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    REVIEW – A rica aventura de Star Wars Outlaws ganha novo impulso no Nintendo Switch 2

    O primeiro jogo de mundo aberto da franquia Star Wars acaba de chegar ao Nintendo Switch 2. Star Wars Outlaws foi lançado em 4 de setembro pela Ubisoft em parceria com a Lucasfilm Games para o novo console híbrido da Nintendo. O título está disponível em sua Edição Gold, que inclui dois pacotes de histórias adicionais, missão exclusiva Aposta de Jabba, passe de temporada e outros pacotes cosméticos.

    O título protagonizado pela dupla Kay Vess e Nix foi lançado originalmente em 30 de agosto de 2024 para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S. A versão para o Nintendo Switch 2 conta com recursos exclusivos do console, como o touchscreen habilitado para algumas mecânicas do jogo, e o desenvolvimento foi feito pela Massive Entertainment (responsável pelas versões para as demais plataformas) junto com a Ubisoft RedLynx.

    Star Wars Outlaws é um jogo de ação e aventura em mundo aberto cuja história original se passa entre os acontecimentos dos filmes O Império Contra-Ataca (1980) e O Retorno de Jedi (1983). Isso possibilita que uma galáxia cheia de novidades seja explorada com mais liberdade sem afetar o que é cânone, mas também de uma maneira que traga elementos e personagens conhecidos do fãs.

    Kay e Nix são foras da lei que vivem se arriscando nos submundos da galáxia em busca de uma vida livre cheia de adrenalina e recompensas. A gameplay é baseada em mecânicas como furtividade, luta corpo a corpo, tiro em terceiro pessoa, navegação espacial e tiro com a sua nave Trailblazer, além de muita exploração com os clássicos speeders.

    Como todo aventureiro contrabandista que se preze, o jogo também reserva boas missões secundárias para viver desafios em busca de valiosas recompensas junto aos sindicatos interplanetários, bem como dá espaço para minigames envolvendo sabacc (uma espécie de blackjack de Star Wars), apostas em corridas de Fathier de Canto (tipo turfe, mas com criaturas que não são cavalos), fliperamas com jogos no estilo Space Invaders, entre outros.

    Aqui na Emerald Corp tivemos a oportunidade de avaliar o jogo para PlayStation 5 à época do seu lançamento, análise que você pode conferir aqui para conhecer o ponto de vista do meu colega Ricardo. No mesmo período, entrevistei na gamescom 2024 o então diretor criativo do game, Julian Gerighty, experiência que possibilitou a nossa equipe a ter um olhar ainda mais detalhado sobre tudo o que envolveu esse projeto. Assista aqui.

    A galáxia é muito rica e cheia de possibilidades em Star Wars Outlaws, mas devo dizer que o começo da minha aventura foi abaixo do que todo o restante da experiência. As primeiras duas horas de jogo são um tanto lentas, o que por um lado se explica pela necessidade de contextualizar os protagonistas, a vida perigosa e – claro – os comandos essenciais; mas por outro também pesa na morosidade.

    Algo interessante desse início lento é que a Kay fala para o Nix que em breve ambos estarão em missões melhores. Foi um diálogo bem inserido que até parece um papo com quem está jogando, o que entendo como uma boa quebra em meio à experiência de certa forma burocrática.

    Mas para agravar a situação, essas duas horas foram onde tive os piores problemas técnicos. Minha primeira experiência grampeando fechadura simplesmente não funcionava. Cheguei a ativar o alerta visual (uma das várias ótimas opções de acessibilidade, diga-se de passagem) para ver se eu que estava totalmente sem um bom senso do timing necessário para usar o grampo conforme o som da trava. Depois de largar e voltar algumas vezes à primeira porta que deve ser aberta, uma hora finalmente funcionou e segui em frente.

    O problema realmente grave que enfrentei foi ao chegar na mansão próxima a finalizar essa etapa inicial que funciona como um grande tutorial para as mecânicas essenciais do jogo. Tudo estava vazio ao entrar no pátio da mansão. Não havia inimigos e fui entrando pelas portas do casarão até que encontrei o painel que precisava desligar para desabilitar uma porta laser.

    Só que desligar esse botão não fez nada acontecer.

    Fiquei indo de um lado ao outro, entrando e saindo da mansão, tentando voltar à área montanhosa de onde vim para ver se esqueci algo… Nada aconteceu por uma meia hora fazendo de tudo e não tendo resultado algum.

    Resolvi recorrer ao YouTube e me surpreendi com o que estava acontecendo: o jogo simplesmente não ativou a parte da missão que deveria iniciar ao sair da montanha e entrar no recinto da mansão. Ali era para aparecer diversos NPCs, ensinar mais alguns comandos e, sim, fazer o painel realmente desativar a parede de lasers para continuar a aventura.

    Fiquei preso por um bug inexplicável logo cedo no jogo que poderia ter feito muita gente desistir de ir adiante. Felizmente o reiniciei e tudo funcionou normalmente, e a partir daí a experiência mudou completamente para melhor.

