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    REVIEW – Jogo brasileiro Lia: Hacking Destiny é a porta de entrada ideal para conhecer o gênero roguelite

    Lia: Hacking Destiny é o novo jogo brasileiro desenvolvido pela Orube Game Studio, famosa pelo título Super Mombo Quest e pelo carismático mascote Mombo. O título estilo roguelite 2D em pixel art foi lançado pela empresa em parceria com a também brasileira GoGo Games Interactive no dia 13 de novembro para PC, Nintendo Switch, Nintendo Switch 2, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S, Android e iOS.

    Nessa aventura controlamos Lia, uma jovem na Terra pós-apocalíptica dominada por máquinas, onde os humanos que sobraram agora precisam lutar para sobreviver enquanto são caçados por patrulhas robóticas opressoras controladas pela gananciosa empresa MegaCorp.

    Esta análise reflete a minha experiência jogando Lia: Hacking Destiny no PC.

    O jogo começa com um breve tutorial para apresentar os comandos básicos, que são poucos e bem simples de aprender. A experiência nessa parte é idêntica aos primeiros passos dados no ótimo Super Mombo Quest, com os ambientes e as janelas de instruções seguindo exatamente a cartilha do que a Orube fez no seu clássico.

    Esse primeiro contato já mostra que boas referências e easter eggs darão o tom da jornada que, embora pós-apocalíptica, também reserva interações divertidas entre os personagens. Por falar nisso, é louvável o trabalho da Orube e da GoGo Games de localizar para diversos idiomas e ainda trazer o game dublado em português do Brasil. Um belo trabalho de dublagem, inclusive!

    Recentemente o mercado gamer viu a Game Freak e a The Pokémon Company novamente sendo alvo de críticas envolvendo localização, mas agora sofrendo uma pressão ainda maior porque Pokémon Legends: Z-A foi um jogo com bastante foco narrativo e muitas cutscenes com diálogos que, como já é tradição na franquia, não foram dublados. A presença constante das conversações tornou a experiência maçante, sendo um dos principais pontos negativos apontados na nossa análise aqui, bem como na maioria dos reviews especializados e na opinião generalizada dos fãs.

    Ter um jogo como Lia: Hacking Destiny já na sequência sendo dublado mostra que a dublagem faz uma grande diferença mesmo em jogos com escopos menores do que um título AAA como um game da série principal de Pokémon. Não seria demérito se nenhum dos personagens desse roguelite falassem, até porque a trilha sonora também é excelente e ambienta muito bem a jornada, mas a experiência é bem mais gratificante ao contar com a atuação de pessoas dando voz à protagonista e aos NPCs.

    E ainda sobre as referências, a principal é a presença do Mombo em anúncios que simulam spam e também como fantasia de alguns gatinhos que precisam ser salvos. As propagandas também estão cheias de humor, como as dos filmes fictícios Rambot (que satiriza o Rambo) e Droney & Me (paródia de Marley & Eu, estrelado por Ow3n Windon e J3nn1f3r Anisbot), ambos disponíveis para assistir na Botflix. Puro suco do Brasil!

    Gameplay intensa, mas nem sempre desafiadora

    A gameplay é competente e sólida, oferecendo uma boa quantidade armas e power-ups para criar builds bem interessantes e efetivas. São dois tipos de ataques: um corpo a corpo com itens como katana e sabre de luz, outro com armas de longa distância como pistolas e bazucas.

    Cada arma possui variações que vão de comum à lendária. Quanto maior a classificação do item, melhores serão os atributos. A personagem Lia também possui suas próprias características que melhoram o poder de fogo dos armamentos, pois a cada nível que a protagonista ganha ela recebe pontos de atributos para que você distribua entre elementos como vida, ataque físico, ataque a distância, velocidade de movimento e velocidade de carregamento das armas.

    Lia: Hacking Destiny possui quatro fases (complexos) jogáveis e mais uma que é direto o confronto contra o chefe final. Cada área possui uma ambientação diferente e inimigos de acordo com a temática, mas todas seguem uma estrutura bem similar com câmeras e cerca de cinco tipos de adversários.

    É preciso evitar que Lia fique no campo de visão das câmeras, pois caso contrário o nível de alerta sobe até que a barra chegue a 100%. Quando isso acontece, o nível geral se eleva e impõe dificuldades, como ativação de armadilhas, aparição de mais inimigos e a introdução de uma sentinela malvada que te persegue.

    A construção das quatro fases são parecidas, com cerca de 30 áreas exploráveis que mudam de ordem a cada run. Entre os ambientes há salas para obter algo após derrotar todos os inimigos e também locais sem adversários que permitem transportar itens obtidos de volta ao vilarejo que funciona como lobby do jogo, resolver o CAPTCHA divertido para reduzir o nível de alerta, e também enfrentar uma horda de inimigos para resgatar gatinhos e ganhar um bom dinheiro.

