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    CRÍTICA – Ashita no Joe é uma incrível desconstrução do gênero do boxe

    Ashita no Joe é um mangá originalmente publicado em 1968 e que está sendo pela primeira vez publicado no Brasil pela editora Newpop.

    Originalmente, possui 20 volumes, mas na edição nacional serão apenas 10.

    Sinopse

    Joe Yabuki, um rapaz pobre e sem um lar, certo dia, se mete em uma briga e acaba sendo reconhecido pelo seu potencial para o boxe, ganhando assim uma oportunidade de aprender o esporte. Mas a vida de Joe não é fácil e, em meio a reviravoltas, ele acaba indo parar na prisão por seus crimes.

    O que começa como um tremendo infortúnio logo se transforma em um momento decisivo de sua vida e um recomeço. Joe encontra um rival e uma nova motivação.

    Análise de Ashita no Joe

    Ashita no Joe é um dos mangás mais importantes do gênero esporte. A obra, até os dias atuais, acaba sendo uma grande influência para outros mangás, sendo o pilar para Hajime no Ippo, obra do mesmo subgênero de boxe.

    Na trama, acompanhamos Joe Yabuki, um rapaz que não sabemos suas origens e que acaba de chegar aos subúrbios de Tokyo e, inevitavelmente, acaba se metendo em brigas e desavenças com gangues do subúrbio.

    No entanto, o seu potencial para o boxe acaba se destacando por uma briga com a gangue da princesa demônio e, com isso, através dos olhos do ex-boxeador, Danpei Tange, acaba vendo seu promissor talento para arenas de boxe.

    Apesar da insistência de Danpei Tange para treinar Joe, o próprio acaba ignorando a persistência do primeiro e, com isso acaba, sendo arrogante e agressivo diante da insistência do seu candidato a mestre.

    Esse aspecto convencido de Joe com todos que cruzam o seu caminho acaba sendo o ponto-chave para o mangá realizar a desconstrução do personagem diante de sua arrogância.

    Confesso que durante a leitura senti uma enorme antipatia pela persona arrogante do protagonista mas, conforme o enredo, foi mostrando as camadas que ele tem essa sua característica vai sendo desconstruída diante dos erros que comete na história, estive mudando meu ponto de vista com personagem.

    Desse modo, o enredo do mangá inicialmente pode ser clichê para o leitor que espera mais uma história de superação e motivação tendo de pano de fundo o esporte, e de fato, a trama segue essa linha tênue de desenvolvimento.

    No entanto, o que torna o mangá tão fascinante são seus personagens ricos que desenvolvem uma grande carga dramática para a história principal e diante de um Japão pós-guerra, o que torna a obra ainda mais surpreendente.

    Como havia citado anteriormente, o cenário histórico em que se desenvolve Ashita no Joe é claramente em um Japão pós-guerra, pois a pobreza e decadência assolam as ruas dos subúrbios de Tokyo e em muitas cenas vemos os personagens sem ao menos ter um saneamento básico.

    Esse aspecto do mundo da obra chamou bastante minha atenção, pois os mangakás claramente viveram períodos obscuros no país e trouxeram suas vivências para a construção das histórias.

    Outra característica em destaque, é a fluidez que o mangá tem para desenvolver sua narrativa gráfica a cada quadro de modo ágil e simples, seja em momentos de diálogos ou na hora da ação.

    Acabo destacando esse ponto na obra, pois para um mangá de 1968, esse aspecto narrativo se mantém atual até hoje é um feito impressionante que não vemos em alguns outros mangás mais antigos. Tudo isso graças ao traço limpo e simples do mangaká Tetsuya Chiba que apresenta uma similaridade com o traço de Osamu Tezuka.

    Ashita no Joe é, de fato, um mangá incrível, mas pode acabar decepcionando o leitor mais ansioso, já que mesmo a narrativa sendo super fluída a obra desenvolve com tempo cadenciado para chegar a algum embate de Joe, pois os mangakás primeiro fortalecem os laços dos personagens nesta edição e apresentam suas motivações, mas quando o momento das lutas acontecem, são empolgantes.

    Veredito

    Ashita no Joe: Em Busca do Amanhã é um excelente mangá que cadencia tudo o que há de melhor dentro do gênero esportivo e acaba subvertendo o mangá de shonen. Além disso, a obra é um clássico e que finalmente o público brasileiro está tendo a oportunidade de prestigiar a incrível jornada de autoconhecimento e desconstrução do incrível personagem Joe Yabuki em busca do amanhã

    Essa edição que a editora Newpop trouxe para o Brasil está impecável. No entanto, meu único ponto é que não deviam ter incluído girias nacionais nos diálogos e sim seguido a risca o material original.

    Autor: Asao Takmori e Tetsuya Chiba
    Editora: Newpop
    ISBN: 978-8583624639
    Formato: 15 x 21 cm – 384 páginas

    Nossa nota

    5.0/5.0

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