More

    REVIEW – Shadow Labyrinth leva Pac-Man a um caminho sombrio e incomum

    Um Pac-Man diferente e sombrio, temática saída diretamente da série Nível Secreto (Secret Level) do Prime Video para as telas dos videogames. Essa é a premissa do novo metroidvania Shadow Labyrinth, jogo lançado pela Bandai Namco no dia 18 de julho para PC, Nintendo Switch, Nintendo Switch 2, PlayStation 5 e Xbox Series X|S.

    O game é repleto de segredos em dezenas de horas de jogo. Nele controlamos Espadachim nº 8, protagonista despertado por um orbe amarelo voador, PUCK, em um planeta misterioso cheio de relíquias de guerras passadas.

    A função é fazer a vontade de PUCK em uma experiência sombria, desafiadora e repleta de segredos. Será preciso evoluir de presa a predador alfa conforme abraça seu verdadeiro propósito.

    Se você já viu o filme Scott Pilgrim Contra o Mundo (2010) ou conhece bem a história da franquia Pac-Man sabe que Puckman é o nome original em japonês do personagem, informalmente conhecido como “Come-Come” no Brasil. Porém foi preciso adaptá-lo quando trazido ao ocidente porque a pronúncia era muito próxima daquele palavrão em inglês que começa com F. E aliado ao contexto de comer bolinhas e fantasmas, a piada estaria pronta para a quinta série ocidental.

    Eis que agora o nome PUCK tem a chance de ganhar um certo destaque num contexto incomum para a franquia e menos favorável para ser motivo de piadas.

    Comecei minha jornada em Shadow Labyrinth jogando no Nintendo Switch. Após o lançamento oficial, fiz o upgrade gratuito para a Nintendo Switch 2 Edition, então minha análise reflete a experiência que tive em ambas plataformas, eventualmente pontuando os aspectos que percebi diferenças entre as versões.

    O primeiro ponto que já destaco sobre Shadow Labyrinth é que se trata de um metroidvania pouco convencional. O jogo é um pouco mais longo do que muitos bons exemplos de títulos do gênero, podendo chegar facilmente a 35 horas de gameplay, dependendo do quão rápido você se familiarizar com as mecânicas e da sua experiência com o estilo.

    Mas o principal fator que o diferencia de outros metroidvanias é a maneira como as habilidades funcionam (e o quão demorado é para consegui-las).

    Eu cheguei a fazer um texto de primeiras impressões aqui na Emerald Corp com base na versão demo exclusiva para a imprensa e criadores de conteúdo. Naquela sessão de gameplay tive acesso a três saves de momentos diferentes da jornada. Ali já tinha achado interessante que as habilidades especiais não são passivas nem “fixas” no seu repertório, exigindo que você equipe melhorias e também alterne entre as já aprendidas.

    Naquela análise prévia havia escrito o seguinte:

    A curva de aprendizado é um tanto complexa, pois há uma árvore de habilidades passivas e ativas para equipá-las, e para ataques especiais também é possível usar apenas um por vez, obrigando você a alterná-los ao pressionar o gatilho esquerda (ZL / LT) e o stick direito e o esquerdo, a depender de qual tipo de atributo você vai administrar.

    Bem, isso continua sendo verdade na versão completa de Shadow Labyrinth. Mas agora há o agravante de que é realmente demorado para obter novas habilidades especiais e uma boa variedade de itens de melhoria. Eu confesso que nunca joguei um metroidvania que tenha esse ritmo lento (talvez existam, mas pra mim é novidade), e isso é um ponto que prejudica a sensação de recompensa na progressão.

    No entanto, eu me acostumei com esse fato e não considero uma experiência negativa, apenas diferente. Mas certamente isso já é suficiente para que Shadow Labyrinth não seja um jogo unânime entre os fãs de metroidvania. Mesmo assim, entendo que experimentar o jogo é válido, pois há bons pontos positivos que vêm justamente da essência da franquia Pac-Man, e isso é certamente algo que diferencia o título de outros games do gênero.

    Sistema complexo de habilidades especiais

    Antes de falar especificamente dos elementos de Pac-Man em Shadow Labyrinth, é importante detalhar um pouco mais o vasto e complexo sistema de habilidades e melhorias.

    Além dos golpes tradicionais como ataque e esquiva, o jogo possui uma série de habilidades especiais, entre elas a GAIA Transform, que modifica a dupla de protagonistas temporariamente num robô que lembra um mecha saído de um tokusatsu.

