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    CRÍTICA – Homens de Barro discute masculinidade frágil na zona rural de Porto Alegre

    Homens de Barro está em cartaz nos cinemas brasileiros desde 6 de fevereiro. O filme é uma coprodução entre Brasil-Argentina dirigido por Angelisa Stein e codirigido por Fernando Musa.

    O elenco de Homens de Barro é formado por Gui Mallmann, João Pedro Prates, Alexandre Borin, Cassiano Ranzolin, Rafael Guerra, Gabriela Greco, Felicitas Chaves, Néstor Monasterio, Bruno Fernandes, Artur Gaudenzi e Mariana Catalane.

    Confira a crítica logo após a sinopse oficial.

    Sinopse de Homens de Barro

    Em meio a uma velha rivalidade entre famílias, os rapazes Pássaro e Ângelo vivem um romance proibido, desafiando a culpa e seus próprios medos para viver um grande amor e moldar o próprio destino.

    Análise

    O cinema gaúcho entra mais uma vez em cena com o primeiro longa-metragem de Angelisa Stein. Em Homens de Barro, a produtora e agora diretora dá vida a um filme denso, que explora os pormenores da masculinidade tóxica em espaços onde o que restou foi apenas ressentimento e amargura. É uma obra corajosa e resiliente, ainda que a pós-produção deixe a desejar.

    Uma coprodução Brasil-Argentina, o filme se passa na zona rural de Porto Alegre, onde uma antiga rixa familiar perpetua um ciclo de ódio e desavenças. Homens de Barro é dividido em dois atos. No primeiro, acompanhamos os conflitos entre os patriarcas das famílias Tamar e Miranda, ambos oleiros que desprezam um ao outro, a ponto de proibirem seus filhos, Pássaro (Gui Mallmann) e Marciano (Alexandre Borin), de serem amigos. O filme constrói muito bem essa inimizade, reforçando os estereótipos passados de pai para filho, assim como o autoritarismo e a violência.

    Após um dos homens ser assassinado e o outro desaparecer, Homens de Barro se transforma em uma história de amor proibido. Pássaro e Ângelo (João Prates), o filho caçula dos Miranda, começam a se envolver romanticamente.

    Um dos acertos de Stein é a forma como estabelece essa relação de maneira gradual, com aproximações sutis que evoluem para uma conexão carregada de ternura e desejo. De um lado, Pássaro é um jovem sem grandes ambições, mas que sente uma necessidade latente de liberdade; do outro, Ângelo surge como alguém de fora, trazendo novas perspectivas e possibilidades.

    O romance entre os jovens desperta a ira do irmão mais velho. Marciano, infelizmente, não tem o mesmo desenvolvimento que o casal protagonista, o que é uma pena, mas a descoberta da relação entre Pássaro e Ângelo o faz buscar vingança. Assim, os dois jovens acabam perpetuando uma rixa que não pertence mais a eles, mas que, por peso familiar, continua a minar as relações entre as famílias.

    Roteirizado pelos argentinos Gonzalo Heredia e Fernando Musa, o longa apresenta uma narrativa potente e marcante, mas que, mesmo com a cena final, não atinge seu ápice. Isso acontece porque falta substância, com momentos que poderiam explorar melhor a ambiguidade dos três personagens centrais e o ambiente ao redor.

    A carga dramática é insuficiente, o que se soma a uma execução que precisava de mais lapidação antes do lançamento, especialmente na edição de som — ainda que a trilha sonora seja um ponto positivo.

    Por outro lado, é nítido que os atores principais estão bastante confortáveis e confiantes em seus papéis, o que confere uma certa veracidade ao filme. A tentativa de apresentar o desfecho logo no início da história, assim como a narração em off de Ângelo, são recursos interessantes e instigantes. No entanto, a sensação final é de que Homens de Barro é um filme pela metade: cria boas narrativas, mas não desenvolve ou finaliza nenhuma delas de forma satisfatória.

    Veredito

    Reforçando o cinema gaúcho, Homens de Barro conta a história de uma rixa familiar e um amor proibido no cenário rural de Porto Alegre. Ao tocar em temas como homossexualidade e masculinidade tóxica, o filme constrói uma narrativa com potencial, mas que, muitas vezes, é desperdiçada por uma produção tecnicamente frágil. Ainda assim, o elenco — mesmo pouco experiente — entrega o necessário para dar vida aos personagens.

    Nossa nota

    3,0 / 5,0

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    Assista ao trailer:

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