    O CAPTCHA de Lia: Hacking Destiny é sensacional. O recurso de prevenção de spam pensado para o jogo envolve escolher corretamente fotos de cachorros que parecem bolinhos e bolinhos de verdade, ou corujas que parecem maçãs e maçãs de verdade, entre outras variáveis engraçadas. Tudo isso sem que o tempo acabe, pois se acabar, o sistema vai saber que você é humano e não robô, mantendo o alerta no nível que estiver.

    CAPTCHAs do novo jogo da Orube Game Studio, criadora de Super Mombo Quest, traz o bom humor típico do Brasil
    Responda rápido: bolinho ou doguinho? | Créditos: Emerald Corp

    Essa dinâmica é um ponto em que o jogo evidencia que se trata de uma experiência mais fácil no gênero roguelike de ação, e por isso descrevê-lo como roguelite é mais apropriado. Digo isso porque, se você não conseguisse resolver todo o CAPTCHA a tempo, o fato do sistema saber que você não é um robô poderia aumentar o nível de alerta, mas a escolha foi por mantê-lo da maneira que estiver quando o desafio for iniciado.

    A respeito das demais salas em que devemos derrotar todos os inimigos para receber alguma recompensa, a gameplay envolve abrir baús para receber dinheiro, bugigangas (power-ups que podem ser equipados no lobby) e armas (uma corpo a corpo ou uma de longa distância).

    Conforme você avança na jornada, o jogo acrescenta novas facilidades como a possibilidade de se teletransportar entre salas por onde já passou e derrotou adversários (se for o caso). Também permite habilitar melhorias nos complexos usando pequenos chips coletados em cada fase, como por exemplo incluir mais ambientes para pegar armas, mais CAPTCHAs e liberar o mapa de um complexo onde você já derrotou o chefe – esse último inclusive é bem útil para agilizar a run rumo ao ambiente que você ainda não chegou ao fim.

    Eu adoro roguelite e roguelike, mas confesso que estou longe de ser pro player. Minha experiência com Lia: Hacking Destiny foi mais desafiadora no começo, quando passei um pouco de dificuldade para vencer especialmente os dois primeiros complexos. Depois mais familiarizado com as builds, e tendo focado em transportar com frequência meus itens para não perdê-los ao morrer nos complexos, tive uma reta final bem mais tranquila.

    Isso me faz crer que o jogo é realmente convidativo para quem gosta de ação, mas não gosta de passar dificuldade, ou também aprecia games relativamente curtos. Terminei Lia: Hacking Destiny em aproximadamente 8h30min, sendo que o último complexo e o chefe final venci de primeira.

    Para quem espera boas doses de desafio, talvez a experiência desafiadora vá ter que ser um tanto manual, sem habilitar power-ups na sua build nem melhorias nos complexos, contando apenas com os pontos de atributos melhorados a cada subida de nível e com as armas que vierem ao longo de cada run.

    Não considero negativa a reta final com menos desafios, mas confesso que ao ver que os inimigos de cada complexo se tornavam mais difíceis e as câmeras demoravam mais para serem destruídas a ponto de exigir um pouco mais de estratégia na montagem da build, acreditava que os chefes também seguiriam a mesma lógica, com o chefe final de repente apresentando uma dinâmica diferente dos demais, mas no fim a maneira como cheguei na última fase foi suficiente para conhecê-la e terminá-la de uma só vez.

    Veredito

    Frenético, mas não tão desafiador, Lia: Hacking Destiny pode ser a porta de entrada ideal para quem ainda não conhece a indústria brasileira de jogos indie e uma ótima primeira experiência no gênero roguelite. O game diverte com bastante ação, diversidade de armas e builds, e ainda conta com um belo trabalho de dublagem e trilha sonora original.

    Nossa nota

    4,3 / 5,0

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    Assista ao trailer:

    Ficha técnica de Lia: Hacking Destiny

    Lançamento: 13 de novembro de 2025

    Desenvolvido por: Orube Game Studio

    Publicado por: Orube Game Studio e GoGo Games Interactive

    Plataformas: PC (via Steam), Nintendo Switch, Nintendo Switch 2, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S, Android e iOS

    Número de jogadores: 1

    Gêneros: Plataforma 2D, Roguelike de Ação, Roguelite, RPG

    Idiomas: Português (Brasil e Portugal), Inglês, Francês, Italiano, Alemão, Espanhol (América Latina e Espanha), Japonês, Chinês simplificado, Chinês tradicional

    Preços: R$ 19,90 (Android), R$ 24,90 (iOS), R$ 48,45 (Xbox), R$ 49,99 (PC e Nintendo Switch) e R$ 68,50 (PlayStation)

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