    Shadow Labyrinth é o metroidvania da franquia Pac-Man inspirado no episódio da série Nível Secreto, do Prime Video. Leia o review do jogo
    GAIA Transform vs G-HOST rosa. Print no Nintendo Switch | Créditos: Emerald Corp

    A GAIA Transform pode ser habilitada conforme você come inimigos derrotados antes que eles sumam do cenário. Isso pouco a pouco carrega o medidor da habilidade, que é gradualmente drenado quando você a ativa, exigindo que sejam engolidos mais inimigos para recarregá-la.

    Essa habilidade é interessante por ser mais poderosa e também porque permite atravessar áreas que o Espadachim nº 8 sozinho não consegue, como terrenos com espinhos ou lava.

    O protagonista também possui slots para equipar itens que proporcionam melhorias definitivas ou temporárias. Por exemplo, o benefício de que PUCK recolha todas as gemas (dinheiro do jogo) que caírem dos adversários derrotados, ou ainda a oportunidade de ter mais vida até a próxima vez que você morrer.

    E há também os espaços para as habilidades especiais, que são divididas entre o uso com o botão L e o ZR / RT. Com o L você equipa mecânicas como parry e escudo. No ZR / RT você tem muito mais opções para equipar, mas somente uma para manter ativa nesse botão. E são justamente essas as habilidades mais demoradas de conseguir, pois são muito espaçadas ao longo do vasto mapa. Recursos como esquiva e escudo consomem a barra de energia, que se recarrega aos poucos.

    E como destaquei aqui no texto quando trouxe o que escrevi anteriormente na análise de primeiras impressões, fazer essa alternância é algo complexo em alguns contextos, como batalhas contra chefes ou hordas de mini-chefes. Exige muita prática para pegar o jeito e saber qual o momento mais adequado para alternar com base na movimentação dos inimigos.

    Então isso por um lado é positivo porque se diferencia de vários metroidvanias em que as habilidades são mais simples de alternar sem necessitar de um menu de seleção rápida, mas por outro pode afastar quem espera uma jogabilidade mais direta ao ponto. Eu particularmente demorei um pouco para me acostumar, mas depois considerei um aspecto interessante.

    O que não é positivo mesmo é a demora para conseguir as habilidades, pois tira o brilho da progressão.

    Shadow Labyrinth tem um mapa rico e ambientes desafiadores

    O estilo gráfico desse primeiro spin-off de Pac-Man no gênero metroidvania é bonito e lembra a abordagem de muitos títulos do gênero, como Hollow Knight, mas também tem cenários que se inspiram em plataformas 2D clássicos, como as fases industriais e com pegada futurista dos jogos de Sonic do Master System e do Mega Drive.

    O mapa de Shadow Labyrinth é realmente amplo e cheio de bons detalhes, o que também acrescenta muito ao tempo de gameplay. Eu particularmente gostei da exploração, e isso foi o que me manteve apegado ao jogo mesmo que o ritmo de aquisição de itens e habilidades não seja dos melhores.

    O caráter desafiador do jogo também se destaca pelas duas maneiras de salvar: em totens chamados de Miku Sols onde também é possível equipar habilidades e melhorias, e outros menores que são apenas checkpoint.

    Os Miku Sols salvam o jogo, servem como teletransporte e recuperam toda a vida e também os itens de recuperação de vida (que são uma espécie de poção). O checkpoint normal somente preenche a vida, sem recuperar os demais atributos, mantendo salvo com a quantidade de itens de cura que você tiver naquele momento.

    Logicamente há menos Miku Sols do que checkpoints, exigindo que você use ambos totens de modo estratégico. Ao morrer, você pode escolher se quer voltar para o último Miku Sols ou checkpoint visitado.

    Além de usar o teletransporte nos Miku Sols, também é possível comprar um item nos (poucos) pontos de venda para teletransportar o Espadachim nº 8 para Miku Sols ou checkpoints habilitados nas diferentes regiões por onde você já passou.

    A grande distância entre os pontos de venda e os Miku Sols tornam a jornada bastante desafiadora. Por isso mencionei que os checkpoints precisam ser usados de maneira estratégica. Por exemplo, você pode querer voltar a um Miku Sols para recarregar por completo tudo o que precisa e então fazer o possível para chegar a um checkpoint sem ter usado nenhuma “poção” para que fique salvo naquele ponto o seu protagonista com todos os recursos disponíveis, facilitando especialmente quando o save é feito perto de um chefe.

    Metroidvania Pac-Man é uma mistura realmente divertida

    O ponto alto de Shadow Labyrinth é quando a proposta metroidvania encontra a essência do Pac-Man arcade. O problema é que pode levar umas 10 ou 15 horas até você ter a primeira experiência nesse sentido, e isso é um tanto frustrante.

    Você passa por alguns totens que parecem tumbas, mas PUCK nunca sabe do que se trata. Até que finalmente há um encontro interdimensional com um fantasma inspirado nos personagens clássicos dos jogos de arcade, o Inseto G-HOST, aqui apresentado como um inimigo “digital” que não aparenta estar completamente na dimensão onde os protagonistas estão.

