Indiana Jones e o Grande Círculo (Indiana Jones and the Great Circle) foi lançado para PC, Game Pass e Xbox X|S no dia 9 de dezembro. Situado entre os acontecimentos dos filmes Os Caçadores da Arca Perdida e A Última Cruzada, o game da MachineGames e Bethesda traz o personagem principal em mais uma grande aventura arqueológica para salvar a humanidade dos planos dos nazistas.
Com a história estabelecida em 1937, Indiana Jones e o Grande Círculo apresenta um mistério que envolve gigantes, igreja católica, egípcios e muito mais. Na pele do arqueólogo mais famoso do mundo, você precisa impedir que Hitler e seu capanga Voss coloquem as mãos em pedras repletas de poder e que podem condenar o mundo para sempre.
Confira nossa crítica sem spoilers da versão de Indiana Jones e o Grande Círculo para PC jogado com código fornecido pela Nuuvem.
Análise de Indiana Jones e o Grande Círculo
Existem algumas franquias que são simplesmente atemporais. Infelizmente, muitas delas estão nas mãos de executivos que esqueceram como se comunicar com o público, encarando seu legado muito mais pela visão financeira do que pelas possibilidades artísticas, culturais e educacionais que elas podem oferecer para as novas gerações.
Indiana Jones é uma das franquias que melhor soube explorar os mistérios do mundo, utilizando um personagem pouco comum para apresentar aventuras de tirar o fôlego. Muitos tentaram replicar esse formato, mas poucos tiveram um real sucesso em sua missão.
O grande charme de Indiana Jones estava, para além da excelente personificação criada por Harrison Ford, no alinhamento de grandes mentes do cinema. Afinal, não é todo dia que você tem Steven Spielberg, George Lucas e Ford em um mesmo projeto.
Jones era basicamente o personagem perfeito para se apegar: um professor com pouca paciência e de humor ácido, usando uma roupa comum e que era apaixonado por… história. Esse interesse incomum somado a aventuras direcionadas para situações como busca por relíquias tinha tudo para dar errado, mas felizmente o caminho foi outro e ele se tornou um ícone atemporal.
Ao longo do tempo, tivemos novas tentativas de reviver a magia de Indiana nas telonas. Dois novos filmes que pouco, ou nada, acrescentaram a já excelente trilogia do arqueólogo. Poderia ser o fim de uma das maiores franquias de todos os tempos. Mas, felizmente de novo, o caminho será outro.
Indiana Jones e o Grande Círculo é uma das melhores histórias de Jones até aqui e um dos grandes diferenciais que tornam o jogo especial é como os desenvolvedores acertaram em cheio no humor e na personalidade do protagonista. Seja pelas falas escrachadas, respostas atravessadas ou trocas de farpas com as pessoas por quem ele se interessa, as nuances do personagem estão todas aqui.
Na trama do game, Jones está se recuperando de sua última missão e tentando manter a vida calma. As rusgas com Marion seguem o caminho que já conhecemos, e encontramos o professor nesse momento um tanto frágil – mesmo que ele não admita abertamente isso. Em uma noite, ele escuta um barulho no museu e resolve investigar, encontrando literalmente um gigante roubando uma múmia de gato.
A partir daqui, investigamos o sumiço desse ídolo, apenas para entender que há uma trama muito maior acontecendo nos bastidores e que pode levar o mundo todo (adivinhe) às trevas. A teoria do Grande Círculo é explicada mais pra frente, após o que pode ser considerado um grande prólogo da história enquanto desbravamos os mistérios do Vaticano.
Não vou entrar em detalhes da história, pois acredito que esse seja um dos grandes pontos altos do jogo, e vale a pena cada jogador explorar essa lore de uma forma própria. Entretanto, é importante dizer que a MachineGames simplesmente absorveu as melhores qualidades dos filmes de Indiana Jones e concebeu uma aventura com a essência da franquia.
O game é realmente uma montanha-russa de acontecimentos. As explorações são fascinantes, combinando bons puzzles com embates desafiadores. A parte mais legal é poder utilizar qualquer item como arma para se defender, seja uma garrafa de vinho ou uma pá. O jogador também pode optar por outros recursos, como revólver, espingardas ou apenas o combate corpo a corpo, outra ótima sacada e que mantém um clima bem anos 1980.
Mapa e gameplay
Em Indiana Jones e o Grande Círculo você tem possibilidades ilimitadas de exploração. Absolutamente todos os locais do jogo possuem cavernas, construções, monumentos e afins para que o jogador desbrave livremente, sem amarras. Há possibilidades de exploração no solo, subsolo, embaixo d’água e no ar, permitindo que o game se torne um dos mais livres e interessantes quando o assunto é mapa, mesmo sendo em zonas abertas, e não um mundo aberto.
Ao apostar em localizações como Vaticano e na área das pirâmides do Egito, o jogo também brinca com o lado da curiosidade. Se você, assim como eu, adora histórias e teorias que tenham a ver com essas áreas históricas, irá se sentir particularmente atraído pelas diversas possibilidades de exploração e leitura.
Digo leitura porque existem muitos documentos, cartas e livros espalhados pelo jogo. Os livros aqui são formas divertidas e muito criativas de desbloquear habilidades, como técnicas de combate, cura mais rápida e outras especificidades. Aliás, o próprio menu é pensado de uma forma a preservar toda a essência do personagem: tudo acontece dentro de um diário de Jones que contempla o mapa, suas missões, pistas e muito mais.
As fotos dentro do jogo também são usadas de uma maneira que foge um pouquinho do comum. Por mais que em muitos jogos você use as fotos para “marcar” locais visitados, aqui são utilizadas como pistas para decifrar mistérios.
Com puzzles muito bem elaborados e que se conectam totalmente com os temas propostos pela história, Jones precisará tirar fotos de elementos que fazem parte desses desafios e utilizar as pistas para avançar na história. Cada foto dá pontos que podem ser trocados para desbloquear novas habilidades.
Confesso que no início fiquei um pouco perdida com essa questão dos pontos, pois não sabia que, mesmo coletando os livros, eu precisava desbloquear as habilidades dentro de cada um deles. Então, uma dica interessante é se familiarizar ao máximo com as opções dos menu e possibilidades, pois isso ajudará bastante no desenrolar da sua gameplay.
Apesar de você receber um mapa de papel em cada área e anexá-lo ao seu diário, infelizmente não é possível se teletransportar utilizando esse recurso. Isso pode ser algo ruim para quem quer tornar a gameplay um pouco mais rápida, pois por vezes você terá que caminhar longos espaços para retornar a determinado ponto do mapa.
Para usar o teletransporte é necessário encontrar placas de rua, que estão distribuídas ao longo dos cenários. Entretanto, elas não são tão fáceis de achar. Durante a parte final do jogo, eu passei uma situação bem estressante: meu barco sumiu por conta de um bug (acontece bastante), eu estava no meio da água – literalmente – e não tinha como me teletransportar para outro lugar. Também não tinha nenhum rádio por perto para chamar o barco de volta.
Nesse caso, acredito que ter uma forma de se movimentar mais rapidamente poderia ser uma ajuda, principalmente nesses momentos de bugs inesperados. Entretanto, como eu mencionei anteriormente, se você estiver familiarizado com as funções do jogo, pode prever possíveis problemas e contornar esses atrasos.
Mesmo que a viagem rápida dentro do mapa aconteça apenas da forma que eu mencionei, é possível utilizar esse recurso entre mapas independente da localidade. Por exemplo, se você está nas fases do Egito, mas quer retornar ao Vaticano por algum motivo específico, é só navegar pelo diário e escolher as missões do mapa anterior. Você será transportado para o ponto de spawn principal do mapa.
Dinâmicas das fases, jogabilidade e performance
Para além desses recursos, Indiana Jones e o Grande Círculo também reserva muitas dinâmicas bacanas. Existem muitas side quests que você pode se divertir caso não queira dar continuidade de imediato na história principal. Cada missão reserva descobertas diferentes, passando desde itens colecionáveis que você adiciona ao seu inventário, até novas descobertas sobre a história dos povos retratados no jogo.
Outro destaque legal está na possibilidade de andar disfarçado em cada missão. Mesmo utilizando um hábito católico para circular pelo Vaticano, por exemplo, os guardas podem desconfiar de Indiana e persegui-lo, criando um caos com outros soldados próximos.
Isso aconteceu comigo inúmeras vezes principalmente porque, antes da atualização mais recente que melhorou a luminosidade do jogo, existiam áreas que eu não conseguia enxergar absolutamente nada. Desta forma, várias vezes eu esbarrava em soldados que estavam à paisana escondidos na sombra de algum monumento (e na sombra eu não conseguia vê-los).
Aqui vale a pena fazer uma ressalva muito importante: Indiana Jones e o Grande Círculo é visualmente belíssimo. Os gráficos são lindos, a construção do mundo é feita nos mínimos detalhes. O jogo é um primor. Porém, a otimização no PC deixa a desejar em diversos momentos.
Meu PC possui as configurações básicas para rodar o jogo e tiveram diversos momentos em que passei por dificuldades. Mesmo pessoas com máquinas melhores que a minha relataram problemas ao longo da jogatina, seja com o DLSS que simplesmente não funcionava, seja com o driver da NVIDIA que literalmente prendeu muita gente para fora do jogo com erros bizarros relacionados à memória.
Sinto que a versão para PC não estava bem otimizada quando chegou ao público, algo que vem sendo cada vez mais comum em jogos de grandes empresas. O patch se tornou a regra, não mais a exceção, o que obriga o jogador a esperar por mais correções antes de finalmente começar a jogar.
Após os últimos updates, a performance está bem melhor. Os soldados que eu não conseguia enxergar antes, por exemplo, agora estão aparecendo normalmente e está mais mais fácil transitar em locais com pouca luz e cavernas. O DLSS voltou a funcionar corretamente, o que também ajuda bastante.
Um conselho é avaliar bem as especificações do seu PC, comparar com os requisitos e ficar de olho na sua VRAM. Sem pelo menos uma placa de vídeo com 8gb de VRAM é impossível mexer em algumas configurações do jogo, e você pode se sentir frustrado por isso, mesmo sendo possível jogar.
Voltando para as dinâmicas e jogabilidade, diversas fases serão concentradas em furtividade – caso você não queira sair na mão com todo mundo o tempo todo. É legal porque, como Jones possui um chicote característico, ele está totalmente integrado nas fases, auxiliando o personagem a escalar, pular de um lugar para o outro, puxar alavancas e muito mais.
Essas formas de trazer os itens indispensáveis do personagem para o jogo tornam a experiência ainda mais nostálgica. Esse sentimento se aplica ainda mais às fases que se passam em Sukhothai, onde você precisa explorar ruínas aparentemente abandonadas e que as entradas estão embaixo d’água.
O fato de existir uma cobra gigantesca, ao melhor estilo Anaconda, sabendo que esse é um dos maiores medos do personagem, torna tudo ainda mais divertido. A sensação é que, a qualquer momento, a cobra pode brotar de algum lugar e te abocanhar, o que leva o jogador a ficar completamente paranoico.
Apesar de não concentrarem a melhor parte da história, as fases em Sukhotai são certamente as mais inventivas e que mesclam várias dinâmicas como escalar, atirar arpões, exploração embaixo d’água e… ansiedade.
Acredito que o fator surpresa seja outro grande ponto positivo desse jogo. Você não espera que, de repente, estará pilotando um avião em outra parte do mundo. Ou que escorpiões vão te perseguir do nada no meio do deserto. Conseguir explorar tão bem essas possibilidades e apresentar de maneira coesa, com uma gameplay divertida e jogabilidade simples, realmente torna o game uma experiência que vale a pena.
Sei que disse que não entraria muito na história para não dar spoilers, mas é indispensável falar da boa construção dos personagens secundários. Apesar de achar que existia espaço para um aprofundamento maior de Gina, ainda assim o game consegue construir um roteiro interessante para unificar o seu sofrimento com a história e missão de Indiana. São personagens que funcionam bem juntos e tem um humor muito especial.
Veredito
Como fã da franquia, Indiana Jones e o Grande Círculo era tudo o que eu esperava de um jogo do personagem. É engraçado, inventivo, instigante e possui uma excelente história. Ao manter a essência que fez com que uma geração se apaixonasse por esse personagem ao longo de décadas, a MachineGames e Bethesda fomentam o caminho para a construção de novos capítulos na história do arqueólogo mais famoso do mundo.
4,5 / 5,0
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Assista ao trailer:
Ficha técnica de Indiana Jones e o Grande Círculo
Lançamento: 9 de dezembro de 2024
Desenvolvido por: MachineGames
Publicado por: Bethesda Softworks
Plataforma: PC, Xbox Series X|S e Game Pass
Número de jogadores: 1
Gêneros: Aventura, Ação
Idiomas: Português (Brasil), Inglês, Francês, Alemão, Espanhol (Espanha e América Latina), Árabe, Japonês, Coreano, Polonês, Russo e Chinês.
Preço: A partir de R$ 349,00 (PC), a partir de R$ 349,95 (Xbox Series X|S). Incluso gratuitamente na assinatura do Game Pass.