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    REVIEW – Dragon Ball: Sparking! Zero é quase o jogo definitivo da franquia

    Dragon Ball: Sparking! Zero é o quarto jogo da aclamada franquia Budokai Tenkaichi, que fez sucesso no PlayStation 2 e no Nintendo Wii. Desenvolvido pela Spike Chunsoft, o novo game será lançado pela Bandai Namco no dia 11 de outubro para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S, com acesso antecipado ocorrendo a partir deste dia 7 de outubro para quem comprou as edições Deluxe ou Ultimate.

    A série Budokai Tenkaichi era conhecida dessa forma no ocidente, com a versão oriental recebendo o nome de Sparking! Após 17 anos sem um novo game, com esse lançamento a Bandai Namco unifica de vez a nomenclatura para seguir a identidade japonesa adotada nos três primeiros títulos: Sparking! (2005), Sparking! Neo (2006) e Sparking! Meteor (2007) – Budokai Tenkaichi 1, 2 e 3 como seus títulos ocidentais, respectivamente.

    O novo jogo de Dragon Ball conta com mais de 180 personagens jogáveis, o maior número na história da franquia. Sparking! Zero inclui figuras de Dragon Ball GT e da futura animação Daima, último trabalho de Akira Toriyama, criador da série que faleceu em 1º de março de 2024. Também é o primeiro da saga em que a desenvolvedora Spike Chunsoft usa a Unreal Engine 5.

    Dragon Ball: Sparking! Zero conta a história de toda a franquia cânone de uma maneira distinta e pela perspectiva de diferentes personagens. O game também oferece recursos de montagem de batalhas personalizadas, sistemas de missões e recompensas, ferramentas de treinamento, e multiplayer local e online.

    Confira a seguir o review de Dragon Ball: Sparking! Zero jogado no PC.

    Análise de Dragon Ball: Sparking! Zero

    17 anos é realmente muito tempo. É o suficiente para uma geração inteira não ter contato com uma série de jogos. Mas, felizmente, a espera acabou e agora tanto os fãs de longa data, quanto quem nunca teve a oportunidade de jogar os títulos de Budokai Tenkaichi / Sparking! podem aproveitar uma experiência moderna e visualmente linda.

    O novo jogo de Dragon Ball chamou minha atenção desde o primeiro momento por conta de seus visuais, que misturam o estilo artístico inconfundível de Akira Toriyama com a modernização de seus traços, graças aos recursos da Unreal Engine 5 e do ótimo trabalho de modelagem 3D dos personagens e dos ambientes clássicos do anime.

    Só que Dragon Ball: Sparking! Zero é muito mais do que um visual bonito.

    O primeiro grande acerto é o seu modo história (Batalha de Episódio), que conta o longo enredo de diferentes eras de uma maneira bem interessante. Você pode iniciá-lo sob a perspectiva de diversos personagens, entre eles Goku, Vegeta, Piccolo, Freeza e Goku Black. Tem mais opções, mas vou deixar você se surpreender por conta própria conforme avança na aventura.

    Essa possibilidade agrega muitas horas de gameplay a histórias que já são de amplo conhecimento, especialmente os clássicos arcos dos Saiyajin, de Freeza e de Cell, que passaram aos montes nos anos 1990 e 2000 na TV aberta brasileira.

    O modo história alterna entre as principais batalhas do personagem escolhido e animações que resumem os acontecimentos entre um confronto e outro. Como cada arco do anime conta com diversos enfrentamentos, alguns inclusive entre mais de um personagem, Dragon Ball: Sparking! Zero limita sempre a quem você escolheu para jogar naquele momento.

    Quando os acontecimentos envolvem mais de um personagem jogável, você pode curtir as batalhas do outro protagonista quando experienciar sua jornada, inclusive tendo uma perspectiva diferente em alguns momentos. É muito legal essa alternância porque por vezes as cutscenes dão um contexto maior sobre um determinado acontecimento a partir da ótica do herói (ou vilão) que você está controlando.

    Apesar dessa nova forma de contar a longa saga de Dragon Ball, fico um pouco dividido sobre a escolha de usabilidade para que esse sistema funcione. Isso porque não é possível alternar o protagonista após uma batalha sem ter que sair para o menu principal do jogo.

    Penso que em alguns momentos seria útil ter uma forma rápida de alternar, especialmente nas primeiras sagas, quando as histórias de Goku e Vegeta são totalmente interligadas. A abordagem escolhida não é algo que estrague a experiência, longe disso, mas pode ser um pouco truncada para quem quiser conferir todo o enredo de uma maneira mais linear, similar ao que acontece no anime.

    O modo história conta ainda com alguns momentos para selecionar o que o protagonista deve fazer numa cutscene. A sua escolha altera a batalha que acontecerá a seguir, deixando de seguir um confronto canônico para um alternativo, estilo what if? (e se?).

