Os Banshees de Inisherin é novo filme do diretor Martin McDonagh. Com 9 indicações ao Oscar 2023, incluindo Melhor Filme, a produção traz em seu elenco principal os atores Colin Farrell, Barry Keoghan, Brendan Gleeson e Kerry Condon.
O longa estará disponível nos cinemas de todo o Brasil a partir do dia 2 de fevereiro. Confira nossa crítica sem spoilers de Os Banshees de Inisherin.
Sinopse de Os Banshees de Inisherin
Dois amigos de longa data encontram-se em um impasse quando um deles decide abruptamente terminar sua amizade, com consequências alarmantes para ambos.
Análise
Martin McDonagh retorna à temporada de premiações com um título irreverente e inusitado. Se em Três Anúncios para Um Crime (2017) ele dividiu público e crítica, em Os Banshees de Inisherin o diretor parece ter encontrado a receita perfeita entre o humor e o absurdo, se tornando uma das unanimidades entre as indicações ao Oscar deste ano.
Em sua nova história acompanhamos o personagem Pádraic (Colin Farrell), um homem não tão inteligente, mas simpático, que possui uma vida extremamente comum. Ele vive numa ilha remota na costa oeste da Irlanda e sua rotina se concentra em acordar, alimentar os animais e encontrar seu amigo Colm (Brendan Gleeson), para que às 14 horas eles estejam bebendo no bar local.
Entretanto, em um desses dias, Colm não parece interessado na companhia de seu amigo de longa data. Sem entender o motivo do afastamento, Pádraic se vê preso em um término de relacionamento doloroso, enfrentando uma angústia que modifica sua forma de agir, e ser, para sempre.
O filme de McDonagh desenvolve, a partir desse impasse, uma série de acontecimentos que transitam entre o luto e a completa indignação. As situações vão se tornando cada vez mais insanas e surpreendentes, conduzindo o espectador por decisões que beiram o nonsense.
O que mais chama a atenção em Os Banshees de Inisherin são os diálogos afiados, executados com excelência pelo elenco principal. Além de Farrell e Gleeson, Barry Keoghan e Kerry Condon também possuem grande destaque na trama, com personagens igualmente profundos. Há espaço para que todos brilhem em arcos específicos, e suas histórias fortalecem bastante o resultado final da produção.
O roteiro, repleto de piadas inteligentes, faz de Pádraic e Colm personagens detestáveis e, ao mesmo tempo, divertidos. A relação tóxica entre os amigos, e o desfecho de suas jornadas no encerramento da trama, contrastam o tempo todo com o contexto da guerra civil do país, criando uma ligação inteligente e efetiva.
Há também um grande cuidado com o design de produção e a construção dessa ilha, que em vários momentos também é um personagem importante (tal qual Jenny, a pônei de Pádraic). Por mais que não exista uma grande quantidade de locações retratadas ao longo dos 104 minutos de duração, as áreas que são repetidamente mostradas em tela criam uma sensação de proximidade com a rotina vazia e aparentemente sem futuro de Pádraic.
Os Banshees de Inisherin é, também, repleto de qualidades em sua parte técnica. Seja pela ótima cinematografia de Ben Davis, que explora de forma efetiva as paisagens de Inishmore e dá a ela um ar de antiguidade (o filme se passa em 1923); ou pelos figurinos criados por Eimer Ní Mhaoldomhnaigh.
Em seu todo, Os Banshees de Inisherin evidencia as marcas registradas de McDonagh: uma trama que cresce gradualmente, levando a eventos anárquicos insanos e inesperados. Se antes a jornada de Pádraic até o bar local era segura e feliz, toda a sua existência se torna algo insuportável apenas por uma mudança, e essa exploração é muito bem executada pelo diretor.
Veredito
Os Banshees de Inisherin é uma história tragicômica recheada de boas atuações e acontecimentos improváveis. Com uma ótima condução de Martin McDonagh, a produção tem tudo para ser um dos grandes destaques quando relembrarmos a edição do Oscar de 2023 daqui uns anos.
4,5 / 5,0
Assista ao trailer:
