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    REVIEW – Ruffy and the Riverside traz a essência dos anos 90 num plataforma 3D moderno e criativo

    Uma viagem ao que aconteceu de melhor nos jogos de plataforma 3D da década de 1990, mas com um toque de modernidade graças à mecânica de troca. Essa é uma síntese da experiência em Ruffy and the Riverside, título de estreia do estúdio Zockrates Laboratories e da publisher Phiphen Games.

    O jogo será lançado no dia 26 de junho para PC, Nintendo Switch (compatível com Nintendo Switch 2), PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series X|S.

    Ruffy and the Riverside rapidamente chamou atenção dos fãs de videogames com a sua demo no Steam em fevereiro deste ano, sobre a qual fizemos uma análise de primeiras impressões, inclusive.

    Pouco tempo depois, com o anúncio do Nintendo Switch 2, a publisher aproveitou que só se falava no novo console da Big N e usou o fato para ganhar ainda mais destaque. Foi então que decidiu adiar os planos de lançamento de abril para junho, justificando que a ideia era fazer o Ruffy and the Riverside estar disponível simultaneamente para todos os consoles.

    Acaba que isso é uma meia-verdade e foi mais uma tática de marketing, visto que o jogo não foi desenvolvido nativamente para o Switch 2, e sim para o seu antecessor. Mesmo assim, é esperado que a retrocompatibilidade inclusive melhore a performance no novo videogame, segundo me informou a assessoria que disponibilizou o código para review antecipado.

    Mas bem, o foco aqui é a avaliação da versão de Ruffy and the Riverside para PC via Steam. Bora lá!

    Primeiro, é interessante notar como a versão demo de Ruffy and the Riverside adaptou o jogo para que diferentes momentos da aventura fossem contemplados numa gameplay demonstrativa de aproximadamente 1 hora. Essa escolha valorizou demais o jogo, mas o ritmo da história e da apresentação das dinâmicas é bem diferente na versão completa. Isso pode causar estranhamento para quem esperava logo cedo já ter acesso à bola de feno para fazer altas manobras pelo mundo colorido de Ruffy, por exemplo.

    Particularmente não considero isso um problema. Como a trilha sonora e os diálogos são bem-humorados, o ritmo consegue ser agradável mesmo tendo bastante diálogo para contextualizar a ameaça e o poder especial de Ruffy. E, bem, as informações num geral são opcionais apenas para povoar a narrativa, mas é bom não pular 100% das conversas porque há puzzles que somente podem ser resolvidos se você prestar atenção no que os NPCs estão dizendo.

    Nessa aventura controlamos o protagonista Ruffy e temos como companheira a abelha Pip, que funciona não apenas como alívio cômico, mas principalmente como recurso para voar temporariamente por aí. Outro personagem muito importante para a narrativa é o Sr. Eddler, uma marmota aficcionada por diamantes / gemas e que também é responsável por muitos diálogos divertidos.

    Os personagens estilo papel lembram muito a proposta da franquia Paper Mario, mas Ruffy and the Riverside também tem seu charme autoral por adotar um visual de obras infantis pintadas com giz de cera, com ambientes em modelagem 3D que remetem a ideia de livros com dobradura.

    Aliás, a visão artística do jogo é um tanto imersiva. Isso porque há uma mecânica que possibilita que você pinte diferentes texturas presentes no game, como água e fogo, permitindo substituí-las no jogo para que exibam seu próprio trabalho artístico. Sim, é bem provável que a 5ª série que habita a mente dos brasileiros vá dar origem a um monte de desenhos fálicos e outros elementos impróprios.

    Mas além de Paper Mario, Ruffy and the Riverside se inspira nos melhores plataformas 3D do Nintendo 64 e do PlayStation. Em especial: Super Mario 64, Crash Bandicoot e Banjo-Kazooie. Precisa dizer mais?

    Mas sim, há mais do que falar sobre o game. A cereja do bolo é a criativa mecânica de troca, que permite que você substitua uma grande variedade de elementos presentes no colorido e rico mundo de Ruffy e seus amigos. Há também espaço para algumas boas surpresas, como o uso de bolas de feno (chamadas de fardo) para apostar corrida contra NPCs e fazer manobras, como se você estivesse jogando Tony Hawk’s Pro Skater dentro de um livro infantil e imaginativo.

    Ruffy and the Riverside não se leva a sério. E isso é bom!

    Uma bola de feno que faz as vias de um kart e de um skate já é um indício de que o jogo não se leva a sério, mas é importante destacar que o bom humor está presente por toda a aventura. E isso é bom.

    É engraçado como o jogo circula as histórias de diversos games clássicos cujo foco era muito mais a gameplay, e não o enredo, e faz piada com os elementos nonsense das aventuras retrô que fizeram parte da infância de muita gente que hoje tem 30 anos ou mais.

    A postura confiante do Sr. Eddler, por exemplo, sempre vem acompanhada de algum diálogo que o deixa embaraçado, pois mostra que ele na verdade está com medo. E é o medo de encarar o que vem a seguir que cria uma justificativa engraçada para explicar sua ausência no momento em que Ruffy e Pip mais precisam dele, reforçando a tradicional Jornada do Herói de um modo leve.

    Ruffy and the Riverside usa a mecânica de troca para construir um mundo colorido e cheio de puzzles. Leia o review
    Sr. Eddler, Ruffy e Pip | Créditos: Zockrates Laboratories

    E para além do bom humor, a história em si também aborda temas como proteção ao meio ambiente de modo lúdico, algo que de fato é real e cujos efeitos catastróficos são cada vez mais presentes no dia a dia global.

    A própria mecânica de troca também é fantasiosa. Afinal, é possível pegar a lava de um vulcão para transformar um lago de água em fogo. É assim que você derrota inimigos tubarões em alguns momentos do jogo, por exemplo. Ou então transformar água em areia movediça (e poder afundar nela).

    Mas o mais legal, e uma situação recorrente, é transformar cachoeira em plantas trepadeiras para poder usá-las para acessar novas áreas.

    Um outro aspecto bem-humorado e inspirado na realidade é o letreiro de Riverside. Sim, o mundo de Ruffy possui um letreiro no estilo Hollywood Sign. E o mais engraçado é que essa construção é uma das principais responsáveis por manter a harmonia no mundo. O caos começa a reinar quando o vilão Groll o destrói, e o objetivo passa a ser recuperar cada uma das letras que compõem a palavra Riverside para que tudo volte ao normal.

    Além da jornada para recuperá-las, Ruffy and the Riverside também está repleto de colecionáveis, sendo um prato cheio para complecionistas e fãs de jogos collectathon. Você pode encontrar bichinhos chamados Etoi, que lembram muito o Kuriboh, do Yu-Gi-Oh!, e que estão escondidos em pequenos locais que envolvem dinâmicas rápidas de quebra-cabeça para encontrá-los. Há ainda borboletas, pedras dos sonhos e moedas, itens que são usados para acrescentar elementos na gameplay e customização.

    Excelente mecânica de troca e performance sólida

    O diferencial de Ruffy and the Riverside para outros plataformas 3D é a mecânica de troca que é bastante criativa, como destaquei antes. Mas além da criatividade, é seguro dizer que ela é tecnicamente muito bem feita, pois funciona muito bem, não causa bugs, e também tem uma transição bem suave no PC.

    Como a troca é a grande assinatura, o jogo é muito mais voltado para resolução de puzzles ambientais, como por exemplo a substituição de água por trepadeira, mas também quebra-cabeças mais tradicionais que envolvem substituir símbolos em totens com base em dicas que você encontra em paredes nas proximidades.

    Um momento bem divertido do jogo é quando precisamos conseguir a bola de feno para, em suma, salvar o mundo. Mas há certas regras que precisam ser seguidas para obter esse item, e não interessa se o objetivo de Ruffy é nobre como evitar o fim de Riverside – regras são regras, e precisam ser respeitadas.

    Então a jornada nos leva para uma série de pequenas atividades até que, finalmente, conseguimos roubar (sim, roubar) uma bola de feno para poder correr contra os campeões da corrida de fardo. Somente após vencê-los é que poderemos usar o fardo para salvar o mundo…

    Mas claro que não é tão simples assim. Afinal, até conseguir o item essencial para livrar Riverside do mal não foi simples. Então o jeito será enfrentar adversários que possuem fardos tunados. Obviamente não há como vencer, e aí que entra um desafio de quebra-cabeça no ambiente para adulterar a pista de corrida para que os oponentes andem mais devagar em algumas partes.

    Ruffy and the Riverside está cheio de momentos divertidos como esses. Dessa forma, o game acaba focando muito mais em puzzle do que em combate. O protagonista até pode dar golpes nos adversários, embora nem todos possam ser derrotados dessa forma, mas é a habilidade de troca que permeia a maioria dos momentos da aventura.

    A falta de combate ao longo de boa parte da gameplay é a grande diferença entre esse jogo em comparação a clássicos como Super Mario 64 e Crash Bandicoot. Isso pode causar estranhamento em quem gosta de plataforma 3D com bons enfrentamentos.

    Aqui, o mais importante é ter atenção aos ambientes e verificar quais elementos e superfícies podem ser trocados para você derrotar um inimigo, conseguir um item e progredir na aventura.

    A gameplay de Ruffy and the Riverside é bastante fluida, mesmo com a mecânica de troca gerando diversas customizações, especialmente os desenhos que podem ser feitos por quem joga ao falar com o NPC Pix.

    A performance do jogo é sólida e são poucos os momentos que algum bug acontece. Vi apenas alguns probleminhas na renderização do cenário distante. Uma área específica apresentou algumas incosistências, o local onde fica a Árvore da Vida. Esse ambiente possui uma troca na paleta de cores, o que pode ter ocasionado alguns conflitos.

    Ao chegar nessa área aconteceu da animação do Ruffy travar, mas não prejudicou a jogabilidade, apenas o visual do personagem que ficou estagnado, algo que resolvi simplesmente “morrendo”. Outro bug que ocorreu um pouco depois foi na resolução de um quebra-cabeça envolvendo pintar uma árvore e suas frutas – do nada algumas delas foram para o céu, impedindo a resolução. O jeito foi “morrer” também.

    Digo “morrer” entre aspas porque outro ponto que o diferencia de diversos plataformas 3D é que o jogo não é punitivo. O protagonista simplesmente volta ao cair em um local que não devia, como ser sugado pela areia movediça ou algo do tipo.

    Por fim, o único aspecto negativo que destaco é o menu do mapa. A área do jogo é relativamente grande e possui diversos elementos em tela, mas a navegação no mapa é apenas para cima e para baixo, sem poder olhar detalhes de ícones ou dar zoom em algum local específico. Poderia ter algum aspecto que valorizasse mais o mundo do game, como por exemplo algo que detalhasse melhor a quantidade de colecionáveis por região.

    Veredito

    Ruffy and the Riverside se consolida como um plataforma 3D obrigatório para quem curte jogos retrô, e também para quem gosta de descobrir títulos com propostas criativas. A inspiração nos clássicos do gênero e sua bem executada mecânica de troca fazem desse um dos melhores games indie de 2025!

    Nossa nota

    4,7 / 5,0

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    Assista ao trailer:

    Ficha técnica de Ruffy and the Riverside

    Lançamento: 26 de junho de 2025

    Desenvolvido por: Zockrates Laboratories UG

    Publicado por: Phiphen Games

    Plataformas: PC (via Epic Games Store e Steam), PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X | S e Nintendo Switch (compatível com o Nintendo Switch 2)

    Número de jogadores: 1

    Gêneros: Ação, Aventura, Plataforma, Puzzle

    Idiomas: Português (Brasil), Inglês, Alemão, Japonês, Francês, Espanhol (América Latina), Coreano, Chinês simplificado, Chinês tradicional

    Preços: R$ 111,54 (Nintendo Switch), R$ 112,45 (Xbox). Valores para PC e PlayStation ainda não divulgados.

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