Ruff Ghanor é um jogo indie brasileiro baseado no universo de RPG do Jovem Nerd e desenvolvido DX Gameworks. O game foi lançado neste dia 22 de fevereiro para PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series X | S numa parceria entre a desenvolvedora e as publicadoras Magalu Games e Nonsense Creations.
O título de estreia do Jovem Nerd no mundo dos games ainda será lançado para Nintendo Switch em data a ser divulgada. Confira nosso review de Ruff Ghanor jogado no PC.
Análise de Ruff Ghanor
Não é pretensão nenhuma falar que Ruff Ghanor é um jogo feito com amor e comprometimento. A história sobre a ascensão de um garoto perdido para se tornar um paladino destinado a enfrentar um temível dragão e salvar seu reino pode até parecer comum, mas guarda uma incrível grandiosidade, revelando-se como uma jornada épica repleta de heroísmo e desafios inesquecíveis.
O game se baseia no universo do Nerdcast RPG criado pelo Jovem Nerd, e que depois ganhou profundidade nos livros de Leonel Caldela. Para os fãs que acompanharam as peripécias do grupo de heróis no mundo de Ghanor há 13 anos, a realização do jogo significa o verdadeiro “nerd power”. Não à toa Ruff Ghanor é um título com elementos de RPG e roguelite, mas que concentra sua jogabilidade principalmente no estilo deck builder.
O jogo possui três tipos de ação: existem os encontros narrativos, de exploração e de combate. O primeiro e o segundo servem para desenvolver a história de Ruff e seus amigos; porém, o mais importante desses diálogos e ações é a possibilidade de coletar novas cartas para o deck, aumentar a vida do personagem, ganhar relíquias e curar.
Visto que Ruff não se cura ao terminar uma batalha, em alguns casos acaba sendo cruel a forma como o jogador responde às interações. Em outras situações, a recompensa de Ruff dependerá da sorte, pois o jogo utiliza uma espécie de rolagem de dados para saber se o personagem se deu bem ou não em alguma situação.
Nesse sentido, um dos pontos que mais me chamou atenção nesses encontros são as penalidades para respostas duras demais ou uma rolagem ruim. Ruff adquire cartas de culpa, machucado e medo que podem minar seu deck em batalhas, fazendo com que uma simples interação coloque todo o seu progresso a perder.
Dessa maneira, Ruff Ghanor é um jogo extremamente ousado e desafiador. O jogador precisa ponderar suas escolhas e, ao mesmo tempo, criar estratégias que funcionam no campo de batalha, sendo uma gameplay voltada muito mais para a lógica.
Por consequência, os encontros de batalha são as partes mais divertidas do jogo. Ruff precisa enfrentar inimigos como lobos, lagartos, orcs e ladrões para proteger o monastério de São Arnaldo.
Para isso, além do deck que o jogador pode construir e modificar de acordo com suas estratégias ao longo da gameplay, o personagem também conta com pontos de milagres que lhe concedem uma força divina para fazer fortes ataques ou defesas. Em alguns combates, Ruff também pode ter aliados que o próprio jogador manuseia, sendo um reforço ideal contra fortes inimigos.
O jogo não impõe tempo de rodada, possibilitando que quem joga tenha espaço para pensar e analisar as melhores respostas aos adversários, o que também se assemelha em muitos aos card games de mesa, como Magic e Flash & Blood. Nesse estilo de jogo, a jogada ideal depende das cartas que o jogador tem em mãos e da sua capacidade de análise.
O mesmo acontece em Ruff Ghanor: as cartas trabalham a seu favor se você tiver compreensão de como usá-las e, para isso, irá precisar lê-las e relê-las. O que, para alguns, pode ser um fator ruim, mas acredito que é uma experiência gratificante conseguir criar ótimos combos depois de entender as cartas.
Deck Builder e Roguelite como nunca visto
No início do jogo, confesso que fiquei um pouco cismada com o sistema roguelite, pois nunca foi um dos meus favoritos, mas o sistema deck builder é algo que particularmente aprecio demais. Sendo assim, ao longo da gameplay, me surpreendi muito com a forma inventiva que o jogo cria para não se tornar maçante devido às constantes mortes do personagem.
Ruff Ghanor não é o tipo de jogo que penaliza o jogador por más escolhas. O desejo aqui é lembrar que é preciso se aprimorar para alcançar o sucesso, nem que isso primeiro leve a várias falhas.
A cada novo recomeço, o jogador pode explorar novas abordagens, invertendo a ordem dos encontros, como também montando diferentes tipos de deck e dando diferentes respostas na parte narrativa. O que poderia se tornar maçante e desanimador para o jogador tem o efeito contrário, concedendo mais ânimo e vontade de explorar o jogo para tentar outras formas de passar pelos desafios.
Acredito que essa sacada vem justamente da nuance do RPG de mesa. Cada diálogo, ação e escolha importam para construir a jornada de Ruff Ghanor, assim como nas noites de sessão com os amigos você irá querer dar o seu melhor para sair vitorioso.
Ainda assim, nenhuma vitória chega sem antes o personagem passar por aprovações, o que revela a magnitude de um jogo que, além de divertir, também transpassa ensinamentos sobre honra e valor, até mesmo nas pequenas conquistas aos jogadores.
Dessa forma, Ruff Ghanor é um jogo tanto para quem conhece o universo criado pelo Jovem Nerd, como também para aqueles que desejam explorar uma história única e desafiadora.
Veredito
Ruff Ghanor é um jogo que reflete o quanto uma simples ideia pode se transformar em algo incrível. Desafiador, ousado e divertido, esse jogo no estilo deck builder e roguelite irá fazer você querer jogá-lo repetidamente, e isso com certeza é um sinal divino.
5,0 / 5,0
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Assista ao trailer de Ruff Ghanor:
Ficha técnica de Ruff Ghanor
Lançamento: 22 de fevereiro de 2024
Desenvolvido por: DX Gameworks
Publicado por: DX Gameworks, Magalu Games, Nonsense Creations
Plataformas: PC (via Steam), PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series X | S. Nintendo Switch em data a ser divulgada
Número de jogadores: 1
Gêneros: Deck Builder, Estratégia, Roguelite, RPG
Idiomas: Português e Inglês
Preço: R$ 55,99 (PC), R$ 74,95 (Xbox), R$ 141,50 (PlayStation)