    Além disso, alguns diálogos permitem que você altere a visão da câmera entre o que é destacado pelo jogo e o ponto de vista do seu personagem. Sinceramente, não muda muita coisa, mas foi uma tentativa válida de aumentar um pouco o dinamismo dos momentos de conversa num jogo focado em luta.

    Jogabilidade e performance de Dragon Ball: Sparking! Zero

    Dragon Ball: Sparking! Zero no PC aguenta muito bem os rápidos combates cheios de efeitos sonoros e visuais. A performance do jogo é ótima e raramente apresenta bugs. Nesses últimos dias em que pude jogar antecipadamente experienciei bugs em apenas duas oportunidades.

    Na primeira vez, meu personagem tomou um golpe no ar, caiu e ficou caído. Precisei reiniciar a batalha. No segundo caso algo aconteceu que a câmera se perdeu por alguns segundos e apresentou uma visão vista extremamente de cima, muito além do que se pode voar. Depois, voltou ao normal.

    Apesar dessas situações pontuais, é realmente primoroso o trabalho técnico porque as batalhas são muito dinâmicas e cheias de efeitos, e tudo isso não compromete a performance.

    A jogabilidade de Dragon Ball: Sparking! Zero é outro ponto que merece elogios. As mecânicas de combate são extremamente agradáveis: uma mistura da simplicidade dos jogos de PlayStation 2 com o potencial trazido pela expansão do rooster para mais de 180 personagens, algo que agrega diversas transformações e fusões.

    O novo jogo de Dragon Ball lançado em 2024 se destaca pelos lindos gráficos, alta performance e jogabilidade cheia de novidades
    Créditos: Emerald Corp

    Os comandos básicos são bem intuitivos e funcionam muito bem. Eu me viciei em aplicar golpes corpo a corpo com a facilidade de se teletransportar para esquivar de um contra-ataque, ou simplesmente para elevar o número de combos usando poderes e ataques especiais. As mecânicas de defesa também contam com a possibilidade de aparar golpes e contra-atacar rapidamente pressionando o joystick direito no tempo correto.

    Esses recursos combinados fazem valer a máxima de que o melhor ataque é a defesa, pois possibilita muitas vezes se desvencilhar de uma situação desafiadora e iniciar um combo poderoso.

    O modo Sparking também é excelente. É possível ativar essa nova forma de poder quando o contador do nível de habilidade estiver em 1 ou superior. Esse boost temporário facilita com que os combos corpo a corpo sejam maiores, além de ativar a cereja do bolo: um golpe especial extremamente poderoso que varia conforme o personagem.

    Também merece destaque o fato de que os poderes podem colidir. Isso pode acontecer tanto entre golpes especiais físicos, quanto envolvendo poderes. Nessas situações, o jogo ativa a tradicional mecânica de pressionar os botões de ação conforme aparecem na tela, com a diferença de que o RT funciona como um reforço.

    Apesar de não ser algo inédito nos jogos de luta 3D, nem mesmo na franquia, dois pontos chamam atenção nessa dinâmica.

    O primeiro é que pode acontecer mesmo entre os poderes especiais do modo Sparking. O segundo é que o personagem vencedor na dinâmica dos botões de ação pode ficar temporariamente cansado, caso a disputa tenha sido muito acirrada.

    O mais legal é que o tempo de cansaço vai depender muito do desempenho do vencedor, então por vezes é algo tipo dois segundos, mas pode durar uns cinco. Isso faz uma grande diferença na batalha e é mais justo com quem perdeu a dinâmica por pouco, possibilitando que se reabilite bem mesmo após um ataque colossal.

    Além disso, Dragon Ball: Sparking! Zero conta com duas dificuldades: normal e reduzida. A normal é equivalente ao difícil, e a reduzida é como se por vezes fosse fácil e outras intermediária, dependendo de quem é o seu adversário.

    Fiquei muito surpreso com a dificuldade padrão ser bem desafiadora e não ter um terceiro nível propriamente chamado de “difícil”, e isso é realmente bom para quem gosta de intensas batalhas, mesmo contra a CPU.

    Batalhas personalizadas, treinamentos e torneios

    É comum que os jogos de Dragon Ball contem com multiplayer (online e local) e sejam baseados em torneios padronizados ou personalizáveis. Isso também está presente em Sparking! Zero, mas o que realmente se destaca são as batalhadas personalizadas.

    Esse modo inédito oferece batalhas que misturam experiências de diversos arcos da franquia, aproveitando bem o potencial dos mais de 180 personagens disponíveis.

    Os confrontos são requisitos para cumprir missões e receber recompensas in-game. Isso torna mais interessante misturar heróis e vilões de diferentes eras do que simplesmente criar um torneio contra CPU que não vale nada.

    Além das batalhas personalizadas oferecidas pelo game, você pode criar suas próprias partidas para jogar localmente ou compartilhá-las para que o mundo todo possa acessar online.

    O editor das batalhas personalizadas é dividido em modo simples, normal e copiar edição (que permite usar como base outras criações). O simples é mais rápido e com customizações limitadas, deixando a cargo das configurações predefinidas a montagem da maior parte dos recursos.

