A Mulher no Lago (Lady in the Lake) é uma adaptação do livro best seller homônimo escrito por Laura Lippman, e que traz Natalie Portman e Moses Ingram nos papéis principais.
O seriado original do Apple TV+ já possui 2 dos 7 episódios disponíveis para o público, com o restante dos capítulos sendo lançados semanalmente às sextas-feiras.
Nós tivemos a oportunidade de conferir a temporada completa. Leia nossa crítica sem spoilers da produção.
Sinopse de A Mulher no Lago
Quando o desaparecimento de uma menina atinge a cidade de Baltimore em 1966, as vidas de duas mulheres convergem em uma rota de colisão fatal.
Análise
A Mulher no Lago é o debut de Natalie Portman na televisão após uma carreira inteira construída no cinema. Ao lado de Moses Ingram, Portman abraça uma trama que transita entre o drama e o suspense tendo como background a Baltimore de 1966.
Na história, Maddie Morgenstern Schwartz (Natalie Portman) é uma dona de casa que se vê completamente chocada com o desaparecimento de uma criança e resolve tomar providências para ajudar nas buscas.
Esse seu ímpeto por justiça acaba expondo rusgas há muito tempo nutridas em relação a seu marido e a forma como a sociedade tratava as mulheres naquela época. Com fome de viver, Maddie investe na carreira jornalística, buscando realizar um desejo antigo de sua juventude.
Paralelamente, acompanhamos a trama de Cleo Johnson (Moses Ingram), uma mãe que quer prover o melhor para suas crianças, mas que se vê cada vez mais sem opções para garantir boas condições a eles. Cleo também sofre das mesmas pressões sentidas por Maddie, o que aproxima as personagens mesmo em contextos distintos.
Essas duas figuras acabam se cruzando em algum momento da trama, tendo suas vidas ligadas de maneiras pouco prováveis à primeira vista, mas que funcionam conforme os argumentos do roteiro se desenrolam.
A série criada e co-roteirizada por Alma Har’el possui ao todo 7 capítulos, mas poderia ter pelo menos três episódios a mais. Há muitos arcos e personagens interessantes na história, além de um contexto histórico importante para muitos dos fatos abordados, o que renderia tranquilamente mais algumas horas de exibição.
Digo isso porque, ao adaptar o livro para a televisão, o seriado toma liberdades em relação às suas personagens, construindo um universo mais completo em torno de suas existências. Além de Maddie e Cleo dividirem os mesmos desafios de serem mulheres em uma época onde não havia tanta liberdade, as duas estão inseridas em núcleos que poderiam ser melhor explorados.
Há várias possibilidades desperdiçadas ao longo dos episódios, principalmente no que diz respeito ao passado de Maddie e nos debates sobre segregação e preconceito. Existem ideias muito interessantes ali, mas parece que não há tempo para que elas sejam aproveitadas em sua completude.
Apesar desses pontos, há uma boa construção quando falamos do drama principal. Moses e Portman são um show à parte, com ambas entregando atuações fortes e destemidas. Moses é um grande talento, algo que já podia ser notado em projetos como O Gambito da Rainha, e aqui ela consegue aproveitar muito bem o seu tempo de tela e brilhar todas as vezes que está em cena.
Por sua vez, Natalie Portman mostra toda sua versatilidade como Maddie, abraçando o completo egocentrismo de sua personagem, seja na construção da carreira ou na relação com seu filho. Esse relacionamento é outro elemento muito bacana, mas que não possui tempo de tela suficiente para se consolidar da forma que poderia.
Noah Jupe, que dá vida ao personagem Seth Schwartz (filho de Maddie), também se destaca no seriado. O ator, que também faz parte do elenco de Franklin do Apple TV+, tem mostrado que pode se consolidar como um grande nome de sua geração.
Aliás, o elenco da série num geral é muito bem escalado. Y’lan Noel, Byron Bowers, Tyrik Johnson e Josiah Cross também estão muito bem em seus papéis, interpretando personagens com motivações únicas e realmente instigantes.
Outro ponto que merece elogios é o trabalho de figurino e maquiagem. Para recriar a década de 1960, o seriado explora uma série de roupas e visuais belíssimos e que realmente agregam às cenas. Seja nos momentos que acompanhamos o clube Pharaoh, seja nas lojas de departamento onde Cleo trabalha como manequim vivo, a direção de arte desses espaços é muito bem trabalhada pela equipe técnica.
No fim das contas, A Mulher no Lago se firma como um bom drama mais do que como um suspense em si, mas devido a curta duração acaba deixando aquele gostinho de querer viver mais tempo com esses personagens e saber ainda mais sobre suas vidas e desejos.
Veredito
A Mulher no Lago tem em Natalie Portman e Moses Ingram seus grandes destaques. As atrizes talentosíssimas emprestam seu carisma e presença de tela para o seriado, que se torna mais interessante devido à capacidade do seu time principal. Com apenas 7 episódios, a trama enxuta apresenta um drama interessante, mas um thriller com pouco impacto, perdendo algumas boas oportunidades no caminho.
3,6 / 5,0
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Confira o trailer: