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    REVIEW – Hyrule Warriors: Age of Imprisonment acerta como musou e amplia uma ótima história

    Os eventos que deram origem à grande ameaça de The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom agora estão contados por completo pela aventura em Hyrule Warriors: Age of Imprisonment, novo jogo de hack and slash desenvolvido pela AAA Games Studio e lançado pela Koei Tecmo e pela Nintendo no dia 6 de novembro, exclusivamente para Nintendo Switch 2.

    O game do estilo musou 1 contra 1.000 retrata a história canônica da Imprisonment War, uma guerra deflagrada como consequência da invasão realizada por Ganondorf (o Demon King, ou Rei Demoíaco) na antiga Hyrule. Os eventos foram superficialmente abordados em Tears of the Kingdom, deixando um grande potencial para ser plenamente desenvolvido. E isso foi muito bem resolvido aqui.

    Esta análise não tem spoilers do enredo de Hyrule Warriors: Age of Imprisonment.

    O início da jornada é bastante familiar e muitas vezes se mistura com cutscenes vistas em Tears of the Kingdom, com os primeiros 10 minutos dedicados a resumir bem o que aconteceu com a Zelda e como ela foi parar no passado. Essa familiaridade é bem importante tanto para relembrar quem jogou TOTK, como também para situar quem eventualmente decida jogar esse musou sem ter todo o background da viagem no tempo e do enredo do título sucessor de Breath of the Wild.

    Após esse período, acontece uma breve pausa nas cutscenes para ensinar os comandos mais básicos, inclusive combos usando X (ataque forte) e Y (ataque normal). Depois, mais uns 10 ou 15 minutos de cenas pré-renderizadas para avançar na história, já dando algumas informações novas sobre as interações de Zelda com King Rauru, Queen Sonia e Mineru, para então ir para um combate um pouco mais sério, mas que ainda funciona como tutorial.

    O começo de Hyrule Warriors: Age of Imprisonment é relativamente lento, evidenciando que a história é muito importante para esse título, mesmo se tratando de um frenético hack and slash. E aqui, para nós brasileiros, reside o principal ponto negativo: o jogo não possui legendas nem dublagem em português do Brasil.

    Realmente fez falta o jogo não estar localizado para o nosso idioma. Digo isso mesmo entendendo inglês e tendo condições de compreender a história, porque há diversos termos “rebuscados” que remetem à realeza do passado e, dessa forma, vez que outra surge uma palavra que foge ao vocabulário de quem não é nativo nos idiomas disponíveis (e talvez até a quem é fluente, na verdade, pois várias expressões não são usadas com frequência no mundo atual).

    Mas em relação ao ritmo lento, particularmente isso não me incomodou e não considero algo negativo, pois acredito que se justifica resumir os acontecimentos de Tears of the Kingdom, inclusive trazendo pontos de vista diferentes para cenas que quem jogou o título mencionado já viu. No entanto, fiquei bem surpreso com a cadência inicial escolhida para um hack and slash musou.

    Quando a gameplay realmente engrena há diversos tutoriais que, por padrão, vão te acompanhar ao longo de praticamente toda a jornada, a menos que você escolha desabilitá-los.

    Na primeira vez que você utiliza um personagem, pega uma arma específica ou desbloqueia um ataque especial, o jogo exibirá uma caixa com uma ou algumas páginas objetivas para explicar como as mecânicas funcionam. Em paralelo, há algumas informações aparecendo na tela acompanhando os comandos que indicam as mecânicas.

    Um desses tutoriais é bastante útil e fica à esquerda da tela exibindo os combos possíveis com ataques normais e fortes. O menu com informações sobre os diferentes tipos de ataques exibem também essas combinações, indicando inclusive os casos em que é preciso apertar mais de uma vez ou segurar determinado botão. No entanto, não há uma explicação para o que cada combinação faz, o que acredito que para algumas pessoas possa ser um problema, mas para mim não foi.

    Explico: não considero um problema não saber o que os combos fazem porque gostei muito de testar e descobrir na prática. Além disso, por padrão essas informações aparecem na tela nos momentos iniciais de cada fase, então acaba sendo um lembrete útil e que depois o jogo “solta a nossa mão” para que possamos ir ao combate experimentando as combinações que vierem à cabeça.

    Além disso, a interface é intuitiva mesmo oferecendo uma grande variedade de ataques (normal, forte, com gatilhos, com itens Zonai, especiais, Sync Strikers, Unique Skills, contra-ataques com aliados), aproveitando ao máximo os botões do controle e os menus flutuantes que você pode facilmente abrir em meio às batalhas.

