Criado pela Exit 73 Studios e publicado pela Humble Games, #BLUD é um jogo em 2D com ilustrações feitas à mão que muito lembra os desenhos do final dos anos 1990 e início dos anos 2000 que passavam no Cartoon Network. O título do gênero dungeon crawler foi lançado no dia 18 de junho e está disponível para PC, PlayStation 4, Xbox One, Xbox Series X|S e Nintendo Switch.
Na história você controlará a personagem Rebeca, ou Becky, uma menininha que se mudou há pouco tempo para uma nova cidade com seu pai. Ela acaba descobrindo que vampiros estão à solta e que sua família vem de uma linhagem de grandes caçadores. Agora cabe a Becky salvar a cidade com a ajuda de seus amigos da escola.
Ao longo da gameplay você terá que investir em combates contra essas criaturas malignas, resolver puzzles e coletar itens enquanto progride em suas habilidades. Tudo isso envelopado numa estética de cartoon muito cinemática e com humor peculiar.
Confira nossa crítica do jogo para Nintendo Switch.
Análise de #BLUD
Adoro jogos que conseguem se comunicar com o público de uma forma única mesmo antes de serem devidamente jogados. Seja pela estética de seu nome, #BLUD, ou pelos traços que lembram desenhos como As Meninas Superpoderosas e O Laboratório de Dexter, o game da Exit 73 Studios tem uma maneira peculiar de atrair a sua atenção.
O estilo de jogo de #BLUD não é um dos meus preferidos. São poucos jogos do gênero de dungeon crawler que eu costumo jogar, mas é curioso que um dos meus favoritos – e que se assemelha um pouco com a estrutura de #BLUD – se chama Cult of the Lamb, que também apela para uma estética fofa em meio a um combate sanguinolento e com humor peculiar.
Acredito que uma das grandes virtudes do jogo da Exit 73 Studios seja a sagacidade de seus diálogos, que são muito bem localizados para o português brasileiro. O timing da comédia funciona da melhor forma possível, e consegue extrair aquela essência dos desenhos antigos que traziam piadas que as crianças não entendiam completamente.
Em sua estrutura, o jogo é dividido em capítulos que lembram os episódios de um desenho, e todos eles começam com uma title screen bem ao estilo dos cartoons dos anos 1990 e 2000. Esses pequenos detalhes tornam a experiência mais imersiva, porque você se sente inconscientemente abraçado pela nostalgia desse esmero visual.
Toda a estrutura transporta o jogador para a época dos joguinhos do Cartoon que você jogava direto no navegador. Lembra do game do Coragem, O Cão Covarde? Eu também. E pelo jeito os desenvolvedores de #BLUD também pensaram nesse sentimento.
Portanto, junte o bom humor dos diálogos as ilustrações feitas à mão, e com uma pegada nostálgica, e você já tem dois pontos positivos de #BLUD. Mas é óbvio que um jogo não se baseia só nisso, certo?
Jogabilidade e gameplay de #BLUD
Quando falamos de gameplay, a proposta de #BLUD é trazer novas ameaças em todos os seus capítulos. Acredito que esse seja um ponto positivo, pois é fácil cair no marasmo das repetições que podem tornar a experiência um pouco cansativa.
A cada novo capítulo, você é apresentado a novas áreas da cidade e cada local possui o seu próprio mapa – que você precisa encontrar escondido em algum lugar do cenário. Há outros elementos escondidos nas áreas, o que eu particularmente gosto, mas um deles eu sinceramente não entendi para que serve. São as fichas que você encontra ao longo do jogo que, tal qual os pequenos Stanleys de The Stanley Parable, servem apenas para você… ter.
#BLUD também não se atém muito a explicações. Você tem alguns corações, mas não tem um nível explícito. Então, você pode matar muitos inimigos, mas não dá pra saber se isso significa que Becky está evoluindo e ficando mais forte. Há um sentimento ao longo do jogo de que a personagem está sim ficando mais forte, mas talvez seja só um reflexo de aprender a como se defender de determinadas ameaças.
Apesar de você não ter um nível específico, suas armas evoluem por meio de itens de melhorias, que são desbloqueados conforme progride na história. A forma como você ganha esses upgrades varia, mas todas são por meio de missões aleatórias da própria trama.
A sua personagem não aprende outras combinações de golpes especificamente, mas conforme a trama avança, os itens de melhoria vão liberando alguns movimentos que complementam o ataque com seu taco de hockey. Eles são usados automaticamente conforme o timing do ataque contra um inimigo.
Além do taco de hockey, no game é possível liberar outras armas que são úteis para alcançar áreas específicas e se defender de ataques inimigos. É o caso do guarda-chuva, da pá e do gancho.
De resto, o combate é bem parecido com o de outros RPGs do gênero. Tudo visto de cima e seu personagem não pula, nem corre, apenas desliza rolando por aí – o que pode ser usado para andar mais rápido.
Devo dizer que eu tive alguns problemas com o combate devido à lentidão em alguns momentos. Não sei se isso é algo específico do Nintendo Switch, mas inúmeras vezes eu tentei atacar ou rolar antes de ser atingida e houve um atraso de alguns segundos, o que me fez tomar um dano desnecessário.
Também passei por um momento, já numa fase no final do jogo, em que os portais de onde os monstros saem durante uma batalha simplesmente não apareceram. A trilha seguiu tocando e eu fiquei presa naquele determinado ponto. Quando reiniciei o jogo, tive que começar a dungeon do zero, já que ela não salva ao longo do progresso.
Um outro ponto que eu reparei, e não sei se isso é uma escolha criativa ou algum problema, mas algumas missões que você coletou itens podem simplesmente não ser concluídas.
Por exemplo, se você pegou a missão no início do jogo e terminou ela um tempo depois, não há uma forma de finalizar essa missão posteriormente com o NPC que deveria recebê-la. Você consegue acompanhar as missões pendentes direto no perfil de rede social que está no seu celular – que também pode ser usado para tirar fotos durante a gameplay.
Fora esses pequenos problemas específicos, não tive nenhum outro bug ao longo das 10 horas da história principal. A maioria das fases fluíram tranquilamente, principalmente os desafios dos bosses!
Aliás, quando falamos dos chefões do jogo, é necessário destacar as excelentes escolhas criativas de cada uma das fases. Algumas são totalmente cinemáticas, o que garante uma imersão perfeita. Já outras são difíceis de verdade e podem render alguns minutos de irritação positiva.
Gostei muito da gameplay e me diverti bastante com #BLUD. Acredito que algumas coisas poderiam ser melhores e há espaço para novas implementações, mas uma rápida olhada na página do jogo no Steam mostra que os devs não só estão prestando atenção no feedback da comunidade, como já estão implementando mudanças que podem melhorar o game como um todo, o que é algo promissor.
Narrativa e personagens
Sem entrar em muitos detalhes, mas achei a narrativa de #BLUD bem construída. Ela tem um tom meio Scooby-Doo, e a personagem Becky é tão carismática que acaba tornando tudo ainda mais divertido.
Por se tratar de uma trama de vampiros em que a grande heroína é uma garotinha jovem, seus amigos também são todos adolescentes, o que cria um universo divertido em torno desses personagens.
Um dos melhores amigos de Becky é o Corey, e ele é uma clara inspiração no Dexter dos desenhos. Seja pelo jeito do cabelo e do óculos, ou por seu laboratório improvisado, Corey tem um visual todo nostálgico que complementa muito bem o protagonismo de Becky.
Nenhum personagem é dublado, por assim dizer. Todos fazem apenas barulhinhos, como se estivessem conversando em uma língua similar a do Animal Crossing. Mas tudo combina muito bem com a proposta do jogo.
Os outros personagens secundários não possuem tanto espaço, mas também tem seus momentos de brilhar. Além de Corey, o zelador da escola, Sr. Kristofferson, e a bruxinha Morgan são os que mais se destacam.
Veredito
#BLUD possui uma das animações 2D cartunescas mais bonitas que vi nos últimos anos. Com um estilo totalmente Cartoon Network dos anos 1990 e 2000, o game nos lembra desenhos como As Meninas Superpoderosas e o Laboratório de Dexter, mas com uma trama ao melhor estilo de Scooby-Doo.
Apesar de ter pequenas inconsistências, #BLUD traz uma proposta diferente de dungeon crawler que é divertida e tem um humor debochado. Certamente é um título que vai te surpreender.
4,0 / 5,0
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Confira o trailer:
Ficha técnica de #BLUD
Lançamento: 18 de junho de 2024
Desenvolvido por: Exit 73 Studios
Publicado por: Humble Games
Plataformas: PC, Xbox One, Xbox Series X|S, PlayStation 4 e Nintendo Switch
Número de jogadores: 1
Gêneros: Aventura, Ação, RPG
Idiomas: Alemão, Chinês Simplificado, Coreano, Espanhol, Francês, Inglês, Japonês, Português (Brasil)
Preços: R$ 73,99 (PC via Steam), R$ 133,90 (PlayStation 4), R$ 149,95 (Xbox One e Series X|S), R$ 149,95 (Nintendo Switch)