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    REVIEW – Zelda: Tears of the Kingdom é um fenômeno raro e incomparável

    The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom, continuação direta do aclamado Breath of the Wild (2017), foi lançado em 12 de maio de 2023 para Nintendo Switch. O mais novo jogo da franquia chegou com o peso de, pelo menos, se igualar ao sucesso que seu antecessor conquistou, a ponto de revolucionar a indústria de games.

    O primeiro anúncio do novo jogo de Zelda e Link foi durante a E3 2019, quando à época não tinha nome oficial, sendo chamado pela Nintendo apenas de Sequel to Breath of the Wild. De lá para cá, o game chegou a ser previsto para 2022, mas foi adiado por conta da necessidade de mais testes, pois prometia ser o maior jogo da franquia até então.

    Em The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom, uma aventura épica aguarda Link no céu, na terra e no subsolo de Hyrule Kingdom, locais onde o herói deverá recuperar suas forças, aprender habilidades e descobrir os mistérios por trás da misteriosa escuridão que assola o reino. E, claro, reencontrar a Princesa Zelda.

    Confira nossa análise sem spoilers de The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom para o Nintendo Switch.

    Análise de The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom

    Ser a sequência direta de um jogo é sempre um desafio. Ser a continuação de um dos melhores jogos de todos os tempos, que tem esse reconhecimento de público e crítica por ser um imenso mundo aberto com uma gameplay inovadora e levando o console ao limite da capacidade de hardware…

    Bem, aí o desafio se torna algo de outro mundo. Mas a Nintendo fez o que parecia impossível.

    E a Big N novamente fez isso com um jogo da franquia Zelda, sacramentando essa propriedade intelectual como a favorita para a empresa arriscar e inovar, sabendo que pode contar com a disposição do público em comprar as novas ideias.

    A essa altura, o legado mais do que fala por si.

    Escrever esse review duas semanas depois do lançamento de The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom me possibilita ter certeza de que a Nintendo fez bem em esconder a história do jogo em seus trailers. A empresa foi criticada no começo do ano porque, para alguns, o novo jogo parecia uma DLC do antecessor.

    Mas agora é possível afirmar que, na verdade, a aventura é tão ampla por causa dos três terrenos de jogo que jamais seria possível mostrar em trailers o quão completo e inovador Tears of the Kingdom é. Foi essencial priorizar as principais novas habilidades combinadas aos Zonai Devices em detrimento a qualquer outro aspecto de TOTK.

    Os três terrenos são gigantescos. Imagine que para ir de um extremo ao outro do mapa em Breath of the Wild já levava mais de meia hora. Agora, tendo três ambientes para explorar, com biomas diferentes, a aventura se tornou muito muito muito mais extensa.

    E aí entra um mérito importantíssimo de Tears of the Kingdom: A experiência não é repetitiva para quem jogou BOTW, e também não é cansativa em sua própria lógica. Os biomas de Hyrule mudaram, alguns drasticamente, em comparação ao antecessor.

    E o principal: As novas habilidades principais de Link permitem que o impossível seja feito. Não há limites para a criatividade usando Ultrahand, Fuse, Ascend e Recall.

    O melhor tutorial da sua vida

    O tutorial de Tears of the Kingdom é uma das experiências mais incríveis possíveis para um início de jogo. Uma hora? Três horas? 12 horas? Leve o tempo que quiser numa ilha relativamente pequena. Você não vai enjoar.

    É incrível como o jogo se mantém interessante numa mísera área, que é apenas a ponta do iceberg do que vem por aí.

    As horas iniciais do game são apenas para apresentar as quatro grandes habilidades inéditas de Link. A exploração pela pequena ilha flutuante serve de aprendizado e impõe um único limite: Você não pode descer para o reino de Hyrule antes de conseguir as habilidades.

    Fora isso, sinta-se em casa para experimentar os novos recursos e construir o que quiser.

    The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom é a sequência direta de Breath of the Wild que melhorou tudo que o antecessor fez no Nintendo Switch
    Créditos: Emerald Corp

    Por mais que possa parecer, o convite à experimentação na área inicial de TOTK não é apenas como se você estivesse brincando de LEGO. É preciso se virar para chegar aos shrines obrigatórios para seguir rumo a Hyrule. Um teste excelente, super efetivo e diferente de tudo que você já fez em tutoriais.

    A experiência movendo e grudando objetos com a Ultrahand é muito bem ensinada nessa etapa inicial. A física facilitada de TOTK faz com que os erros não causem grandes prejuízos e logo se tornem acertos.

    Pode parecer complexo, mas a curva de aprendizagem do tutorial é bastante eficiente para que todas as situações que serão vividas em Hyrule Kingdom e no subsolo (The Depths) se tornem mais fáceis. Ou, no mínimo, para que as experimentações sejam mais acessíveis e menos assustadoras.

