More

    CRÍTICA – Atuações impecáveis são os destaques em Eu, Capitão

    Ganhador de diversos prêmios no Festival de Veneza deste ano, Eu, Capitão é o representante da Itália na categoria de Melhor Filme Internacional do Oscar 2024. Dirigido por Matteo Garrone e protagonizado pelos jovens Seydou Sarr e Moustapha Fall, o longa chega aos cinemas de todo o Brasil no dia 29 de fevereiro.

    Confira nossa crítica sem spoilers da produção.

    Sinopse de Eu, Capitão

    Seydou (Seydou Sarr) e Moussa (Moustapha Fall) são dois adolescentes senegaleses que partem de Dakar rumo à Europa, em uma odisseia contemporânea, superando uma série de obstáculos. Essa grande aventura nos conduz pelos perigos do deserto e do mar, pelas ambiguidades e pelas contradições do ser humano, na qual os sonhos, esperanças e ambições dos personagens principais se transformam em luta por sobrevivência.

    Análise

    Drama representante da Itália na categoria de Melhor Filme Internacional, Eu, Capitão apresenta a história de dois meninos que vivem em Dakar, no Senegal, e sonham em ser cantores famosos. Para isso, Seydou e seu primo Moussa acreditam que podem fazer uma travessia difícil pelo deserto até a Líbia para, a partir de lá, chegarem ao continente europeu e realizarem o seu grande sonho.

    O grande ponto é que os dois jovens têm apenas 16 anos e são extremamente ingênuos. Eles não sabem nada do mundo e o pouco que conhecem sobre a Europa está nos vídeos assistidos nas redes sociais. Essa jornada dos meninos leva o espectador a momentos de tensão, presenciando graficamente todo o sofrimento vivido por eles ao longo da travessia.

    Mesmo sendo muito bem executado, Eu, Capitão falha em aprofundar temas importantes que são apenas pincelados ao longo da produção. Digo isso porque toda a jornada desses garotos possui um motivo para existir, uma influência que os levou a sonhar com esse “mundo melhor”, mas a produção não se aprofunda nesse contexto.

    Desta forma, ao longo dos 130 minutos de duração, acompanhamos Seydou e Moussa passando pelas mais horríveis situações sem que a produção busque complementar, seja ao longo da viagem de ônibus ou nos momentos de confidência, esse desenvolvimento dos personagens.

    CRÍTICA - Atuações impecáveis são o destaque em Eu, Capitão
    Créditos: Divulgação / Pandora Filmes

    O aprendizado por meio do sofrimento fica evidente, mas a construção e desenvolvimento dos personagens acaba se limitando apenas a essas experiências. Isso não quer dizer que a história não atenda ao seu propósito, que é evidenciar o sofrimento que milhões de imigrantes passam todos os dias, mas havia espaço para algo a mais.

    Como os protagonistas são duas crianças e as cenas são, inúmeras vezes, bem gráficas, a história é extremamente triste e esse resultado é potencializado pelo excelente trabalho do elenco principal, que merece muitos reconhecimentos por sua excelente atuação.

    Apesar de Moustapha Fall ser muito importante, é nos ombros de Seydou Sarr que recaem os momentos mais emocionantes da trama. O diretor, vendo todo o potencial do protagonista, conduz Seydou por cenas brilhantes que evidenciam o talento do menino. A direção de Garrone, inclusive, é bem sólida, criando diversos bons momentos ao longo do filme.

    Créditos: Divulgação / Pandora Filmes

    Algumas cenas são visualmente muito bem construídas. A jornada no deserto possui um pequeno momento que transcende a constante tristeza daquela odisseia, entregando uma cena bonita e muito bem executada.

    Entretanto, o final é bem agridoce e passa a sensação de que a jornada se encerra no momento em que ela traria algo de esplêndido e especial.

    Veredito

    Apesar de ter uma trama simples e que evita se aprofundar em assuntos que deveriam ser mais presentes, Eu, Capitão possui uma boa direção e parte técnica. As atuações acabam sendo o grande destaque do filme, com Seydou Sarr marcando o seu nome como uma grande revelação do cinema.

    Nossa nota

    3,8 / 5,0

    Assista ao trailer

    spot_img

    Artigos relacionados