    Age of Imprisonment traz novidades com frequência

    Além desses pontos, algo muito positivo em Age of Imprisonment é a cadência de inclusão de novas habilidades e novos conteúdos. Entre as novidades frequentes estão personagens que fogem do escopo que seria óbvio: Rauru, Sonia, Mineru e os líderes dos povos de Hyrule (Gerudo, Goron, Rito e Zora).

    O jogo traz dois protagonistas muito importantes e que entregam uma excelente gameplay: o korok Calamo e o Mysterious Construct.

    Calamo usa ataques com elementos da natureza (como frutas de choque, fogo e gelo) e tem uma personalidade muito divertida. A dublagem do personagem está sensacional, e tenho certeza que se fosse dublado em português seria ainda melhor.

    Por sua vez, o Constructo Misterioso ocupa o espaço que seria de Link, caso o jogo se passasse na Hyrule do presente. Ou seja, se você sentia falta do lendário guerreiro, não se preocupe: há essa ótima opção cheia de recursos para você se divertir muito enquanto derrota hordas de inimigos e adversários formidáveis.

    O escopo de personagens seria bem interessante se tivesse todos esses que mencionei até aqui (exceto Link, por motivos óbvios), não é mesmo? Pois bem, a verdade é que Hyrule Warriors: Age of Imprisonment ainda reserva muitos outros coadjuvantes para controlarmos, e isso é ótimo!

    Esses personagens não apenas enriquecem o enredo, como também trazem para a experiência diversas habilidades distintas entre si. Isso garante que a gameplay seja ainda mais dinâmica, além de possibilitar uma bela variação de equipes para enfrentar diversas missões secundárias.

    É bem útil e agradável jogar as fases secundárias para aumentar o nível de cada personagem. Eu particularmente gosto de manter todo mundo em níveis mais ou menos próximos, então intercalei bastante entre a história principal e as missões paralelas para conseguir itens e farmar XP de todos os aliados, conforme fui desbloqueando novos.

    Outro ponto positivo em relação à cadência de novidades é a maneira como o jogo habilita missões secundárias, quests de assistência, áreas de serviço e batalhas que precisam ser vencidas rapidamente.

    As quests de assistência são simples, mas eficientes. Cada ponto no vasto mapa de Hyrule (incluindo o céu e o subterrâneo – Depths) tem o ícone de um personagem e pede que você entregue itens específicos para receber uma recompensa. Os prêmios variam e sempre são importantes para os personagens, como aumento de vida e desbloqueio dos diferentes tipos de ataques.

    Há também um recurso útil para mapear os itens que faltam para fazer quests que você ainda não realizou. Essa funcionalidade faz com que as fases e lojas fiquem com uma animação ao redor no mapa para chamar sua atenção.

    Os artefatos Zonai são muito importantes no novo Hyrule Warriors, mas há pequenas mudanças interessantes que os diferenciam do que foi visto em Tears of the Kingdom
    Mineru tem o ataque de crowd control mais divertido do jogo | Créditos: Emerald Corp

    O desbloqueio de novos ataques é constante para todos os personagens ao longo da experiência em Hyrule Warriors: Age of Imprisonment. Eu gostei muito disso, em especial com personagens como Mineru e o Mysterious Construct, cujas habilidades são baseadas em artefatos Zonai. Lá pelo meio da aventura os combos ganham uma nova camada de possibilidades com o Strong Zonai Attack, que amplia a sequência de golpes apertando um botão de maneira natural para usar automaticamente algum item Zonai, como as Time Bombs ou o Flame Emitter.

    Crowd control com uma pitada explosiva, eletrizante ou congelante graças aos itens Zonai? Temos!

    Por falar nos itens Zonai, eles são introduzidos gradualmente ao nosso arsenal por meio de uma mecânica vinda de Tears of the Kingdom: as máquinas gacha. Aqui, o uso é diretamente pelo mapa de navegação do jogo, também exigindo a entrega de itens Zonai como peças de constructos ou zonaites, mas com a animação ocorrendo com uma breve ilustração. Cada gacha Zonai no mapa só pode ser jogada uma vez, diferenciando-se de como acontece em TOTK.

