Dramas de época são sempre um sucesso, ainda mais se a história partir da visão de cinco jovens forasteiras em um novo mundo completamente diferente. Foi essa premissa que fez da primeira temporada de Os Bucaneiros um diamante brilhante em meio às séries da atualidade. Certamente não é uma série fenômeno, mas é honesta e ousada na medida certa.
Para a segunda temporada, que estreou no Apple TV+ dia 18 de junho, a produção aposta em uma trama mais madura. Longe de apenas procurar por maridos na Inglaterra, as norte-americanas precisam lidar com questões mais urgentes e desafiadoras.
O novo ano de Os Bucaneiros começa com Nan (Kristine Froseth) se tornando a Duquesa de Tintagel e casada com Theo (Guy Remmers). Mesmo com dúvidas, ela está determinada a fazer o casamento funcionar. Sua irmã Jinny (Imogen Waterhouse) fugiu da Inglaterra para escapar de seu marido abusivo. Para ajudá-la, Guy (Matthew Broome), o outro interesse romântico de Nan, foi junto, a pedido de sua amada.
Já Conchita (Alisha Boe) e Richard (Josh Dylan) iniciam um negócio para lucrar com casamentos e debutantes na alta sociedade, em busca de se recuperar da sua condição financeira abalada. Lizzy (Aubri Ibrag) tem a chance de se apaixonar, e Mabel (Josie Totah) e Honoria (Mia Threapleton) estão mais investidas em sua relação amorosa.
Se na primeira temporada, as garotas estavam em uma espécie de “nós contra o mundo” e tinham momentos verdadeiramente genuínos juntas, agora a trama parece cada vez mais as afastar. Ainda mais quando segredos e traições viram obstáculos para que elas possam desabafar ou conversar uma com as outras.
É uma escolha equilibrada da produção, mas um tanto dolorosa. A relação entre as jovens protagonistas é um dos pontos fortes da primeira temporada, e deixar isso de lado para criar arcos que, quando mal começam, já terminam, parece uma tentativa forçada de amadurecer a série.
São raros os momentos em que as vemos juntas, limitadas a bailes, festas no jardim e eventos sociais supérfluos. E nem todas estão por perto, pois Jinny e Guy acabam ficando confinados na Itália, como se estivessem vivendo outro show.
Agora, a maioria delas também parece se encaixar facilmente na sociedade europeia, o que parece demasiadamente rápido. Se a série tivesse trabalhado mais nesse sentimento, talvez teríamos mais momentos delas unidas.
Dito isso, toda a trama ainda é cativante. Desde os romances até as dúvidas internas sobre suas próprias ações, tudo faz com que a série ainda seja calorosa. E ajuda muito que o elenco continue sólido.
Froseth cria uma Nan mais corajosa, capaz de passar por cima de suas incertezas para trilhar um caminho em que as mulheres se sintam mais seguras em seus próprios lares. Já Ibrag tem a chance de dar mais profundidade a Lizzy, uma personagem que merecia mais destaque.
É fato que a segunda temporada de Os Bucaneiros poderia espaçar melhor suas tramas, para que o público pudesse realmente absorver tudo o que acontece. Mas, à medida que os oito episódios avançam, fica mais evidente que essa não é mais uma série sobre garotas a procura de maridos, mas como essas jovens mulheres estão em busca do seu lugar no mundo enquanto lidam com uma sociedade extremamente patriarcal e arcaica.
Por isso, continua sendo uma série que surpreende. Mesmo dividindo a mesma época com títulos famosos como Bridgerton, The Crown e Downton Abbey, consegue se destacar, para o bem e para o mal, como algo completamente diferente.
Veredito
A segunda temporada de Os Bucaneiros coloca as cinco jovens americanas no antro da alta sociedade europeia. Agora não mais “estranhas” aos olhos curiosos, Nan e suas amigas tentam estabelecer suas relações com aqueles que as cercam, enquanto tristemente vão se distanciando uma das outras com segredos e mentiras. É como se a série tivesse pressa em amadurecer e tropeçasse no caminho. O que prejudica alguns arcos, mas também nos leva para outro tipo de história.
3,8 / 5,0
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