Star Overdrive é o mais novo jogo do estúdio italiano Caracal Games lançado pela editora francesa independente Dear Villagers.
O título de ação e aventura espacial em mundo aberto chega exclusivamente para Nintendo Switch no dia 10 de abril, e será um dos últimos indies exclusivos do console antes da chegada do Nintendo Switch 2 (em 5 de junho). Uma demo gratuita também está disponível no Nintendo eShop.
Nessa jornada controlamos o protagonista Bios, que intercepta um misterioso pedido de socorro e logo se vê abandonado no enigmático planeta Cebete. O personagem está armado com sua versátil Keytar e Hoverboard avançado para percorrer diversos biomas, enfrentar desafios, evoluir poderes ocultos e desvendar o mistério por trás do desaparecimento de sua amada Nous.
O jogo mescla a acelerada exploração em mundo aberto graças a rapidez do poderoso Hoverboard com combates e resolução de quebra-cabeças e desafios variados. Tudo isso ocorre num planeta que possui biomas variados, cada um com inimigos e segredos próprios.
A exploração em Star Overdrive também se dá por meio da necessidade de fazer manobras com seu Hoverboard, tanto para ganhar mais velocidade a cada combo bem-sucedido, como também para conseguir acessar áreas específicas.
Análise de Star Overdrive
Todo novo trabalho publicado pela Dear Villagers me chama a atenção porque essa publisher costuma escolher projetos criativos, divertidos e capazes de trazer algo único para o mercado de games.
Aqui na Emerald Corp já avaliamos diversos títulos lançados pela empresa, entre eles os ótimos Caravan SandWitch e Saviorless. Esse último inclusive tivemos a oportunidade de entrevistar os criadores durante a gamescom latam 2024.
Star Overdrive se soma a esse distinto portfólio da publisher como mais um ótimo jogo criativo.
O game possui um estilo visual bem interessante e que, guardadas as devidas proporções, me lembrou Hi-Fi Rush. A semelhança a meu ver também se deve tanto pela movimentação relativamente explosiva, como também pelo fator musical.
Se em Hi-Fi Rush a música é a essência dos combates, aqui em Star Overdrive ela divide o palco com a adrenalina causada pela velocidade. Isso porque os elementos musicais e de áudio estão presentes com a Keytar de Bios, que inclusive usa efeitos sonoros para ativar determinadas habilidades. Outro item que complementa a atmosfera sonora são as fitas que Bios precisa encontrar para ouvir as mensagens da Nous.
Por sua vez, a velocidade fica a cargo do Hoverboard, que traz um pouco da essência de Tony Hawk’s Pro Skater por um mundo fantasioso fora da Terra. As manobras são importantes para a progressão do jogo, pois servem para ativar o turbo do veículo e cujo controle deve ser frequentemente associado a outras habilidades especiais, para que seja possível chegar a lugares essenciais para concluir a jornada.
Os elementos de puzzles são bem interessantes em Star Overdrive justamente porque alguns quebra-cabeças são “orgânicos” na exploração do mundo aberto por conta da combinação do Hoverboard com essas habilidades. Mas há também contextos em que a gameplay realmente exige que você decifre algo para conseguir um novo recurso e sair da área onde estiver.
O início do jogo é bem objetivo e rapidamente contextualiza sobre o que se trata a jornada e os comandos básicos. Logo estamos em meio a um bioma desértico de Cebete a postos para encontrar o primeiro local de interesse, com uma torre e uma redoma que usaremos para aperfeiçoar o Hoverboard.
É relativamente simples controlar o Hoverboard, mas a mobilidade é propositalmente truncada porque aos poucos será preciso aprimorar atributos como velocidade, gravidade e controle. Essas características são melhoradas encontrando cristais verdes, que funcionam como dinheiro, e diferentes itens deixados por inimigos e plantas.
Mesmo nos estágios iniciais de mobilidade é bastante agradável explorar o planeta fazendo diversas manobras. O mundo é rico em termos de variedade de paisagens, mas não é cheio de perigos. Os inimigos se encontram em locais bem específicos de cada bioma, e o combate é corpo a corpo usando a Keytar como arma e as habilidades desbloqueáveis a partir dela, entre elas uma que lembra a Ultrahand de The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom.

Há também monstros que mudam a dinâmica de combate, entre eles um monstro da areia similar ao Shai-Hulud, do universo de Duna. Nesse caso, o enfrentamento acontece por meio das habilidades especiais de pegar os adversários e atirar lasers para enfraquecê-lo, e então atordoá-lo para que fique um tempo desacordado, ou desferir um golpe direto.