    Outro aspecto referente à cadência de novidades no jogo que merece destaque é a habilitação dos acampamentos nas fases. Esse recurso é desbloqueado não tão no começo do jogo, mas ainda assim relativamente cedo, criando um espaço para que você recarregue as baterias dos artefatos Zonai e também use itens para conceder atributos especiais até o fim da batalha, como aumento no ganho de experiência ou carregamento mais rápido de habilidades únicas, especiais ou Sync.

    Os acampamentos só podem ser montados em áreas da fase que mostram um ícone de tenda no mapa. Para isso, é preciso antes derrotar a horda de inimigos e os mini bosses do local. No entanto, depois da batalha em que esse recurso é desbloqueado, já é possível ativar os efeitos dos itens antes mesmo de iniciar a partida, de modo que a montagem passa a servir apenas para recarregar as baterias, inicialmente.

    Mas novidade é a palavra-chave em Age of Imprisonment, então até mesmo os acampamentos também recebem algo novo depois de um tempo. Para as batalhas da história principal é desbloqueado ainda um ticket que pode ser ganho concluindo missões específicas que variam aos montes. Por exemplo, derrotar 200 inimigos, usar um ataque especial com determinado personagem, vencer um inimigo específico, etc.

    Para receber os tickets é preciso ir a um acampamento que você montou. Feito isso, poderá trocá-los por boosts em meio à batalha, entre eles aumento do número máximo de corações, carregamento por completo da barra de ataque especial ou de ataque sincronizado, recuperar vida se for derrotado, entre outras possibilidades. Com o avanço da história você ainda desbloqueia o uso do balão Zonai, que é um fast travel para os acampamentos construídos na fase em que você estiver, tornando ainda mais útil liberar essas zonas em cada combate.

    Em determinado momento do meio para o fim da história principal, eu achei que estaria diante apenas do grande confronto final. Eis que eu termino uma fase e, para a minha surpresa, a batalha não se encerrou ali e o game ainda desbloqueou dezenas de quests de assistência e missões secundárias por toda Hyrule, no céu e nos Depths, inclusive com algumas das fases possibilitando o desbloqueio de novos personagens.

    Se você gosta de jogar algo para além da história principal, certamente Hyrule Warriors: Age of Imprisonment é um prato cheio!

    Calama e Mysterious Construct são 2 novos protagonistas muito importantes e que oferecem uma ótima gameplay juntos em Age of Imprisonment
    Gosto muito quando um jogo muda o estilo em meio à gameplay de modo coerente | Créditos: Emerald Corp

    E para fechar o quesito novidades frequentemente inseridas na aventura, não há como não mencionar a ótima mudança de gênero do jogo para um shoot’em up usando o Mysterious Construct e o Calamo. Em algumas fases no céu, o constructo se transforma num planador armado similar ao Zonai Wing de Tears of the Kingdom, e o korok vai como piloto para uma experiência que me lembrou a troca de estilo que existe em outros jogos hack and slash, em especial o excelente Nier: Automata quando controlamos mechas.

    Novo Hyrule Warriors pode ser fácil para curtir a história, ou desafiador como um bom musou

    Hyrule Warriors: Age of Imprisonment oferece quatro dificuldades que vão desde o fácil (easy) até o muito difícil (very hard). A verdade é que o nível normal, padrão, é fácil também. Optei por jogar no difícil para ter mais adrenalina, em especial contra os ótimos chefes do jogo, mas não no extremo do very hard.

    Como a história é muito importante para o jogo e para o universo de Zelda num geral, é bem positiva a inclusão de quatro níveis de dificuldade, pois quem só quer conhecer o enredo pode aproveitar sem se preocupar em dominar todas as mecânicas de ataque, defesa e esquiva. No entanto, você só pode mudar durante a navegação pelo mapa geral de Hyrule, e não após iniciar uma batalha, sendo necessário concluí-la ou então desistir para poder mudar.

    É interessante a maneira como o novo Hyrule Warriors adapta levemente alguns aspectos de Tears of the Kingom para a gameplay de hack and slash, entre eles o uso dos artefatos Zonai como parte dos combos, e a fusão que é liberada em meio à aventura e se torna uma habilidade também de uso facilitado para dar ataques rápidos de crowd control consumindo os itens usados para fundir com as armas.

    A adaptação da mecânica aqui não exige o mesmo processo de fusão do TOTK, em que um item precisaria estar no chão para ser mesclado ao que está na sua mão, simplificando positivamente para dar o dinamismo que o gênero musou exige.

