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    REVIEW – Em Silent Hill f, o mundo onde vivemos também é altamente assustador

    Silent Hill f é o décimo nono jogo da franquia contando sua série principal e os spin-offs lançados desde o seu primeiro capítulo, que chegou ao mercado em 1999 e foi um dos marcos do terror em games. Desenvolvido pela NeoBards Entertainment, responsável por jogos como o Final Fantasy VII Rebirth, o lançamento foi feito pela Konami em 25 de setembro para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S.

    A história de Silent Hill f é ambientada nos anos 1960 na cidade de Ebisugaoka que fica coberta por uma misteriosa névoa, transformando o lugar onde a estudante Hinako Shimizu nasceu em um pesadelo constante, obrigando a protagonista a confrontar os monstros e resolver enigmas para sobreviver.

    Antes de começar o jogo recebemos um aviso de conteúdo sensível indicando que haverá representações perturbadoras de diversos temas que retratam a sociedade naquele período histórico. Da mesma forma que temos esse alerta, deixo a mesma recomendação para caso você sinta algum desconforto durante sua jogatina, pause e procure por ajuda profissional especializada. É possível entrar em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV) através do número 188 (ligação gratuita) e em seu portal, ou ainda procurar por um pronto socorro mais próximo.

    Dito isso, a análise a seguir reflete a minha experiência jogando a versão do game para PlayStation 5.

    Silent Hill f é um jogo interessante porque é uma excelente combinação entre novidade sem distanciar-se completamente de sua essência. Some isso à chegada do breve, porém intenso, Silent Hill: The Short Message em 2024, fatos que mostram que a franquia publicada pela Konami ainda tem muito a nos oferecer em qualidade, narrativa e horror típicos do que tornaram esse universo tão clássico.

    Existem mudanças bem abrangentes nas mecânicas de jogo desse novo capítulo da cidade silenciosa, mas confesso que fiquei bastante dividido entre o quanto essas mudanças são efetivamente boas por funcionarem bem combinando com a história, mas um tanto caóticas em questão de gameplay como um todo.

    Neste Silent Hill foram acrescentados elementos muito comuns do gênero soulslike, como o gerenciamento de três barras de status (nesse caso sendo vida, fôlego e sanidade), combinação entre ataques fortes, fracos, esquivas e algo muito semelhante com uma janela de contra-ataque que desacelera o tempo. Essa combinação de elementos em pontos que se torna necessário explorar o mapa soam mais travados, enquanto nas lutas com os grandes monstros têm uma fluidez maior e tornam esses confrontos muito mais interessantes.

    O conceito da barra de sanidade atrelada ao gerenciamento da Hinako é interessante pelo fato de ser renovado nos templos espalhados pela cidade, fazendo oferendas ao altar e adquirindo fé para recuperar esse status. Além disso, podemos adquirir nesses altares os Omamori, equipamentos especiais que vão ter um efeito específico, mas também podem ser encontrados explorando e resolvendo enigmas. Obter eles através de variadas fontes é algo que vai ajudar muito a sobreviver.

    Andar em Ebisugaoka é uma experiência semiaberta e temos as marcações no mapa com os objetivos. Vamos a eles por etapas para avançar na história até o momento em que Hinako adormece, sendo levada para o mundo do pesadelo que, diferente da ferrugem manchada com sangue, encontramos um caminho sombrio até um templo.

    Nessa passagem de mundo aparece a mecânica de puzzles, que acredito ser o grande elemento de jogabilidade de Silent Hill f, porque temos o desafio para solução sendo apresentado de forma diferente de acordo com a dificuldade escolhida como, por exemplo, o primeiro puzzle no templo que a nível narrativo apresenta muitas dicas visuais. Por sua vez, no modo difícil temos bem menos pistas, e na versão perdido na névoa que pode ser desbloqueada após a primeira conclusão não tem nenhuma dica disponível.

    Esse elemento é interessante por duas razões, sendo a primeira a experiência de jogo se moldar ao usuário, algo que sempre acho fantástico por valorizar a nossa individualidade como apreciadores; e a segunda porque, mesmo que possamos alcançar o nível mais elevado de dificuldade após a primeira conclusão, dificilmente vamos lembrar de todos os caminhos para solucionar os quebra-cabeças, reforçando o conceito de rejogabilidade que raramente temos nos games modernos.

    Trabalho de arte assustador e lindo valoriza o enredo reflexivo

    A questão estética é assustadoramente linda, um trabalho artístico por parte da equipe de desenvolvimento que é muito bem realizado indo por um caminho muito interessante, que busca sua inspiração em elementos como as flores que são vistas naturalmente belas, dando um significado aterrorizante durante a nossa experiência.

    Além dessa proposta, temos referências à própria franquia que não ficam apenas na ambientação, como na própria paleta de cores que vemos no jogo e no design das criaturas que tem a peculiaridade de não possuírem rosto, algo que está diretamente conectado a um dos significados da história.

    O trabalho artístico de Silent Hill f é assustadoramente lindo
    Créditos: Konami / Divulgação

    O enredo de Silent Hill f é o elemento que posso considerar ser o mais integrado com a essência desse universo, sendo um dos jogos que me fez analisar, refletir e demorou um bom tempo para poder processar todo o impacto dessa narrativa.

    Em Silent Hill: The Short Message digo que pessoas em sofrimento estão na sua própria versão da cidade silenciosa, e nesse novo título se torna um viés de confirmação a respeito de como penso sobre a trama desse universo. Hinako vive o pesadelo da pressão social do período retratado em Silent Hill f, onde mulheres não tinham direitos, estavam presas a tradições, não podiam ter os próprios desejos e sequer podiam aceitar a sua identidade.

    Para não dar muitos detalhes dos acontecimento do jogo, um dos pontos que representam o terror de Hinako nessa história está representado na ausência de rostos nas figuras femininas, mas existe uma infinidade de outras camadas que vão representar o seu tormento e a busca pela liberdade do terror que está vivendo. O jogo tem 4 finais que vão ser surpreendentes, sendo muito interessante completar o jogo para explorar todos eles e seus respectivos significados.

    Veredito

    Apesar de alguns elementos na jogabilidade que podem causar estranhamento, Silent Hill f é um excelente jogo, uma experiência linda, assustadora e entrega uma história repleta de camadas que vai impressionar.

    Nossa nota

    5,0 / 5,0

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    Assista ao trailer:

    Ficha técnica de Silent Hill f

    Lançamento: 25 de setembro de 2025

    Desenvolvido por: NeoBards Entertainment Ltd.

    Publicado por: Konami

    Plataformas: PC (via Epic Games Store, GOG, Steam e Windows Store), PlayStation 5 e Xbox Series X|S

    Número de jogadores: 1

    Gêneros: Exploração, Soulslike, Terror Psicológico, Terror de Sobrevivência

    Idiomas: Português (Brasil), Inglês, Francês, Italiano, Alemão, Espanhol (América Latina e Espanha), Polonês, Russo, Chinês simplificado, Chinês tradicional, Japonês, Coreano

    Preços: Versões a partir de R$ 349,90 (PC e Xbox Series) e R$ 399,90 (PlayStation 5)

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