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    CRÍTICA – Duna: A Profecia aposta em intriga política para conquistar o público da TV

    Duna: A Profecia, série da HBO e Max baseada no livro Irmandade de Duna de Brian Herbert e Kevin J. Anderson, já está com todos os episódios disponíveis no streaming. No elenco estão principal da produção estão os nomes Emily Watson, Olivia Williams, Mark Strong e Travis Fimmel.

    Sinopse de Duna: A Profecia

    Duas irmãs Harkonnen combatem forças que ameaçam o futuro da humanidade e estabelecem a lendária seita que se tornará conhecida como Bene Gesserit.

    Análise

    Um dos últimos grandes acertos do cinema nos últimos anos, o universo de Frank Herbert finalmente chegou ao âmbito das séries com Duna: A Profecia, lançada pela Max no apagar das luzes de 2024.

    Se, por um lado, a produção televisiva coloca Duna de vez no hall da fama dos universos de fantasia para a televisão, por outro, lança um questionamento sobre até onde os produtores estão dispostos a ir para contar essa história devidamente. A Profecia não responde essa pergunta, pois está mais interessada em apresentar e cativar o público. E consegue, mas com ressalvas.

    Dez mil anos antes do nascimento de Paul Atreides, existia a Irmandade, que mais tarde se tornaria as Bene Gesserit. Sob o comando de Valya Harkonnen (Emily Watson) e com a ajuda de sua irmã Tula (Olivia Williams), a Irmandade lança sua influência por todo o Imperium, controlando até mesmo o Imperador Javicco Corrino (Mark Strong).

    Quando Valya e suas irmãs estão prestes a completar seu propósito de colocar uma delas no trono, surge um soldado chamado Desmond Hart (Travis Fimmel), que alega ter sido engolido pelo Shai-Hulud e quer destruir para sempre a Irmandade.

    A série é sobre tramas políticas com ficção científica. Desmond e Valya usam as palavras como principais armas para guerrear pelo controle das Casas. Em certos momentos, esses embates funcionam muito bem. Entre jogos e manipulações, a série cria dois oponentes interessantes, mas que não chegam de fato ao ápice.

    O mesmo acontece com Tula. A irmã é deixada para cuidar da Irmandade enquanto Valya sai atrás do soldado. É ela quem tem o maior potencial na série, com uma oportunidade única de sair da sombra de Valya, mas isso acaba sendo desperdiçado por conveniências do roteiro.

    Nesse sentido, a necessidade de se igualar a Game of Thrones e outras séries da HBO, que têm a política e as brigas familiares como centro da narrativa, torna A Profecia um tanto repetitiva. Não que o tema não engaje o público. Pelo contrário, Duna é sobre controle e poder, mas não apenas isso. O universo de Herbert tem muito a oferecer, o que parece ter sido um pouco esquecido em A Profecia.

    Duna: A Profecia aposta em intriga política para conquistar o público da TV
    Créditos: Divulgação / Max

    Por isso, os momentos em que a série foge do foco e explora o conturbado passado de Valya e Tula são o ponto alto do show. Não apenas por revelar como a Irmandade foi se formando, mas também pela complexidade dessas duas personagens.

    Se A Profecia fosse mais sobre esse grupo de mulheres criando seus sistemas de espionagem e influência ou até mesmo divergindo entre si sobre a melhor ideologia a seguir, teríamos com certeza uma série esplêndida.

    O problema de A Profecia é querer maximizar o que não tem tamanho. Os personagens falam sobre planetas e universos sem nunca mostrar de fato. Tudo fica muito no texto e pouco no visual. De certa forma, isso prejudica a série. Se você diz que há “uma frota fora do planeta esperando para atacar”, é óbvio que queremos vê-la.

    É preciso lembrar aos produtores que, às vezes, as melhores histórias são as intimistas, como Valya alcançando seu lugar como Madre Superiora ou Lila (Jessica Barden) perdendo seu corpo para suas ancestrais.

    Mas nem tudo está perdido. Duna: A Profecia cumpre seu papel ao reapresentar o universo ao público. É expositiva até demais, com o propósito de tornar a obra acessível a todos, mas também cuida dos fãs mais aficionados com várias referências ao longo dos seis episódios.

    Com a confirmação da renovação para a segunda temporada, as criadoras Diane Ademu-John e Alison Schapker têm a chance de acertar o tom da produção, já que narrativas ilustres não faltam em Duna.

    Veredito

    Duna: A Profecia cumpre o seu papel ao reapresentar a obra de Frank Herbert para o público do sofá, mas a série da Max erra ao focar sua narrativa nas tramas políticas do Imperium em vez de trazer à tona a história de origem ou consolidação da Irmandade. Apesar disso, o show tem grande potencial, com um universo rico em mãos que apenas precisa de certos ajustes para conquistar mais o espectador.

    Nossa nota

    3,0 / 5,0

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    Assista ao trailer:

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