, representa o sentimento da dúvida.

    Para ela, Paul não é a figura de um messias, e as falsas promessas apenas os aprisionam ainda mais. A jovem se vê como uma igual a Paul, sem abdicar de suas crenças e convicções por amor.

    Duna: Parte 2 é muito mais sobre um jogo de interesses entre os personagens do que discursos inflamados, o que evidencia a pretensão de tornar o filme mais político do que messiânico, ainda que esse tema rodeie o longa. Dessa forma, o diretor escolhe por transcender visualmente as expectativas de quem esperava uma maior similaridade narrativa com o livro.

    Jessica (Rebecca Ferguson), agora uma Reverenda Madre após beber a Água da Vida, observa em seu filho a chave para o Império, sugerindo que ele também tome o veneno que o guiará.

    A dinâmica entre mãe e filho é menos explorada do que no primeiro filme, prejudicando um pouco as motivações do personagem principal. Alia, a filha de Jessica que no longa nem chega a nascer, também é prejudicada pela adaptação.

    Créditos: Divulgação / Warner Bros. Pictures

    Do outro lado, diferente do livro, os Harkonnen e o Imperador ganham mais espaço na narrativa em Duna: Parte 2. Villeneuve cria uma estética própria para essa Casa, que destoa da ensolarada e alaranjada Arrakis.

    Em um tom cinza e mármore, o diretor dá liberdade para Austin Butler criar o seu próprio Feyd-Rautha, um vilão temível e sádico que se não fosse sua impetuosidade poderia ser o predestinado no lugar de Paul. Já a apresentação da Princesa Irulan (Florence Pugh) é bem mais aproveitada com a personagem crescendo em relevância desde sua primeira aparição.

    Fotografia é um show a parte; Duna em camadas

    Denis Villeneuve sabia que estava lidando com um material lendário em termos de adaptação cinematográfica. Junto com o diretor de fotografia Greig Fraser, cria uma atmosfera para Arrakis que se destaca no cinema.

    Planos extensos em cenas longas mostram a vastidão do planeta de areia, proporcionando uma dimensão ao mundo desconhecido que se torna o cenário de uma guerra. Cenas fantásticas de explosões em grandes máquinas, lutas em dunas e ataques na tempestade criam um sentimento de entusiasmo no espectador.

    A trilha sonora de Hans Zimmer contribui para a profundidade de Duna: Parte 2. Os momentos em que Paul discursa para as massas ou desafia seus julgadores são acompanhados por batidas que ecoam em nossos pensamentos mais profundos e nos deixam maravilhados.

    Créditos: Divulgação / Warner Bros. Pictures

    Duna é um espetáculo audiovisual, mas é notável que Villeneuve não explora totalmente a potência da fantasia presente na obra de Frank Herbert. Enquanto as cenas de guerra se destacam, é um tanto frustrante que o filme não mergulhe mais profundamente no significado da especiaria e em seu poder sobre quem a consome e no império como um todo.

    Em um filme que aborda temas polêmicos como fanatismo religioso, há um certo receio em buscar interpretações mais sensoriais e psíquicas para os poderes de Paul e Jessica, mesmo que seja por meio da obra original.

    Veredito

    Duna: Parte 2 é um dos filmes mais ousados dos últimos tempos, sendo visualmente deslumbrante e narrativamente intenso. Denis Villeneuve cria um verdadeiro épico da ficção científica com uma linguagem cinematográfica única, repleta de simbolismos e contemplação.

    Nossa nota

    4,5 / 5,0

    Assista ao trailer:

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