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    REVIEW – Prince of Persia: The Lost Crown é um marco no gênero metroidvania

    Prince of Persia: The Lost Crown é o mais novo jogo da franquia criada em 1989 por Jordan Mechner. O game da Ubisoft foi lançado em 18 de janeiro de 2024 para PC, Nintendo Switch, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series X | S.

    Nesta nova história original devemos controlar Sargon, o mais jovem dos sete guerreiros Imortais, em uma aventura pelo mundo mitológico inspirado na Pérsia. A jornada é cheia de exploração por um vasto mapa com paisagens ricas, tesouros escondidos e quebra-cabeças variados.

    Tudo isso enquanto Sargon desenvolve novas habilidades como Imortal, entre elas a possibilidade de controlar os limites do tempo e do espaço, para tentar libertar o Monte Qaf do mal que o corrompeu.

    Confira a seguir o review sem spoilers de Prince of Persia: The Lost Crown (Deluxe Edition) jogado no Nintendo Switch.

    Análise de Prince of Persia: The Lost Crown

    Eis que 2024 já começou recebendo um grande jogo com potencial de concorrer nas principais premiações do ano. O novo Prince of Persia é surpreendente e um verdadeiro marco no gênero metroidvania.

    O game inicia oferecendo boas opções de customização que podem fazer com que até mesmo quem não é muito fã de metroidvania se interesse por esse título. Isso porque se pode jogar Prince of Persia: The Lost Crown nas dificuldades iniciante, guerreiro (padrão), herói, imortal e personalizada.

    Além disso, é possível curtir a aventura no modo exploração (sem indicação de onde estão os objetivos no mapa) ou guiado (ícones indicam os objetivos). Ou seja, é uma ótima pedida para quem quer uma experiência mais leve, para quem está acostumado ao gênero e também para quem deseja sempre o maior desafio possível em um bom metroidvania.

    Após passar pelas configurações iniciais, o game contextualiza a história de Sargon no reino persa sendo o membro mais jovem dos Imortais. Os comandos básicos são apresentados de maneira bem objetiva, para logo na sequência a narrativa avançar, já dando uma amostra dos bons plot twists que o enredo nos reserva.

    Os primeiros momentos ainda servem para exibir em tela importantes tutoriais dos recursos de gameplay. Para mim, o ponto alto nesse sentido são os Fragmentos de Memórias. Eles consistem em um número determinado de “print screen” que você pode guardar para consultar diretamente no mapa. Essa habilidade pode ser aumentada gradualmente ao longo da gameplay.

    Digo ponto alto porque eu costumo esquecer de detalhes e locais da minha jornada em jogos metroidvania se eu ficar algum tempo sem jogar. Como o gênero exige que a exploração seja um constante ir e vir por conta de habilidades a serem desbloqueadas, é fácil esquecer onde estava se infelizmente eu não conseguir jogar com frequência.

    Então esse recurso facilita muito lembrar de áreas que precisarei voltar após conquistar uma nova habilidade, mas também não facilita ao extremo, pois existe uma limitação de uso. Apesar da limitação, é possível apagar os registros salvos.

    Um mapa para fazer história no gênero

    O mapa do novo Prince of Persia é gigantesco e oferece uma exploração agradável digna de um jogo de mundo aberto. É comum ver jogos metroidvania em que apenas um ou dois caminhos são possíveis conforme o nível de desbloqueio de habilidades que você se encontra.

    Em The Lost Crown a percepção é diferente.

    Independente do quão avançado você estiver com as habilidades básicas ou especiais, parece que sempre haverá mais de um caminho que já pode ser explorado. Aliás, é possível até mesmo chegar em alguns pontos antes de já ter uma habilidade necessária (e o jogo não quebra, nem apresenta algum tipo de bug que impeça a exploração).

    O mapa de Prince of Persia: The Lost Crown conta com diferentes biomas dentro do grande reino persa mitológico. A vastidão do jogo é ambiciosa e foi muito bem executada. Os detalhes são lindos, e o downgrade no Nintendo Switch não estragou em nada a beleza do game.

    Tudo foi tão bem pensado que é preciso destacar o excelente trabalho de interface do usuário para tudo o que diz respeito ao mapa. A navegação é fluida, com comandos funcionais, e os marcadores disponíveis (entre eles os já mencionados Fragmentos de Memórias) são extremamente úteis.

    Além disso, a exploração é sempre muito recompensadora. Não é incomum querer desbravar novas áreas ao invés de seguir para o objetivo principal, especialmente se você tiver chegado ao ponto de enfrentar muitas vezes o mesmo boss e ainda não ter conseguido vencer.

    Explorar por aí é um merecido refresco para a mente, e com frequência acaba rendendo algum item ou habilidade que pode fazer toda a diferença para superar os chefes.

    Por incrível que pareça, a Deluxe Edition de The Lost Crown tem um importante diferencial em comparação à versão padrão: o amuleto Ave da Prosperidade (Prosperity Bird Amulet). Esse item é recebido logo no começo do jogo na versão Deluxe e não está disponível na standard. Trata-se de uma ave que acompanha Sargon e indica onde estão escondidos tesouros e áreas secretas.

    A Ave da Prosperidade não ocupa espaço no inventário de amuletos (responsáveis por agregar benefícios ou fortalecer habilidades), o que também é um importante diferencial.

    Gameplay fluida e performance consistente

    Prince of Persia: The Lost Crown é um jogo maduro em todos os sentidos. A longa aventura que dura pelo menos 20 horas na história principal (chutando baixo, pois dependerá muito da sua experiência nos combates) poderia trazer consigo dificuldades técnicas, especialmente por se tratar de um game com combate ágil e muitos desafios de plataforma de precisão.