    Por sua vez, o modo padrão oferece configurações como: seleção de personagens, ambiente de batalha, efeitos, edição de cena, tela de título e miniatura. Apesar de possibilitar uma composição mais detalhada, o editor padrão das batalhas customizadas é um tanto “quadrado”. Poderia ser mais intuitivo e dinâmico para atrair um público maior a essa ferramenta inédita que tem um apelo à construção de comunidade online.

    Vale destacar também os treinamentos, que são bem divididos para ensinar de maneira didática movimentos iniciantes, intermediários e avançados, além de explicar alguns detalhes de gameplay que podem ser interessantes principalmente para quem deseja aproveitar ao máximo cada situação nas batalhas.

    Missões e recompensas com personagens poderosos

    A aba desafios e missões conta com as Ordens de Zen-Oh (o rei dos 12 universos da franquia) e o Livro de Figuras do Whis (o anjo guia do Universo 7, servo do Deus da Destruição, Beerus).

    A primeira opção é repleta de missões, sendo que diversas são facilmente completáveis, como ao usar cada personagem pela primeira vez. As recompensas são super variadas, indo de títulos para customizar sua identidade de jogador(a) até o desbloqueio de personagens.

    Por sua vez, o Livro de Figuras do Whis segue uma lógica similar, mas conta com recompensas diferentes. Entre elas a possibilidade de receber esferas do dragão.

    Ambos menus oferecem recompensas importantes e agregam muito valor à jornada, que te recompensa em praticamente qualquer ato dentro dos variados modos de jogo.

    Além deles, há também o menu “Apareça…” onde é possível invocar Shenlong, Porunga e Super Shenlong ao coletar as sete esferas respectivas de cada dragão. Invocá-los é uma oportunidade de receber boas recompensas, entre elas desbloquear novos personagens, subir de nível e concluir uma batalha de episódio.

    Aspectos de usabilidade que poderiam ser melhores

    Apesar dos importantes méritos do jogo, Dragon Ball: Sparking! Zero tem alguns aspectos de usabilidade que poderiam ser melhores. Um deles é a já mencionada experiência um pouco truncada para alternar os protagonistas no modo história.

    Outro recurso envolvendo alterar algo é a forma como se escolhe a dificuldade. Em meio à experiência nas batalhas de episódio, você precisa apertar ZL para ele alterar para o outro nível. Não é possível saber em qual você está no momento em que pressiona o botão. Também não é possível trocar durante uma batalha, obrigando a sair para o menu e fazer essa troca com o ZL.

    Equipar itens durante o modo história também é algo que o jogo não possibilita. Dessa forma, é preciso sair para o menu principal e ir até a opção de personalização. Isso causa uma fricção na experiência que poderia ser facilmente resolvida no menu da batalha de episódio.

    Por fim, outro estranho ponto na UX (user experience) são alguns recursos mal explicados. O que mais me chamou atenção foi o relacionado aos objetivos secundários, que só são habilitados no modo história se você estiver jogando na dificuldade normal.

    Ao acessar o menu durante a batalha você consegue ver o objetivo secundário que pode te possibilitar vencer o adversário. Há partidas cuja missão é “vencer rapidamente o adversário”, mas não diz quanto tempo é “rapidamente”. Também é estranho porque a condição é zerar a vida do inimigo, que acaba sendo também o objetivo principal do duelo…

    Veredito

    Dragon Ball: Sparking! Zero inova em seu modo história de maneira que agrega muitas horas de jogo além do que o enredo linear com poucos protagonistas ofereceria. O novo modo de batalhas personalizadas torna a experiência mais interessante fora da narrativa tradicional, embora a ferramenta de edição tenha potencial para ser melhor em títulos futuros.

    O jogo é quase a experiência definitiva da saga Budokai Tenkaichi, pois traz relevantes inovações a uma série consagrada, além de ter lindos gráficos e performance condizente aos hardwares atuais. Só não chegou a esse status porque há espaço para fazer pequenos refinamentos que podem levar o próximo título a essa nobre distinção.

    Nossa nota

    4,7 / 5,0

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    Assista ao trailer:

    Ficha técnica de Dragon Ball: Sparking! Zero

    Lançamento: 11 de outubro de 2024

    Desenvolvido por: Spike Chunsoft

    Publicado por: Bandai Namco

    Plataformas: PC (via Steam), PlayStation 5 e Xbox Series X|S

    Número de jogadores: 1 a 2 (multiplayer local e online)

    Gêneros: Ação, Luta 3D

    Idioma: Português (Brasil), Inglês (dublagem inclusa), Francês, Italiano, Alemão, Espanhol (Espanha), Árabe, Indonésio, Espanhol (América Latina), Polonês, Russo, Chinês simplificado, Chinês tradicional, Japonês (dublagem inclusa), Coreano, Tailandês

    Preços: Edições a partir de R$ 282,50 (PC), R$ 349,90 (PlayStation e Xbox)

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