    Uma aventura rica em Star Wars Outlaws

    O jogo com frequência traz novidades apresentadas com breves tutoriais, e isso eu considero um ponto positivo, pois mantém a experiência sempre dinâmica.

    Superada a primeira etapa problemática, logo já estamos diante de um novo personagem que será o responsável tanto por apresentar o speeder, como também por nos indicar missões que pouco a pouco irão restaurar a Trailblazer, uma nave de certa forma única e que se assemelha ao potencial da Millenium Falcon, de Han Solo.

    A partir daí o ritmo flui tão bem quanto uma viagem de speeder em alta velocidade pelos amplos campos de Toshara, a montanhosa lua similar a uma savana onde Kay e Nix passarão grande parte do jogo.

    É quando Star Wars Outlaws introduz as mecânicas da vida bandida, com missões junto aos sindicatos, as possibilidades de lealdade e traição, as consequências dos seus atos. As mecânicas de combate também ganham força nessa etapa, com a apresentação gradual das possibilidades de melhorias de equipamentos, em especial do blaster da Kay.

    Há quatro grandes sindicatos (clãs, de certa forma) no jogo: Aurora Escarlate, Sindicato Pyke, Cartel Hutt (liderado pelo famoso Jabba, The Hutt, dos filmes de Star Wars) e Clã de Ashiga.

    É ótima a maneira como Star Wars Outlaws impõe bônus e consequências pelas suas escolhas junto aos sindicatos. As missões principais eventualmente exigem que você tome decisões que vão fortalecer sua reputação com um clã, mas enfraquecer perante outro, pois será visto como traição. Diversas atividades secundárias, e até mesmo pequenos atos como roubar diante de um NPC amigável membro de um sindicato), também terão consequências.

    As bonificações e as punições são vistas em diferentes situações do jogo, como ao comprar algo com mercadores e ao explorar as sedes dos clãs. Por exemplo, se você negociar com um mercador de um sindicato que sua reputação está positiva, você terá desconto nas compras. Por outro lado, se estiver ruim, os produtos serão mais caros, ou até mesmo estarão bloqueados até que Kay melhore a sua imagem.

    No caso da exploração essa dinâmica é ainda mais interessante. Se a reputação for negativa, você não conseguirá sequer entrar nas sedes, sendo necessário encontrar brechas para se infiltrar e ter todo o cuidado de explorar com uma abordagem furtiva. O bicho pega se a Kay for vista, e enfrentar os inimigos pouco a pouco vai piorando a sua imagem com o clã.

    Star Wars Outlaws ainda oferece diversas oportunidades para engajar com os sindicatos. Há diversos datapads espalhados pela galáxia com informações e muitos desbloqueiam missões secundárias. O jogo também permite que você pare em locais específicos para ouvir conversas que poderão liberar missões ou gerar informações que depois podem ser usadas como moeda de troca para conseguir algo ou melhorar sua imagem.

    Star Wars Outlaws surpreende pela qualidade gráfica e performance consistente no Nintendo Switch 2, e o trabalho de iluminação é um dos pontos técnicos mais fortes
    Ambientes ricos valorizados pelo ótimo trabalho gráfico no Nintendo Switch 2 | Créditos: Emerald Corp

    Progressão bem cadenciada e mecânicas simplificadas

    Foi inevitável comparar Star Wars Outlaws com Starfield. A partir do momento que pilotei a Trailblazer pela primeira vez quase tudo foi motivo para lembrar do jogo lançado pela Bethesda em 2023, e perceber como o jogo da Ubisoft se saiu melhor em quase tudo.

    Como destaquei no meu review de Starfield, o game é vasto e cheio de possibilidades (o que é maravilhoso), mas não soube priorizar o que deveria ser importante, tornando tudo muito embolado. Em outras palavras, Starfield se perdeu em sua própria grandeza.

    Star Wars Outlaws, em contrapartida, tem um escopo ambicioso mesmo com apenas alguns planetas ao invés dos mais de 1.000 do game espacial da Bethesda. A proposta mais contida faz com que o jogo seja muito superior, pois num geral as experiências no título de Star Wars são muito mais envolventes.

    O único ponto em que se assemelham é que o vasto mundo aberto de Toshara possui diversas áreas sem NPCs ou qualquer desafio, o que o torna por vezes vazio assim como vários planetas de Starfield.

    Agora, o que Star Wars Outlaws realmente se supera muito em relação ao título da Bethesda é na jogabilidade pilotando nave. Enquanto Starfield exagerou na dose de realismo para pilotar, o game da Ubisoft faz um bom feijão com arroz e simplifica na hora de aterrissar, que sem dúvidas é um dos aspectos mais frustrantes de Starfield junto com a complexidade para acoplar.

    Viajar pelo espaço sideral no jogo de Star Wars é realmente agradável, com mecânicas de aceleração e manobras fáceis de aprender. O combate espacial é ótimo, com a possibilidade de atacar inimigos usando laser ou fixando a mira facilmente sobre as naves para atirar uma bomba teleguiada.