    Leia o review de Prince of Persia: The Lost Crown, um inovador metroidvania com ótimos desafios de plataforma de precisão e chefes impiedosos.
    Um dos locais mais bonitos do jogo | Créditos: Emerald Corp

    Mas não é o caso, pois o jogo apresenta uma performance consistente e admirável no Nintendo Switch. Sim, há um downgrade na versão do console híbrido da Nintendo, mas a redução gráfica é perceptível praticamente apenas nas cutscenes, e somente em texturas das roupas e ou algum detalhe nos personagens.

    Nos últimos anos vimos alguns excelentes trabalhos de empresas terceiras portando seus games para o Nintendo Switch. Entre eles estão os chamados “ports impossíveis” de Crysis Remastered Trilogy (2021) e NieR:Automata – The End of YoRHa Edition (2022).

    O primoroso trabalho da Ubisoft aqui merece um reconhecimento especial nessa leva de games bem adaptados ao console de quase sete anos da Nintendo, pois se trata de um jogo lançado ao mesmo tempo para plataformas da atual geração.

    Ou seja, não foi um título trabalho por mais tempo só para atender a demanda da comunidade nintendista, e sim já planejado para chegar rodando liso numa plataforma com menor poder gráfico e de performance.

    Isso mostra que cada vez mais o mercado entende a importância desse console, que está nas mãos de mais de 135 milhões de pessoas em todo o mundo, e amadureceu muito o seu processo de desenvolvimento para o Switch.

    Infelizmente ainda existem versões mal adaptadas para o console, sendo Mortal Kombat 1 e Hogwarts Legacy os casos mais notáveis de 2023, mas é fato que está havendo uma evolução da indústria. Portanto, ver o novo Prince of Persia rodando muito bem no Nintendo Switch e lançado em paralelo com PlayStation 5 e Xbox Series é motivo para celebrar.

    Isso significa que o jogo é à prova de falhas técnicas? Não.

    Experienciei dois bugs ao longo da minha jornada. Um deles foi ao ativar a side quest da lua, que na última fala do NPC ele ficou parado do nada, mas eu podia me mover e acabei saindo do local. Alguns minutos depois, já em outra área, o fim da fala do personagem apareceu em tela sem mais, nem menos. Nada comprometedor.

    O outro bug foi mais estranho e aconteceu logo após finalizar um puzzle gigante envolvendo três botões. O jogo subitamente passou a operar em câmera lenta. Mesmo saindo do ambiente não resolveu. O jeito foi morrer para voltar a um checkpoint e garantir que estaria salvo o progresso no quebra-cabeça.

    Feito isso, fechei e reabri o jogo, e então estava tudo normal.

    Tirando esses dois momentos que não foram impeditivos para nada, a experiência num geral é ótima em Prince of Persia: The Lost Crown. São questões pontuais que podem ser resolvidas numa atualização futura, acredito.

    Fora isso, os combates são frenéticos, por vezes há muitas informações no cenário, e mesmo assim a performance consegue ser impressionante.

    O estilo artístico, a modelagem 2.5D e a fluidez dos movimentos me fazem considerar o novo Prince of Persia como uma mistura de Metroid Dread (2021) e os jogos da série Blasphemous (há inclusive um elevador que é igual ao desse clássico indie).

    Chefes e desafios marcantes

    O novo jogo da franquia Prince of Persia também já é um marco em 2024 por conta do seu alto nível de experimentação entre gêneros. O game mescla diversas abordagens que fizeram história nos melhores plataformas da história, além do excelente mapa que já mencionei.

    As áreas em que é preciso superar um desafio de plataforma de precisão são sempre oportunidades para suar frio enquanto põe à prova sua agilidade, apertando rapidamente diversos botões. Tudo para chegar em segurança onde é preciso e ser bem recompensado.

    Embora todos os chefes tenham boas doses de desafios, a boss Kiana The Forest Queen para mim foi a mais marcante. Isso porque ela é relativamente cedo no jogo e se trata de uma personagem montada num espécie de lobo gigante. O desafio acaba sendo em dobro, pois por vezes cada um vai para um lado da arena.

    O novo Prince of Persia da Ubisoft é um metroidvania marcante e um dos melhores jogos de 2024
    A mudança artística durante a batalha contra Kiana é incrível | Créditos: Emerald Corp

    Mas não é só pelo fato de ser uma encrenca em dobro que Kiana se destaca entre todos os chefes. Há uma mudança radical de cenário que explora um visual muito diferente do que o game em geral apresenta, e essa alteração impõe ainda mais dificuldade à gameplay. De todas as boas quebras de expectativas de The Lost Crown, essa é realmente especial.

    Veredito

    Prince of Persia: The Lost Crown chegou para provar que ainda há espaço para jogos AAA inovarem no gênero metroidvania. O novo jogo da clássica franquia se inspira nos melhores exemplos do passado para criar uma experiência moderna e marcante em um vasto mundo cheio de ótimos desafios de precisão e chefes impiedosos.

    Nossa nota

    5,0 / 5,0

    Assista ao trailer:

    Ficha técnica de Prince of Persia: The Lost Crown

    Lançamento: 18 de janeiro de 2024

    Desenvolvido e publicado por: Ubisoft

    Plataformas: PC (via Epic Games, Ubisoft Store e Ubisoft+), Nintendo Switch, PlayStation 4 e PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series X | S

    Número de jogadores: 1

    Gêneros: 2.5D, Ação, Aventura, Metroidvania, Plataforma

    Idiomas: Alemão, Chinês Simplificado, Chinês Tradicional, Coreano, Espanhol, Francês, Inglês, Italiano, Japonês, Persa, Português, Russo

    Preços: Jogo base a partir de R$ 209,99 (PC) e R$ 239,90 (consoles). Uma versão demo está disponível gratuitamente em todas as plataformas.

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