    As excelentes novas habilidades de Tears of the Kingdom

    O início de Tears of the Kingdom mostra o que aconteceu com o braço de Link e como ele agora é capaz de aprender habilidades ainda mais elaboradas do que as possíveis em Breath of the Wild.

    Esses novos recursos do herói são um caso raro de que tudo é familiar com o que se tinha no antecessor, mas ao mesmo tempo é tudo muito novo. Enquanto antes o Magnesis permitia pegar apenas objetos metálicos, agora a Ultrahand possibilita controlar praticamente tudo e ainda grudar materiais (e Koroks) a diversas superfícies.

    O Fuse tem um funcionamento bem mais simples, mas que facilita superar um desafio que, para muitos, era uma grande dificuldade em Breath of the Wild: A durabilidade das armas. O novo recurso aumenta a durabilidade e, principalmente, pode transformar qualquer cacareco em uma boa arma. A gameplay se torna muito melhor com essa habilidade!

    Voando em uma pedra com Recall e vendo geoglyph de cima / Créditos: Emerald Corp

    O Recall permite retroceder o movimento de praticamente qualquer objeto que se mexa. E, para mim, oferece um grande trunfo, que é a possibilidade de fazer as pedras que caem do céu retornarem de onde vieram.

    Isso te permite voar a grandes alturas para poder planar e chegar a novas áreas. E ainda descobrir novidades e desejar se aprofundar na história, como o fato de facilmente visualizar os geoglyphs, desenhos espalhados pela vegetação de Hyrule e que são elementos cruciais para a narrativa.

    Por sua vez, o Ascend é muito similar à habilidade Revali’s Gale recebida em Breath of the Wild após concluir a missão da Divine Beast Vah Medoh. Apesar disso, elas guardam nítidas diferenças entre si: A habilidade de Revali soprava um forte vento para que Link voasse, enquanto o Ascend leva o herói para o local logo acima da sua cabeça, se a distância entre o personagem e a superfície permitir.

    No entanto, há uma alternativa mais próxima ao Revali’s Gale: A possibilidade de fundir um foguete a um escudo. Outro caso de similaridade, mas com identidade própria.

    Como se não bastasse essa rara forma de inovar mantendo uma certa familiaridade com o que foi feito antes, Tears of the Kingdom ainda trouxe os Zonai Devices.

    Os dispositivos do povo Zonai estão espalhados por todo o gigantesco mundo aberto e também podem ser transportados no inventário após serem pegos em máquinas gacha, também disponíveis em diferentes áreas do jogo.

    Ou seja: Você pode usar os recursos disponíveis gratuitamente pelo mapa para montar planadores, barcos, tanques de guerra, escudos propulsores… O que você imaginar. E também pode transportar esses recursos para criar seus próprios equipamentos a qualquer tempo.

    Esqueça o mundo aberto com céu, terra e subsolo: Apenas a combinação das novas habilidades com os Zonai Devices já fazem com que Tears of the Kingdom seja um jogo com identidade própria e muito diferente de Breath of the Wild.

    Apesar disso, é claro que um mundo aberto gigantesco com três superfícies tem um charme todo especial.

    Uma aventura sem fim

    As ilhas flutuantes do céu não são conectadas entre si e nem sempre há Zonai Devices disponíveis para viajar de uma a outra. É preciso usar os recursos pegos nas máquinas gachas, assim como usar a criatividade para montar suas engenhocas, especialmente para chegar em altitudes maiores.

    Ou simplesmente contar com o apoio de uma pedra que caiu do céu usando Recall para que ela volte à altitude máxima e, de lá, se use o paraglider.

    Essa é a beleza de Tears of the Kingdom: Existem destinos, mas não existe uma única forma certa de chegar até eles.

    No vasto terreno de Hyrule há diversas regiões, cada uma com um bioma específico, e que passaram por importantes mudanças desde as aventuras em Breath of the Wild. Por exemplo: O que antes era um belo local tranquilo e ensolarado agora está caótico por causa de uma misteriosa nevasca.

    E ainda temos o mapa do The Depths, que é simplesmente todo o subsolo do gigantesco Hyrule Kingdom. É, por si, um novo jogo!

    A exploração de cada área é diferente.

    Enquanto no céu Link está sujeito inclusive aos efeitos da gravidade em alguns momentos, no subsolo a sobrevivência exige que você vá iluminando o terreno com as Brightbloom Seeds. Melhor ainda se você tiver uma roupa que brilha no escuro.

    E em Hyrule, o que antes era norteado pelas gigantescas Divine Beasts, agora conta com novos elementos para que a experiência com os novos campeões sejam completamente diferentes do que foram no antecessor.

