Enxame (Swarm), nova produção da Prime Video, já está disponível no streaming. Com 7 episódios no total, a série traz em seu elenco nomes como Dominique Fishback, Chloe Bailey, Nirine S. Brown, Billie Eilish e Paris Jackson.
Confira nosso review sobre a produção.
Sinopse de Enxame
A obsessão de uma jovem fã por uma estrela pop a leva a uma reviravolta sombria em sua admiração.
Análise
A nova produção de Donald Glover (Atlanta) e Janine Nabers é uma verdadeira obra-prima. E não digo isso pelas alusões da série com a realidade (tem um “que” de inspiração na cantora Beyonce e seus fãs mais aficionados), mas pela incrível e talentosa Dominique Fishback, que dá vida a personagem principal chamada Dre.
Enxame é antes de tudo um estudo de personagem, a carga dramática e potente que Fishback proporciona é uma viagem a psique de Dre. Á medida que conhecemos suas motivações, adentramos mais ainda em sua devoção cega pela cantora pop Ni’jah (Nirine S. Brown). De certa forma, o espectador se torna testemunha tanto do amor de Dre pela artista e pela amiga morta, como também cumplice de seus assassinatos.
Em cada episódio da série, vemos Dre disposta a mover céus e terras pela sua artista favorita, desde estourar cartões de crédito a viajar quilômetros para ver shows, atos que são cabíveis para alguns fãs. Mas, para Dre, não se trata apenas de conseguir o melhor lugar no espetáculo: desde a morte de sua melhor amiga Marissa (Chloe Bailey), ela caça através do twitter os haters de sua musa.
É como se a morte de sua amiga fosse um rito de passagem. Dre passa de uma menina calada e com falta de tato para interações sociais para alguém que mata sem nenhum escrúpulo. Ela tem todos os arquétipos dos serial killers: viaja pelos Estados Unidos, usa um modus operandi e tem até uma forma de discernir quem merece morrer, perguntando a vítima: “Quem é seu artista favorito?”.
Para Dre, não existe absolutamente ninguém acima de Ni’jah e em certos momentos é até compreensível sua adoração. Ela cresceu sofrendo bullying na escola e sendo negligenciada pelos pais adotivos.
Como uma menina negra, Ni’jah era sua única figura de afeiçoamento e inspiração. Por ser sempre invisibilizada e tratada como ninguém, Dre é uma pária e por isso, para ela tornou-se tão fácil matar sem ser pega.
O próprio episódio seis, “Fallin’ Through the Cracks”, no qual uma detetive começa a traçar a matança de Dre pelo país, explana de maneira concisa o sentimento de não pertencimento da personagem, sem ela ao menos aparecer em tela. Inclusive, o episódio inteiro é como se fosse uma daqueles documentários sensacionalistas de “true crime” e funciona tanto como uma piada, como também um aviso no meio de um show de drama.
Enxame tem desses momentos no qual ou você acha tudo muito absurdo ou lembra que já ouviu algo do tipo. Por isso, o lembrete no começo de cada episódio seja tão especifico: “Esta não é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, ou eventos reais, é intencional”. Em meio as redes sociais e idolatria exageradas a artistas, trata-se de mais uma tentativa da série em fazer o espectador perceber que pessoas como Dre são reais.
Produção é um ponto positivo
Apesar de cada episódio de Enxame ser baseado em um rumor da internet, seu tom ainda é bastante fantasioso e isso se dá pelo time de produção. Além de cocriadores, Janine Nabers e Donald Glover escrevem e dirigem alguns episódios, o irmão do ator, Stephen Glover também assina a série.
O trabalho exímio dos criadores leva a série a diferentes abordagens de filmagem, roteiro e direção. Um dos grandes momentos do show é quando Dre consegue chegar perto de sua musa Ni’jah. O ato que acontece na cena não é visto, mas o impacto visual é gigante apenas no processo de condução e na performance de Dominique Fishback. Outro destaque é a sonorização: antes de atacar alguém se ouve um zumbido de abelhas, como se Dre estivesse se preparando para o ato.
Já o episódio quatro, “Running Scared”, onde Dre conhece uma seita de empoderamento feminino cheio de garotas brancas e que tem Eva (Billie Eilish) como líder, é um momento para a personagem principal encarar seu verdadeiro eu.
É interessante como Dre consegue se abrir com Eva, já que ela é quase um Ni’jah menor, rodeada de pessoas que a cultuam. Logo, Dre consegue ter um deslumbre de lucidez e encarar que gosta de matar pessoas, sem seu frenesi automático que permeia toda a série.
É um pouco frustrante que a produção parta para uma próxima jornada rápido demais, mas é assim que Dre funciona. Não precisamos de muitas explicações para seus atos, até porque a própria Dre nunca se questiona. Seu amor por Ni’jah é o que a supre e isso fica evidente no último episódio.
Seja alucinação ou não, Dre alcança um estado mental de elevação muito acima de qualquer magoa ou ressentimento da personagem, e isso para ela basta.
Veredito
É errôneo colocar Enxame apenas como a série “da Beyonce” ou sobre “os perigos do fandom”, já que a produção apresenta muito mais. É acima de tudo um debate profundo sobre negligencia e invisibilidade de uma jovem negra. Sem dúvidas, uma das melhores series do ano.
5,0 / 5,0
Assista ao trailer: