Relic Hunters Legend é o novo looter-shooter visto de cima desenvolvido e publicado pelo estúdio brasileiro Rogue Snail. O jogo foi lançado no dia 14 de agosto para PC e Xbox Series X|S após estar há quase dois anos disponível em Acesso Antecipado no Steam coletando feedback da comunidade.
A franquia Relic Hunters já possui quatro jogos lançados, sendo que o primeiro (Relic Hunters Zero) foi um jogo open source criado numa game jam por Mark Venturelli e Betu Souza. Posteriormente o título foi remasterizado e disponibilizado para PC e Nintendo Switch como Relic Hunters Zero: Remix.
O outro game é o bom e divertido Relic Hunters: Rebels, disponível gratuitamente no aplicativo da Netflix para assinantes do streaming, que joguei logo no lançamento em 2022 e curti a experiência.
Agora com Relic Hunters Legend, a Rogue Snail mostra que está num estágio muito mais maduro, tanto por causa das experiências anteriores com a franquia, como também pelos desafios enfrentados com a publicadora original, a Gearbox Publishing, que foram levemente pontuados nesta nota oficial publicada em 4 de junho de 2024 para explicar a situação à comunidade sobre a ruptura na parceria, destacando que o título voaria solo por conta própria e passaria por mudanças, inclusive a bem-vinda inclusão de um modo offline.
Essa evolução do estúdio também é perceptível com o grande momento que estão vivendo, pois no mês passado lançaram o ótimo Hell Clock junto com a publicadora Mad Mushroom e que fizemos review aqui na Emerald Corp. Inclusive o jogo recentemente atingiu a marca de 100 mil cópias vendidas no Steam!
Mas bora voltar a falar sobre Relic Hunters Legend, que joguei no PC.
Nesse jogo, o terrível imperador Duque Ducan roubou o passado e convenceu a todos de que foi o responsável por tudo de bom que já aconteceu, garantindo a legitimidade do seu regime opressor. Uma espécie de 1984, de George Orwell, mas aqui com patos como os grandes vilões da história.
Os Relic Hunters entram na história para combater a tirania. Liderados por Pinkyy, o grupo viaja pela galáxia em busca de ruínas e Relíquias da antiga civilização, tentando restaurar a verdadeira memória do passado. Durante essa jornada, eles encontram um aliado misterioso: Seven, que não tem memórias, mas possui a estranha habilidade de viajar no tempo.
O jogo é um RPG looter-shooter rápido onde você coleta armas poderosas, aprimora habilidades e enfrenta inimigos em combates intensos com tiroteios frenéticos. Tudo isso podendo ser aproveitado sozinho ou em grupo com até 4 pessoas, tendo a possibilidade de experienciar do seu jeito: seguindo a história da campanha de cerca de 30 horas ou focando na progressão para chegar ao endgame.
Essa liberdade de você escolher como quer jogar é algo muito positivo e bem executado em Relic Hunters Legend.
Começamos controlando Seven e sem ainda entender bem a sua situação misteriosa. O tutorial de início é simples e efetivo para contextualizar as mecânicas, os loots, os equipamentos e os pontos de habilidade, além de já nos proporcionar um pouco do tiroteio frenético que pautará toda a experiência. O game pode ser jogado tanto com teclado e mouse, como com controle, e ambas maneiras são altamente customizáveis.
Superado o tutorial inicial é possível ter uma visão do quão amplo é Relic Hunters Legend. O jogo possui quatro vastos mundos que são desbloqueados conforme o seu Ranque de Rebelde. Esses pontos são conquistados subindo de nível, completando missões com cada hunter, derrotando inimigos específicos, concluindo Aventuras de Amizade, entre outras opções. A melhor maneira de acessar os mundos seguintes é focar em completar esses objetivos para logo atingir os rankings necessários.
Um importante ponto positivo, mas que à primeira vista pode parecer um pouco complexo, é a grande possibilidade de atributos com três árvores de habilidades para cada hunter. Isso sem falar que cada personagem possui habilidades específicas e muito diferentes entre si.
Como a gameplay é bastante livre, é bem interessante ter personagens com características tão diversas entre si. Eu particularmente adorei jogar com o Ace, o burrinho de jet pack, que foi o meu favorito em termos de jogabilidade, especialmente por causa das habilidades de controle de multidão envolvendo o fogo do jatinho.
Também adorei jogar com Raff, a engenheira apaixonada por música, que tem uma história familiar bem interessante desvendada graças ao poder de viajar no tempo do Seven.
Nessas variadas possibilidades das árvores de habilidades há como melhorar e reciclar itens, distribuir pontos de atributos para cada personagem, aperfeiçoar técnicas específicas que pouco a pouco liberam outras melhorias e desbloqueiam nodos de habilidade que garantem ataques especiais com cooldown.
Em relação aos itens, cada hunter pode usar duas armas que variam entre pistolas, submetralhadoras, espingardas, lasers, entre outras. Há também um ataque de esquiva e uma ult específica para cada personagem, além de um slot para equipar poção.
Todos os equipamentos presentes no inventário podem ser melhorados utilizando diferentes itens conseguidos em loots ou espalhados pelas fases. É possível enviá-los para um armazenamento no Centro Social ou então reciclá-los para conseguir peças capazes de gerar melhorias em outros equipamentos.
Um ponto muito positivo nessa gestão de inventário é a possibilidade de transferir os melhoramentos para novos equipamentos. Além disso, se você tentar reciclar um objeto melhorado, o jogo perguntará se você tem certeza que quer se desfazer de algo com melhoria, proporcionando a chance de você transferir as características para outro item sem perder os benefícios.
Isso é importantíssimo também porque cada fase que você entrar há um indicativo sobre qual o Ranque de Pontuação de Equipamento mais indicado para superar os desafios. Esse ranking é aumentado conforme os pontos de cada item que você equipar, e melhorá-los também faz com que ganhem mais pontos.
Modos de jogo variados e divertidos
Relic Hunters Legend possui muitas e muitas fases em cada mundo cujas missões aceleradas variam entre Treta, Escavação, Carga, Defesa, Distração, Fenda e Assalto. Embora por vezes os mapas sejam similares, as experiências de gameplay são diferentes e é comum que algumas fases exijam que você jogue novamente com outro personagem para conseguir acessar algum local, como por exemplo uma área mais alta que somente o Ace possa chegar usando o jet pack.
O mapa de cada mundo exibe as fases disponíveis e pode ser explorado livremente para você ter uma ideia da grande quantidade de conteúdo que te aguarda, mas elas são conectadas por caminhos que exigem o desbloqueio gradual. Ou seja, não é possível simplesmente selecionar um nível distante a qualquer tempo.
Entre os modos de jogo destaco o Defesa, no qual é preciso derrotar hordas de inimigos antes que cheguem onde estão três baús. É importante evitar a destruição de todos, pois cada baú que resistir poderá ser aberto para você coletar itens. Além deles, um loot especial também é liberado ao concluir a missão.
Portanto, é bem útil focar nesse tipo de fase se quiser expandir seu inventário, especialmente se você desejar jogar com todos os hunters.
Há ainda a Exploração, em que se pode vagar livremente pelas áreas em busca de baús para saquear e inimigos para derrotar. Nessas fases também há Campeões para vencer, o que é bem útil para testar suas habilidades e subir de nível.
As fases para avançar a história mesclam esses elementos com cutscenes ilustradas e dublagem, disponível em português e em inglês. Os trabalhos artísticos e sonoros estão muito bem feitos, trazendo animações com duração adequada para contextualizar o enredo sem quebrar a experiência frenética da jogabilidade de maneira negativa.
As Aventuras de Amizade vão numa linha similar das missões de história, mas os diálogos ocorrem durante a gameplay, sem apresentar cutscenes. A dublagem nesses casos é mais comedida, com os personagens falando pouco e a maior parte da conversa ocorrendo nos balões em tela.
Aspectos técnicos de Relic Hunters Legend
Relic Hunters Legend possui uma boa interface de usuário (user interface – UI) que traz as informações de maneira organizada. Também há avisos úteis, como quando seria bom você usar uma poção ou acessar o menu para equipar novos itens adquiridos ao longo da fase.
As áreas também são bem pensadas, proporcionando uma exploração agradável e exigindo atenção para encontrar baús escondidos ou cristais. Isso faz com que a experiência não seja tão linear e te estimule a lembrar que derrotar inimigos não deve ser 100% do foco.

A performance de Relic Hunters Legend é bem sólida. Joguei com todas as especificações no máximo, sem limite de taxa de quadros (frames per second – FPS), e não enfrentei contratempos.
O único problema que tive no jogo foi um pequeno bug pouco prejudicial. Na missão Trancafiado com o Seven, usei o poder da tecla E e acabei acessando uma jaula que não deveria ser possível acessar. Nela havia um monstro que não me causava dano mesmo estando em contato com ele, e depois não consegui sair dali. O jeito foi reiniciar a missão.
Para um jogo com dezenas de horas de gameplay e podendo rodar a 120 FPS no meio de ação frenética, ter passado apenas por esse probleminha é realmente notável.
Por fim, mas não menos importante, é muito legal ver que a equipe da Rogue Snail valoriza a comunidade construída ao longo desses anos e decidiu dar protagonismo a diversas artes criadas por fãs da franquia. O Centro Social possui uma área similar a uma exibição de arte onde podem ser conferidas diversas ilustrações que pessoas do mundo todo enviam ao game.
Veredito
Relic Hunters Legend entrega uma ótima experiência divertida e cheia de possibilidades graças à variedade de personagens e à grande diversidade de builds. A gameplay de pelo menos 30 horas possui um grande fator de rejogabilidade, pois oferece mais de um save slot e também a opção de jogar tanto solo offline, como online com até 4 pessoas.
Mais um belo jogo brasileiro para a gente se orgulhar!
4,5 / 5,0
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Assista ao trailer:
Ficha técnica de Relic Hunters Legend
Lançamento: 14 de agosto de 2025
Desenvolvido e publicado por: Rogue Snail
Plataformas: PC (via Steam) e Xbox Series X|S
Número de jogadores: 1 e Cooperativo Online para até 4 pessoas
Gêneros: Bullet Hell, RPG de Ação, Shoot’em Up com Visão Superior, Tiro com Saques (looter-shooter)
Idiomas: Português (Brasil), Inglês, Francês, Italiano, Alemão, Japonês, Coreano, Russo, Chinês simplificado, Polonês, Espanhol (América Latina)
Preços: Versões a partir de R$ 59,99 (PC) e R$ 69,95 (Xbox). Uma demo está disponível gratuitamente no Steam.