    Nix é um fiel escudeiro e um grande acerto da Ubisoft

    O equilíbrio do protagonismo entre Kay e Nix é realmente interessante. A experiência controlando o mascote de Star Wars Outlaws é realmente positiva, pois ele não é um mero NPC, e sim um escudeiro leal e extremamente útil para distrair e roubar adversários, bem como para ativar botões e explosivos pelos cenários.

    A gameplay furtiva é muito agradável graças ao nosso querido companheiro.

    Nix ainda vai além e se desenvolve para ser muito mais do que um recurso stealth. Com o passar da aventura ele também pode ser útil para confrontos diretos contra os inimigos. A progressão dele me surpreendeu bastante, especialmente por conta da experiência para conseguir seus petiscos.

    Kay Vess e Nix formam uma dupla divertida e leal para viver grandes aventuras no primeiro jogo de mundo aberto da franquia Star Wars
    Minigames para conseguir petiscos do Nix são divertidos e fofos | Créditos: Emerald Corp

    Os petiscos do Nix podem ser obtidos ao comer em pequenas bancas de comida espalhadas pelos planetas. O que me causou uma bela surpresa foi ver que comprar comida não ativa apenas uma cutscene fofa, mas também um minigame com botões de ação para dar um certo dinamismo à interação entre Kay e seu mascote.

    Ao final da experiência, o upgrade recebido é uma refeição que pode ser servida num pote dentro da Trailblazer, cujo efeito será equipado ao Nix e trará benefícios como ele chutar granadas que jogarem contra a Kay. É realmente uma maneira diferente que torna algo trivial em um momento divertido e que oferece uma grande utilidade para a aventura.

    Gráficos e performance surpreendem no Nintendo Switch 2

    O principal tópico em relação à versão de Star Wars Outlaws para o Nintendo Switch 2 foi o tamanho do jogo: 20,9 GB. Comparado às outras plataformas, o peso é pelo menos três vezes menor (no PC a exigência é de 65 GB livres, por exemplo). E quem esteve de olho nesse assunto se perguntava como seria possível o jogo ter gráficos à altura do novo hardware da Nintendo e rodar com consistência.

    Pois bem, se você tinha essa preocupação, saiba que a Massive Entertainment e Ubisoft RedLynx fizeram um ótimo trabalho em quase tudo. Digo quase porque o único aspecto pouco polido são os cabelos, especialmente o da Kay. O vale da estranheza é forte tanto na TV, quanto no modo portátil.

    Mas fora isso, olha, o resultado é realmente positivo. A performance é sólida com 30fps (quadros por segundo) consistentes, e os visuais são muito bem trabalhados. A beleza gráfica é mais evidente no colorido do mundo aberto de Toshara durante o dia, mas não deixa de ser perceptível em ambientes escuros. Há momentos em que o trabalho de iluminação se destaca, como na exploração em locais fechados com cores vibrantes que ficam visíveis quando Kay acende a lanterna.

    Ubisoft e os estúdios envolvidos realmente souberam como superar toda e qualquer desconfiança quanto aos gráficos e à performance no Nintendo Switch 2 em ambos os modos.

    A única ressalva que faço em relação a um aspecto técnico é que, quando estava concluindo uma missão de entregar um tesouro, o jogo crashou. Não havia nenhum travamento ou indício de que daria algum problemas, mas o jogo simplesmente fechou. Felizmente recém havia acontecido um salvamento automático, de modo que não tive prejuízos.

    Veredito

    Como pregam as boas práticas de um jogo furtivo, Star Wars Outlaws chegou de fininho para o Nintendo Switch 2 e surpreendeu tanto quem duvidava do potencial do hardware, como da capacidade técnica da Massive Entertainment e da Ubisoft RedLynx. Apesar do início lento e com alguns bugs, o primeiro jogo de mundo aberto da franquia é uma aventura rica, consistente e cheia de possibilidades capazes de agradar fãs de stealth e de ação.

    Nossa nota

    4,2 / 5,0

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    Assista ao trailer de lançamento de Star Wars Outlaws no Nintendo Switch 2:

    Ficha técnica de Star Wars Outlaws

    Lançamento: 4 de setembro de 2025 (Nintendo Switch 2) / 30 de agosto de 2024 (PC, PS5 e Xbox Series X|S)

    Desenvolvido por: Massive Entertainment e Ubisoft RedLynx (Nintendo Switch 2)

    Publicado por: Ubisoft e Lucasfilm Games

    Plataformas: PC (via Epic Games, Ubisoft Store e Ubisoft+), PlayStation 5, Xbox Series X|S e Nintendo Switch 2

    Número de jogadores: 1

    Gêneros: Ação, Aventura, Mundo Aberto, Tiro em Terceira Pessoa

    Idiomas: Alemão, Chinês Simplificado, Chinês Tradicional, Coreano, Espanhol (América Latina e Espanha), Francês, Inglês, Italiano, Japonês, Polonês, Português (Brasil), Russo

    Preços: versões a partir de R$ 299,00 (Nintendo Switch 2) e R$ 349,99 (demais plataformas)

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