    Ao superá-lo será possível acionar esse totem e viver a divertida experiência clássica de Pac-Man dentro de um jogo metroidvania. A gameplay muda e apresenta alguns níveis, cada um com desafios diferentes, sendo que de início a lógica é realmente pegar os pontinhos menores, os maiores que permitem comer os fantasmas, e também as frutas que aparecem no centro do mapa.

    Embora seja um metroidvania, Shadow Labyrinth apresenta bons momentos com gameplay arcade e puzzle numa vibe clássica do Pac-Man
    Gameplay arcade em Shadow Labyrinth. Print no Nintendo Switch | Créditos: Emerald Corp

    Ao longo das fases há desafios baseados em puzzles, outros em plataforma 2D clássico, shoot’em up, entre outros. Realmente um respiro muito interessante em meio aos desafios da gameplay metroidvania e uma experiência bastante agradável e divertida. Outros totens são habilitados para jogar após vencer esse primeiro desafio.

    Foi uma verdadeira surpresa essa mudança na gameplay. Torço que a Bandai Namco invista em mais abordagens nesse sentido em possíveis spin-offs futuros de Pac-Man.

    Comparação de Shadow Labyrinth no Nintendo Switch 1 e 2

    O trabalho técnico da Bandai Namco foi muito bem feito no Nintendo Switch. O jogo flui muito bem e não tive nenhum problema com bugs ou quedas da taxa de quadros (FPS). O único aspecto não tão bom da performance é o tempo de carregamento, que costuma levar uns 5 ou 6 segundos para trocar de área, e no começo de cada sessão também demora alguns segundos para abrir os menus.

    Não é nada prejudicial esses poucos segundos, no meu ponto de vista, visto que é uma realidade de diversos jogos no Switch. E é justamente nesse ponto a única vantagem da versão para o Nintendo Switch 2, pois os tempos de carregamento são menores. Menores, mas existem, e isso é um tanto preocupante, visto que não parece ser um jogo que precisaria desses 2 ou 3 segundos de carregamento entre áreas num console recém-lançado.

    Acredito que a existência dos loadings quando você troca de uma área do mapa para outra possa ser um reflexo do (eventual) pouco tempo de trabalho da Bandai Namco com o kit de desenvolvimento desde que o console foi oficialmente apresentado em abril.

    Isso pode explicar também o fato de que não há grandes benefícios em jogar no Nintendo Switch 2 além do tempo de carregamento ligeiramente menor. A melhoria mesmo se deve à tela do novo portátil, que é mais bonita que o display LCD do Switch tradicional que usei para jogar.

    Mas outro ponto preocupante em relação ao Shadow Labyrinth Nintendo Switch 2 Edition é que há momentos em que a performance é inconsistente.

    Não faz muito sentido a versão do Nintendo Switch raramente apresentar alguma inconsistência e a do novo console passar por algumas dificuldades em áreas como o Labirinto da Árvore Gigante, que possui uma névoa e eventuais cachoeiras. É curioso também que a queda de FPS seja mais acentuada justamente no modo dock do Switch 2, quando o console é capaz de rodar com mais qualidade.

    Veredito

    Com uma abordagem inédita para Pac-Man, Shadow Labyrinth traz boas ideias que valorizam a essência da clássica franquia e entregam uma experiência diferente no gênero metroidvania, oferecendo bons momentos com a gameplay arcade que consolidou o personagem no mundo dos games.

    Apesar disso, o jogo peca em algumas escolhas pouco comuns ao gênero que prejudicam a satisfação de progredir e tornam um tanto complexas as habilidades do protagonista, o que pode afastar quem espera um metroidvania com mecânicas mais tradicionais.

    Nossa nota

    3,8 / 5,0

    Receba um resumo das principais notícias do entretenimento e uma curadoria de reviews e listas de filmes, séries e games todas as quartas-feiras no seu e-mail. Assine a Newsletter da Emerald Corp. É grátis!

    Assista ao trailer:

    Ficha técnica de Shadow Labyrinth

    Lançamento: 18 de julho de 2025

    Desenvolvido por: Bandai Namco Studios Inc.

    Publicado por: Bandai Namco Entertainment Inc.

    Plataforma: PC (via Steam), Nintendo Switch, Nintendo Switch 2, PlayStation 5 e Xbox Series X|S

    Número de jogadores: 1

    Gêneros: Ação, Aventura, Metroidvania, Plataforma 2D

    Idiomas: Espanhol, Francês, Inglês, Português

    Preços: Versões a partir de R$ 148,50 (PC) e R$ 149,50 (consoles)

    spot_img

    Artigos relacionados