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    REVIEW – Eternal Strands honra referências e constrói identidade própria marcante

    Eternal Strands é um jogo de ação e aventura com magia que marca a estreia do estúdio Yellow Brick Games. O novo título será lançado neste dia 28 de janeiro para PC, PlayStation 5, Xbox Series X|S e Game Pass.

    A empresa é formada por veteranos do mercado gamer, tendo como lideranças Mike Laidlaw (diretor criativo de Dragon Age) e Frédéric St-Laurent (game designer de Assassin’s Creed Syndicate).

    Além da experiência dos profissionais na indústria, Eternal Strands chega com a responsabilidade de fazer jus às referências que seus criadores afirmam que serviram como fontes de inspiração.

    Títulos como Shadow of the Colossus, Monster Hunter, The Legend of Zelda: Breath of the Wild e Dragon’s Dogma estão entre os games mencionados pela Yellow Brick Games na entrevista que fizemos com Head de Marketing do estúdio, Natalie Puchalski, durante a gamescom 2024, na Alemanha.

    A expectativa se tornou grande por conta do título de estreia de uma empresa indie ter como referência jogos tão importantes e marcantes como esses. Seu anúncio como lançamento Day One no Game Pass aumentou ainda mais o interesse do público.

    Em Eternal Strands controlamos Brynn, uma jovem tecelã destemida que está determinada a reaver o lar cultural do seu povo. Com habilidades mágicas poderosas e um arsenal de armas mágicas a seu dispor, precisaremos derrotar inimigos que vão desde humanoides artificiais a criaturas colossais.

    Confira a seguir o review do jogo para PC.

    Análise de Eternal Strands

    Ter um amplo repertório na indústria AAA e se inspirar em grandes franquias que fizeram história no mundo dos games. É com esse status que um time liderado por desenvolvedores veteranos dá vida ao estúdio independente Yellow Brick Games e ao seu primeiro jogo, enquanto chamam para si a responsabilidade de honrar as referências que serviram como base para criar sua primeira aventura.

    E Eternal Strands consegue valorizar os elementos de grandes títulos para criar sua própria identidade no mercado. A ambição é de fazer história como as gigantes do mercado, e isso se traduz numa gameplay ambiciosa e com chefes colossais.

    O novo jogo de ação e aventura inicia com cutscenes que dão o ar da sua versatilidade. Isso porque o começo da jornada mistura modelagem 3D, desenho animado e diálogos ilustrados como se tivessem saído de um clássico literário. As diferentes abordagens contextualizam quem é Brynn, os personagens do bando, o que é o Véu e o reino de Enclave.

    O início da jornada da protagonista apresenta um breve tutorial das mecânicas básicas de movimentação e combate, incluindo dois poderes mágicos: um cinético (similar a Ultrahand de Zelda Tears of the Kingdom), outro de gelo. Além da magia, Brynn também pode utilizar espada e escudo, arco e flecha e armas de duas mãos.

    Os primeiros passos também são o momento de mostrar como funciona a conexão à distância entre Brynn e seu grupo, liderado por Ória, especialmente no que diz respeito ao teletransporte de volta ao bando em situações de derrota ou quando esse recurso é desbloqueado ao longo da aventura.

    Nessa experiência inicial também há espaço para um combate breve contra um grande dragão. Essa pequena amostra já mostra a intensidade e a dimensão das criaturas que serão enfrentadas ao longo da história.

    Foco narrativo conduz a exploração por lindas áreas abertas

    A base do bando é o ponto de partida para as diversas áreas abertas. O ritmo dos dias é dividido em três turnos: manhã, tarde e noite. Entrar numa das zonas faz com que o tempo passe, assim como é possível dormir na sua tenda para acelerar o dia.

    Os turnos afetam a variedade de itens e inimigos que serão encontrados em cada área. Explorar à noite oferece a chance de encontrar uma planta específica essencial para uma missão secundária envolvendo uma companheira de bando, por exemplo.

    Além dos turnos do dia, os locais também são afetados pelas condições climáticas que, tal qual o mundo atual, podem mudar drasticamente num piscar de olhos e gerar surpresas desafiadoras – como a facilidade de gerar incêndios.

    Reatividade é a palavra-chave para descrever tanto a magia, quanto os recursos elementais em Eternal Strands. O mundo é vivo e muito rico em todos os sentidos. A experiência é prazerosa graças aos belos ambientes com cores que se destacam, assim como pela reação que cada elemento natural causa nos inimigos e no cenário.

    Dar um golpe mais intenso ou usar magia de fogo num dia em que o clima está muito quente causa incêndios que se alastram com mais facilidade. Nos climas gelados, usar magias de gelo se tornam ainda mais eficazes para construir pontes e abrir novos caminhos.

    Outro ponto muito interessante é que os próprios adversários colossais (os Épicos) são itinerantes. Isso pode tornar o enfrentamento mais fácil ou mais desafiador, dependendo da região que você encontrar o monstrão que deseja enfrentar.

    Os Épicos variam de grandes Arcs em que você precisa acertar áreas específicas para derrotá-los, até monstros como dragões que impõem dificuldade por voarem por aí. Além do prazer de vencê-los, é importante ir em busca desses desafios opcionais porque Brynn pode extrair fios dos adversários, recurso responsável por habilitar novas magias ou aumentar o nível dos poderes que ela já possui.

    A base do grupo é o local para fortalecer vínculos com os personagens, ampliar o conhecimento sobre a enredo com base em diversos itens encontrados nas áreas abertas, e habilitar novos equipamentos e habilidades mágicas. É também o único local que permite o salvamento manual.

    A maioria das conversas em Eternal Strands são dubladas em inglês e francês, e o trabalho de dublagem é muito bem feito.

    A história oferece uma boa variedade de escolhas nos diálogos entre Brynn e seus colegas de bando, mas não achei que o jogo entregou uma experiência consistente que evidencie a importância de escolher as respostas. Não parece ter um real impacto no desenvolvimento da personagem, especialmente nas primeiras horas do jogo, quando ela ainda está conquistando seu espaço de liderança na equipe.

    Mesmo assim, a narrativa conta com reviravoltas interessantes.

    Gameplay de Eternal Strands é diferenciada e prazerosa

    Criar uma habilidade cinética com física similar a Ultrahand de Zelda. Oferecer uma exploração ampla e combate contra monstros selvagens inspirados em Monster Hunter e Dragon’s Dogma. Impor grandes desafios com criaturas colossais como as de Shadow of the Colossus. Esses ingredientes no caldeirão da Yellow Brick Games geraram uma experiência marcante e prazerosa.

    Mas a gameplay se diferencia também porque há elementos menores de outros jogos que fazem história em seus gêneros. A exploração recompensadora, em que com frequência você abre um loot com itens interessantes, remete a diversos títulos que se destacam por esse motivo. Esse aspecto me lembrou especialmente Diablo IV, até pela similaridade do estilo artístico de alguns objetos, como os tônicos de vida na cor vermelha.

    Outro ponto que torna a exploração bem agradável é a possibilidade de escalar tudo. Absolutamente tudo. Suba num prédio na cidade de Dynevron e pule entre as edificações como se estivesse jogando um Assassin’s Creed. Isso é muito bom para agilizar a ida de um ponto ao outro nesse que é um dos melhores locais do jogo, sem precisar lidar com os desafiadores Arcs dessa área.

    Na entrevista que fiz com a Natalie, ela disse uma frase que traduz muito bem a experiência com as habilidades especiais de Brynn: mágica realmente parece mágica.

    Essa de fato é a grande qualidade de Eternal Strands junto com seus lindos visuais. Usar gelo permite imobilizar os adversários por um tempo, inclusive os Épicos se você prender seus pés no chão. O gelo também ameniza o calor nas superfícies que estão pegando fogo.

    É interessante como a física é incrível e se combina com uma magia fantasiosa, no sentido de não ser exatamente como as reações do mundo real. O gelo, por exemplo, ameniza o calor, mas não derrete para que a água seja responsável por apagar o fogo. Da mesma forma, se você usar fogo contra o gelo ele vai se quebrar aos poucos, e não derreter.

    Esses comportamentos permitem fazer combinações bem efetivas com outras habilidades. Por exemplo, atear fogo nos adversários e em parte do piso, usar a magia cinética para pegá-los e jogá-los contra a superfície em chamas para que tomem dano tanto do fato de terem sido jogados, como do próprio fogo. Depois, congelá-los e descer o sarrafo com alguma de suas armas.

    A magia não é ilimitada e possui uma barra com cooldown. A necessidade de carregar também se aplica para os movimentos básicos e de combate. Dessa forma, é muito importante ter atenção a esses medidores, especialmente ao enfrentar Épicos e inimigos menores ao mesmo tempo.

    Ótimo trabalho técnico

    A física responsiva e o mundo vivo de Eternal Strands estão bem acompanhados de um maravilhoso trabalho de áudio. Recomendo que você aproveite o jogo usando fones de ouvido, pois melhora muito a experiência de ouvir a agradável trilha sonora, os efeitos da magia e, principalmente, os passos (ou o bater de asas) dos Épicos ao longe.

    O sound design se destaca em Eternal Strands, pois cria uma ambientação muito agradável nos momentos de exploração, e de real perigo quando você estiver passando por dificuldades em intensas batalhas.

    Além disso, também é importante destacar a performance do jogo. Ela não é sólida na manutenção dos 60 FPS ou mais, mas é bem feita. Foram raros os momentos de uma queda acentuada. A única situação que me motivou a fazer essa ressalva foi durante um combate contra um Épico que usa poderes cinéticos, pois a grande quantidade de efeitos na tela fez o jogo travar um pouco.

    No geral, as quedas de FPS aconteceram mais em cutscenes 3D nas primeiras horas de gameplay. Achei estranho, contudo não estragou a experiência.

    Veredito

    O mundo vivo com estilo artístico maravilhoso e física responsiva, capaz de fazer mágica realmente parecer mágica, são os grandes destaques de Eternal Strands. O ótimo jogo de estreia do estúdio Yellow Brick Games mostra que é possível misturar referências de franquias lendárias para criar uma aventura épica com sua própria identidade marcante.

    Nossa nota

    4,5 / 5,0

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    Assista ao trailer:

    Ficha técnica de Eternal Strands

    Lançamento: 28 de janeiro de 2025

    Desenvolvido e publicado por: Yellow Brick Games

    Plataformas: PC (via Steam e Epic Games Store), PlayStation 5, Xbox Series X|S e Game Pass

    Número de jogadores: 1

    Gêneros: Ação, Aventura, Fantasia, Terceira Pessoa

    Idiomas: Português (Brasil), Inglês, Francês, Alemão, Japonês e Chinês Simplificado

    Preço: R$ 107,77 (PC), R$ 147,45 (Xbox), R$ 214,90 (PlayStation). Gratuito para assinantes do Game Pass.

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