    Outro ponto modificado diz respeito a algo de longa data na franquia: a experiência na floresta Lost Woods. Tradicionalmente a névoa transforma a exploração num verdadeiro labirinto, muitas vezes levando o jogador de volta ao ponto inicial porque seguiu o caminho errado.

    Aqui em Hyrule Warriors: Age of Imprisonment a experiência é mais facilitada, pois o enredo cria as condições para essa adaptação fazer sentido. Os koroks auxiliam inclusive criando atalhos em pontos específicos graças ao apoio de Calamo. Ou seja, mais um exemplo de experiência familiar, mas bem renovada para o contexto que o estilo de jogo demanda.

    Um outro elemento que adiciona um bom dinamismo à gameplay é usar uma das habilidades do combo de Agraston, líder dos Goron. O ataque joga uma pedra de fogo e é capaz de destruir algumas paredes, possibilitando que você encontre áreas escondidas nas fases do vulcão. E, logicamente, o tradicional efeito sonoro da franquia Zelda é tocado quando liberamos o caminho bloqueado.

    Hyrule Warriors: Age of Imprisonment conta a história da guerra que originou a ameaça de Zelda Tears of the Kingdom. Review sem spoilers.
    Agraston diante de uma pedra destrutível | Créditos: Emerald Corp

    Belos gráficos e performance sólida no modo solo

    Os primeiros meses do Nintendo Switch 2 no mercado já mostraram que o novo console é capaz sim de aliar qualidade gráfica com alta performance consistente a 60fps na experiência para um jogador. Hyrule Warriors: Age of Imprisonment exige bastante por conta das horas de inimigos, e a otimização foi muito bem feita tanto para o jogo na TV, quanto no modo portátil.

    Os gráficos são bem adaptados para ambos modos de jogo, com a tela do Nintendo Switch 2 sendo um fator importante para que a experiência seja bela e fluida também no portátil, realçando a beleza do estilo gráfico e escondendo bem eventuais inconsistências visuais.

    Outro aspecto interessante é o GameShare para o Nintendo Switch anterior. A jogabilidade é surpreendentemente agradável, considerando os downgrades necessários, mas claro que também vai depender da qualidade da conexão local para transmitir o jogo por streaming do Switch 2 para o 1.

    Pontos que poderiam ser melhores

    Além da já mencionada ausência do português do Brasil nos idiomas de menus, legendas e dublagem, outros aspectos também poderiam ser um pouco melhores.

    O cooperativo local de Hyrule Warriors: Age of Imprisonment roda a 30fps, uma escolha perfeitamente compreensível por se tratar de um musou e também com muitos elementos na tela (mapa, botões, balões de diálogo, vida, indicadores de bateria e ataque especial, etc). A performance é adequada, mas por vezes podem ocorrer algumas quedas mais perceptíveis, e a discrepância entre 60fps e 30fps pode ser um problema para quem vai alterar muito entre solo e co-op.

    As cutscenes foram pré-renderizadas a 30fps, o que também causa esse estranhamento porque a gameplay é sólida a 60fps, e eventualmente algumas transições caem um pouco abaixo dos 30fps. Particularmente isso não me incomoda, pois o áudio e as legendas não travam, mas não deixa de ser curioso a opção pelo render abaixo do que a jogabilidade oferece, ao invés de processar nativamente as cenas e rodá-las a 60fps.

    Veredito

    Assim como as excelentes inovações de Tears of the Kingdom fizeram com que o título se diferenciasse de seu antecessor, a escolha pelo gênero musou para contar a história da Imprisoning War se mostrou acertada, fazendo com que Hyrule Warriors: Age of Imprisonment entregue uma experiência familiar, mas ao mesmo tempo com muitos méritos próprios capazes de diferenciá-lo em meio ao catálogo riquíssimo de jogos da franquia The Legend of Zelda.

    Nossa nota

    4,8 / 5,0

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    Assista ao trailer:

    Ficha técnica de Hyrule Warriors: Age of Imprisonment

    Lançamento: 6 de novembro de 2025

    Desenvolvido por: AAA Games Studio

    Publicado por: Koei Tecmo e Nintendo

    Plataforma: Nintendo Switch 2

    Número de jogadores: 1 a 2 (local)

    Gêneros: Hack and Slash, Musou, RPG de Ação, Terceira Pessoa

    Idiomas: Japonês, Francês, Alemão, Italiano, Espanhol, Coreano, Holandês, Chinês Simplificado, Espanhol Latino-americano, Francês Canadense, Chinês Tradicional, Inglês Americano

    Preço: R$ 439,90

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