É Solitário no Centro da Terra é um quadrinho escrito e desenhado pela autora britânica Zoe Thorogood. A obra foi publicada em abril de 2024 pela editora Conrad, possui capa cartão e conta com 192 páginas.
Sinopse
Indicada aos prêmios Eisner e Ringo, É Solitário no Centro da Terra é um olhar íntimo e metanarrativo sobre a vida de uma artista que precisa criar para sobreviver. A obra oferece uma representação pungente e original da luta de uma jovem mulher com sua saúde mental – abordando os altos e baixos da ansiedade, da depressão e da síndrome do impostor – enquanto ela constrói uma carreira promissora na arte sequencial e se descobre ao longo do caminho. É Solitário no Centro da Terra é uma graphic novel autobiográfica de Zoe Thorogood, autora também de A Cegueira Iminente de Billie Scott.
Análise de É Solitário no Centro da Terra
Qualquer pessoa que enfrente um problema psiquiátrico precisa superar diversos obstáculos em momentos de grande dificuldade, especialmente quando se trata de depressão, que pode afetar pessoas de todas as idades.
Em É Solitário no Centro da Terra, a quadrinista britânica Zoe Thorogood transforma sua luta contra a depressão em arte, de uma forma intimista e criativa. Na obra, acompanhamos os seis meses de sua vida enfrentando a depressão, questões familiares e problemas no relacionamento amoroso durante a pandemia.
A forma como a autora lida com sua depressão é crua e autêntica, sem tratar o problema de maneira estereotipada. Embora a obra seja pesada, ela também traz um humor ácido tipicamente inglês, o que pode não ser tão engraçado para leitores mais casuais.
Outro aspecto interessante da obra é que Zoe não se limita a tratar apenas de seus próprios problemas, mas também explora as dificuldades familiares, especialmente a relação com sua mãe, que sofria de depressão antes do nascimento da filha. A questão da depressão parece ser hereditária, e Zoe revela isso de forma sensível, o que confere uma profundidade extra à narrativa.
Esses momentos íntimos tornam a obra ainda mais especial, especialmente para leitores que, assim como eu, podem se identificar com algumas das experiências de vida de Zoe. Não digo isso apenas pela questão da depressão, mas também pelo lado “nerd” e autodepreciativo da autora, que ressoam com minhas próprias características.
Mesmo sendo uma HQ tão intimista e focada na saúde mental, a obra não é isenta de momentos engraçados e, em outros, bastante tristes. Além disso, a arte é simplesmente fantástica, variando de estilos conforme o estado emocional de Zoe em determinados momentos de sua vida. Em certos momentos, a HQ adota um traço mais realista, enquanto em outros, o estilo cartunesco predomina, com uma referência direta ao mangá Boa Noite, Punpun para representar a depressão.
Outro ponto relevante é que, apesar de tratar da depressão, a autora também compartilha seu amor pelos quadrinhos de maneira franca. Desde sua insegurança ao encarar seus fãs em uma Comic Con até os desafios de seu processo criativo, a obra oferece uma visão honesta e pessoal sobre sua jornada como artista.
Em suma, É Solitário no Centro da Terra desenvolve de maneira única a vivência de uma pessoa com depressão. Embora a obra seja crua, ela é excepcional, e, como menciona a própria autora na primeira página, eu não recomendaria a leitura para alguém que esteja passando por uma situação semelhante à dela. É importante ler o quadrinho em um bom estado de espírito, pois o enredo pode acionar gatilhos emocionais.
Veredito
É Solitário no Centro da Terra é uma obra intimista que não esconde a realidade de pessoas com a saúde mental fragilizada, mas que também desenvolve uma narrativa engraçada e sombria sobre as pessoas assoladas pela depressão.
5.0/5.0
Autora: Zoe Thorogood
Editora: Conrad
Páginas: 192
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