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    CRÍTICA – Fúria Primitiva extrapola a ação no submundo indiano

    Fúria Primitiva (Monkey Man) é o primeiro longa metragem dirigido e co-roterizado por Dev Patel, que também estrela o filme. Além dele, compõem o elenco Sikandar Kher, Adithi Kalkunte e Makarand Deshpande. Jordan Peele faz parte da produção.

    Confira nossa crítica sem spoilers do filme.

    Sinopse de Fúria Primitiva

    Um jovem indiano inicia uma jornada de vingança contra os líderes corruptos que assassinaram a sua mãe e continuam a vitimar sistematicamente os mais pobres.

    Análise

    John Wick não inventou o gênero de ação, mas é inegável que a franquia elevou o patamar do gênero, tornando o assassino de terno preto uma referência para seus sucessores.

    É exatamente isso que acontece em Fúria Primitiva, o primeiro filme dirigido e co-roteirizado por sua estrela, Dev Patel. Acima de tudo, é um longa que honra suas origens, indo além da pancadaria protagonizada por Keanu Reeves. Podemos citar Busca Implacável com Liam Neeson e até mesmo os filmes de artes marciais com Bruce Lee como parte da base de inspiração para o filme de Patel.

    Além das tensas cenas de combate e do sangue em tela, o que esses filmes apresentam em comum é seu tema principal: um homem sozinho buscando vingança. Como quase um subgênero, é a partir desse sentimento de ódio reprimido que, em Fúria Primitiva, Patel consegue transmitir a selvageria e a brutalidade do submundo indiano de uma forma que ao mesmo tempo que fascina, também assusta.

    Não só temos um homem tentando vingar a morte de sua mãe, mas o filme também se dedica a expor uma sociedade marcada pela desigualdade social, onde falsos messias, governos omissos e policiais corruptos estão por toda parte.

    Kid (Dev Patel) é um jovem que ganha a vida participando como lutador em combates clandestinos sob o codinome “Monkey Man”. Enquanto isso, ele planeja matar Rana (Sikandar Kher), um policial corrupto que assassinou sua mãe, Neela (Adithi Kalkunte), quando ele ainda era criança.

    Para isso, ele se infiltra no mundo obscuro de Yatana, uma cidade fictícia que se assemelha a Mumbai. A premissa é simples, mas Patel coloca ainda mais carga em seu filme ao trazer para o debate o perigo de figuras messiânicas através de um autoproclamado guru chamado Baba Shakti (Makarand Deshpande).

    CRÍTICA - Fúria Primitiva extrapola a ação no submundo indiano
    Créditos: Divulgação / Diamonds Films

    O interessante é que, em um primeiro momento, Fúria Primitiva é apenas um filme sobre a mais pura e sanguinolenta vingança, mas após Kid encontrar pessoas que estão ainda mais à margem da sociedade e que, ainda assim, o acolhem, o longa passa a ser sobre redenção e autoconhecimento.

    Dessa forma, o longa apresenta algumas de suas metáforas: para se encontrar, Kid precisou se perder. Além disso, Patel também faz questão de incluir no universo do seu filme a mitologia hindu com referencias a divindade Hanuman, o deus-macaco.

    Se por um lado, podemos achar que Fúria Primitiva está se levando a sério demais com temas sobre religião, corrupção e desigualdade em um filme que tem em seu centro um jovem espancando caras malvados com as próprias mãos, por outro, faz todo sentido que esses assuntos façam parte de um longa que reflete a parte mais pobre da Índia. Querendo ou não, Patel constrói um filme mais profundo e prevalente que John Wick por justamente partir de um lugar onde a violência infelizmente se encaixa.

    O aspecto neon e soturno do filme, com a maioria das cenas ocorrendo à noite ou em bares e lugares fechados, cria uma identidade própria para Fúria Primitiva. Da mesma forma, a direção disruptiva, com momentos de quebra de expectativa — Kid tenta saltar de uma janela, mas ela simplesmente não quebra —, mostram que Patel pensou além para seu filme de ação. Há uma inovação técnica que certamente pode ser confundida com inexperiência, mas que nunca deixa de ser empolgante.

    Veredito

    É em suas sequências frenéticas que Fúria Primitiva garante seu status no mundo dos filmes de ação, mas também é a partir de sua história intensa e até um tanto sombria que o filme cresce em perspectiva. Dev Patel brilha tanto em atuação quanto em sua direção criativa e disruptiva.

    Nossa nota

    4,0 / 5,0

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