    A própria narrativa é muito mais rica em The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom do que foi em Breath of the Wild.

    The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom é rico em lindos detalhes, alguns essenciais para o avanço da história
    Puzzle bonito, puzzle formoso / Créditos: Emerald Corp

    A história de Zelda sempre é mais completa se você focar nos detalhes, conversar com diversos NPCs, ler livros e escrituras… Essa lógica segue em Tears of the Kingdom, mas acontece que agora muito da lore está explícito e, em algum momento, você vai esbarrar com elementos essenciais que vão além da jornada junto aos campeões de cada povo.

    As dungeons voltaram com tudo

    Os shrines foram ressignificados (a meu ver, para melhor) para que a experiência traduza bem a essência da experimentação unindo as novas habilidades e os Zonai Devices. E mais: As dungeons voltaram. E voltaram com tudo o que se espera de uma experiência 3D em mundo aberto.

    Elas não são óbvias. É possível que em algumas missões com campeões você nem perceba que está fazendo uma dungeon.

    Essa diversidade das dungeons me causou grande surpresa. E foi tudo muito positivo! Fiquei extremamente satisfeito que a experiência em Tears of the Kingdom não se limita a ser em áreas fechadas com andares, como seria o esperado.

    O jogo soube aproveitar bem o fato de que o céu é o limite (literalmente) e construiu progressões bem interessantes e nada lineares. E mais: Possibilitando que a criatividade tome conta e viabilize diferentes resoluções para os puzzles e a criação de caminhos para chegar de um ponto ao outro.

    O Nintendo Switch tanka sim

    Pois então…

    Se Breath of the Wild foi o exemplo, no início da vida do Nintendo Switch, de que o console é capaz de rodar bem jogos gigantescos e complexos, Tears of the Kingdom vem na reta final para mostrar que a plataforma tem potencial para muito mais do que foi desenvolvido pela maioria dos estúdios até aqui. Metroid Prime Remastered é o outro grande exemplo de 2023 nesse sentido.

    Tears of the Kingdom está rodando com excelência tanto na TV, como no modo portátil. Existem breves ocasiões em que ocorre uma leve perda de quadros por segundo (FPS), como no uso da Ultrahand, mas não é nada que prejudique a experiência.

    Inclusive chega a ser curioso como em alguns combates que exigem muito do console não ocorre a perda de FPS, mas no simples uso da Ultrahand o game está sujeito a ter essa queda.

    A riqueza de detalhes dos cenários chega a ser surpreendente. Link pode estar no topo de uma montanha e, ao mesmo tempo, visualizar bem um amplo campo de visão acima, abaixo e na linha reta do olhar do personagem.

    São cenários lindos que nos fazem parar com Link só para contemplar / Créditos: Emerald Corp

    O carregamento das informações é bastante fluido, assim como as telas de loading também são surpreendentemente rápidas, considerando a quantidade de dados que são carregados nos poucos momentos que aparecem.

    Com jogos da franquia Zelda, a Nintendo mostra que seu primeiro console híbrido é capaz sim de rodar jogos com alta qualidade e performance sem dever nada para os concorrentes da sua geração. Inclusive serve de inspiração para estúdios in-house e terceirizados de que sim, é possível fazer jogos extensos, complexos e desafiadores sem comprometer a experiência no Switch.

    Veredito

    The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom é o raro caso de uma sequência direta que usa como base seu antecessor, mas salta para novos ares com sua própria identidade inovadora.

    O que funcionou em Breath of the Wild foi potencializado no novo jogo. O que poderia ser melhor no antecessor foi melhorado no sucessor.

    Ao mesmo tempo em que se baseia na experiência de sucesso do jogo anterior, Tears of the Kingdom consegue ser uma raridade incomparável. Você vai mencionar BOTW, assim como eu mencionei aqui no texto, mas ao mesmo tempo cada jogo tem sua própria identidade que revolucionou o mercado gamer nos seus anos de lançamento.

    Eu não tenho dúvidas: Zelda Tears of the Kingdom é o melhor jogo que eu já joguei na vida. E espero que seja para você também.

    Nossa nota

    5,0 / 5,0

    Assista ao trailer de The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom

    Ficha técnica de The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom

    Lançamento: 12 de maio de 2023

    Desenvolvido e publicado por: Nintendo

    Plataforma: Nintendo Switch

    Número de jogadores: 1

    Gêneros: Aventura, Ação, RPG

    Idiomas: Alemão, Chinês Simplificado, Chinês Tradicional, Coreano, Espanhol, Francês, Holandês, Inglês, Italiano, Japonês, Russo

    Preço: R$ 357,99

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