No geral, a performance de Star Overdrive é muito boa quando jogado no dock do Nintendo Switch. Chega a ser até surpreendente que haja poucas quedas da taxa de quadros por segundo (frames per second – FPS) por se tratar de um jogo muito veloz e desenvolvido por um estúdio independente para um console que já está há 8 anos no mercado.
Os poucos momentos em que há queda de FPS não chegam a ser prejudiciais. No entanto, a performance no modo portátil é mais prejudicada, e explicarei com detalhes em breve.
Puzzles em “shrines” que lembram Zelda
As referências a franquias clássicas como Zelda também estão presentes de outras maneiras, sendo as torres que liberam partes do mapa a mais notável. Há também ruínas que você ativa construções em forma de esfera ou parafuso que levam para uma espécie de shrine com desafios no estilo Zelda Breath of the Wild e Tears of the Kingdom.
Esses ambientes servem para apresentar uma nova habilidade que o protagonista deverá aprender e já sair usando para conseguir chegar ao fim do desafio. Há puzzles bem interessantes e desafiadores com essa dinâmica. Destaco a ruína em que aprendemos a habilidade de criar uma plataforma para pular – esse eu realmente custei para superar, creio até que tenha ido cedo demais na jornada.
As torres que liberam informações no mapa também servem para ativar turbos espalhados pela área e locais com puzzles de habilidades que parece uns parafusos, chamados pontos de extração. Esses locais ativam desafios variados, como os shrines para receber um nodo de energia que aumenta habilidades do personagem, ou corridas contra o tempo em que é necessário passar por diversos checkpoints para ganhar segundos preciosos.
Além disso, a própria torre se transforma numa espécie de canhão que lança o personagem a longas distâncias.
Aspectos negativos
O desenvolvimento do Hoverboard é um dos pontos negativos de Star Overdrive porque não tem um critério claro. O jogo explica que é preciso colocar o máximo de itens que puder para aperfeiçoar o equipamento, mas você só descobrirá se apertar X na tela seguinte para ver um comparativo entre os status antes e após o investimento que está prestes a ser feito.
Essa informação é um tanto sutil visualmente e confesso que nas primeiras vezes que fui melhorar o Hoverboard não a vi na tela, então dependendo da sua atenção (ou da sua visão) é capaz de fazer o investimento sem lembrar que poderia ter tido uma noção melhor do upgrade.
Eu destaco a visão porque é importante considerar a gameplay também no modo portátil. Por vezes há muitas informações na tela, ou algo com um contraste não tão apurado, que pode dificultar a leitura.
Outra situação no portátil que é bem difícil de enxergar são os puzzles envolvendo lasers no mundo aberto. É preciso subir em umas esferas e andar sobre elas para apontar o laser em direção a botões espalhados por algumas estruturas específicas. Isso serve para abrir algo no cenário ao ativar todos os botões.
Acontece que o laser é muito fino já no modo TV. No portátil é ainda mais desafiador enxergá-lo, especialmente se você precisar mirar num local muito distante.

Um bug que eventualmente acontece no mapa é que o zoom dos botões ZL e ZR para de funcionar. Não é sempre que ocorre, mas ao ocorrer não basta fechá-lo e reabri-lo para que funcione novamente, sendo necessário reiniciar o jogo.
Porém o ponto negativo que mais me incomodou foi a performance no modo portátil. Quando você enfrenta um grupo um pouco maior de inimigos, com 3 ou mais adversários, o game enfrenta uma considerável queda de FPS e a trilha sonora também desacelera. Chega a ser curioso que a exploração fazendo muitas manobras no mundo aberto funciona satisfatoriamente, mas ao iniciar combates nesse contexto passe por dificuldades técnicas.
Após essa queda nas batalhas o jogo ainda seguirá um pouco lento, de modo que o ideal é reiniciá-lo para que volte ao normal.
Veredito
Star Overdrive é mais um jogo criativo e divertido no portfólio da publisher Dear Villagers. O game se inspira em franquias clássicas e mistura gêneros de modo interessante para criar uma experiência diferenciada que, apesar de apresentar alguns problemas técnicos especialmente no modo portátil do Nintendo Switch, merece ser jogada por quem gosta de conhecer joias indies e viver uma boa aventura espacial.
3,8 / 5,0
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Assista ao trailer:
Ficha técnica de Star Overdrive
Lançamento: 10 de abril de 2025
Desenvolvido por: Caracal Games
Publicado por: Dear Villagers
Plataforma: Nintendo Switch
Número de jogadores: 1
Gêneros: Ação, Aventura, Mundo Aberto, Puzzle
Idiomas: Alemão, Chinês Simplificado, Chinês Tradicional, Coreano, Espanhol, Francês, Inglês, Italiano, Japonês, Português
Preços: R$ 63,99 e R$ 71,99 (Deluxe Edition). Demo disponível gratuitamente no Nintendo eShop