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    CRÍTICA – Adolescência faz alerta necessário de forma brilhante

    Adolescência é uma minissérie britânica original da Netflix que possui quatro episódios e já está disponível no catálogo de forma integral.

    Sinopse

    Um garoto de 13 anos é acusado de assassinar uma colega de escola, levando a família, a terapeuta e o investigador do caso a se perguntarem: o que realmente aconteceu?

    Análise de Adolescência

    A internet veio ao mundo como uma forma de nos ajudar a ficar cada vez mais próximos, além de nos ensinar sobre tudo e apresentar informações, criando conexões globais.

    Todavia, se por um lado isso é um gigantesco passo para a humanidade, por outro, o livre acesso e falta de pulso acarreta e um mal grave, que afeta principalmente os mais jovens, uma vez que eles tem o poder de acessar um universo ilimitado de opções de conteúdo, e isso pode ser bem assustador.

    Adolescência, nova minissérie da Netflix nos mostra as consequências disso ao apresentar um menino de 13 anos que é acusado de um crime hediondo e, a partir deste fato, vai desenvolvendo diversas camadas ao caso, personagens e também ao assunto.

    Primeiramente, no que se refere aos aspectos técnicos, Adolescência é impecável em sua estrutura. Ao longo dos quatro episódios, vemos a direção elaborar longos planos sequências, trabalhando ao máximo as atuações de seus magnífico elenco.

    É difícil apontar para apenas um dos atores, uma vez que temos vários trabalhos espetaculares aqui. Entretanto, um deles personifica o projeto: o do estreante Owen Cooper, que dá vida ao nosso protagonista Jamie, que tem um rosto inocente, mas que carrega consigo traços claros de psicopatia, vinculados à grupos misóginos como o dos red pills e incels, figuras controversas que se tornaram piada, mas que deveria ser bem levadas a sério.

    Cooper tem presença cênica, além de saber trabalhar com um personagem bastante carregado emocionalmente. O mais impressionante é saber que este é seu primeiro trabalho, e mais ainda, a sua estreia foi no impactante terceiro episódio, focado em um diálogo assustador entre o garoto e sua psicóloga.

    O roteiro de Adolescência assusta pela sua proximidade com a realidade. Eu sou homem hétero, cis e negro e agora sou pai de um menino. A minissérie me pegou das duas formas, pois há aqui um aspecto muito importante da pressão social baseada no machismo, racismo e tantos outros problemas que afetam garotos nesta fase tão crucial, complexa e complicada da vida.

    Muitos meninos héteros ao adentrarem na adolescência sofrem diversos abusos psicológicos por conta de fatores como os citados no parágrafo acima.

    Com 12, 13 anos, já tem que se mostrarem másculos, viris, namoradores e tantas outras coisas. É uma pressão absurda, uma vez que as violências são psicológicas e podem se tornar até físicas.

    O medo da rejeição, a dor de não ser popular ou não caber nas caixinhas do padrão assustam, excluem e matam jovens todos os dias.

    Grupos como incels e red pills acreditam que a sociedade deve a eles, que as mulheres são cruéis, más e que só servem para reprodução. E Adolescência aprofunda de forma brutal este pensamento terrível.

    A minissérie aborda o extremo que, infelizmente, acaba sendo o comum em várias situações. Existem muitos Jamies por aí.

    De forma brilhante, ainda vemos o estrago na vida de outras pessoas, como os amigos da vítima, da família do criminoso e até mesmo nos profissionais que lidam com estas situações, o que é a cereja do bolo do projeto da Netinha.

    Veredito

    Brutal e complexa, Adolescência aborda um tema delicado que vem ganhando espaço na internet, principalmente com a ascenção nefasta da extrema-direita. A minissérie é extremamente necessária para todos, principalmente para pais preocupados com a vida de seus filhos e homens que precisam repensar a sua atitude predatória na sociedade.

    Nossa nota

    5.0/5.0

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    Assista ao trailer:

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