O mundo de Oz chega novamente às telonas, desta vez com Wicked, adaptação do musical de mesmo nome e que tem como base o livro escrito por Gregory Maguire. O longa é dirigido por Jon M. Chu e conta com um elenco estelar composto por Cynthia Erivo, Ariana Grande, Jonathan Bailey, Jeff Goldblum, Michelle Yeoh e Peter Dinklage.
Wicked estreia no dia 21 de novembro nos cinemas brasileiros. Confira nossa crítica sem spoilers da produção.
Sinopse de Wicked
Elphaba (Cynthia Erivo), uma jovem incompreendida por causa da pele verde, e Glinda (Ariana Grande), uma jovem popular, se tornam amigas na Universidade de Shiz, na Terra de Oz. Após um encontro com o Maravilhoso Mágico de Oz (Jeff Goldblum), a amizade delas chega a uma encruzilhada.
Análise
Nos dias atuais, onde filmes musicais sofrem uma certa resistência por parte do público, Wicked é uma vitória triunfante da magia e do lúdico. Ambientado no mesmo universo do clássico O Mágico de Oz, Wicked é um dos musicais mais famosos do mundo e chega aos cinemas em uma adaptação exuberante.
Elphaba, uma jovem extremamente poderosa, mas que nasceu com a pele verde, é tratada durante toda a sua vida como uma aberração. Mesmo com um grande dom e com a capacidade de usá-lo para transformar a vida das pessoas, ela é constantemente agredida por sua família e pessoas próximas, única e exclusivamente devido a sua aparência.
No dia em que sua irmã Nessarose (Marissa Bode) ingressa na Universidade de Shiz, Elphaba está presente e acaba chamando atenção de Madame Morrible (Michelle Yeoh), sendo convidada a ingressar no corpo estudantil.
A partir daqui, acompanhamos Elphaba em sua jornada de descobertas, seja sobre seus poderes, seja sobre o mundo a sua volta. Algo estranho está acontecendo no reino de Oz, e essas mudanças são um presságio ruim para o futuro.
É na universidade que Elphaba conhece Glinda, a garota mais popular e amada por todos. Dois extremos, as personagens constroem um arco de ódio e amizade, criando laços e caminhando juntas rumo ao sonho de Elphaba, que é conhecer o famoso Mágico de Oz.
A história amplamente conhecida do musical ganha contornos ainda mais estonteantes nas telas do cinema. O longa não tem medo de abordar todos os temas políticos, e necessários, que a trama possui, indo a fundo em sua proposta e costurando sua mensagem com os excelentes momentos musicais.
Falando em excelente, Cynthia Erivo é inacreditável como Elphaba e, se o musical é tão exitoso em sua proposta, Erivo é uma das grandes responsáveis por isso.
Além de seu poder vocal, que é algo de outro mundo, Erivo empresta a Elphaba alguns traços de sua própria personalidade. A personagem do filme é calma e contida, mas ao mesmo tempo possui força e é voraz em suas decisões e vontades.
Destaco uma ocasião em que podemos ver essa dualidade facilmente: o Ozdust Ball. Confesso que essa cena foi uma das que mais mexeu comigo ao longo de todo o filme, pois é um momento sincero, triste e cruel, onde Elphaba está completamente exposta ao julgamento alheio e vulnerável a ponto de não conseguir segurar as próprias lágrimas.
A ausência de música em determinado segmento torna a situação ainda mais impactante, uma decisão muito acertada por parte da direção do filme. Falando na direção, John M. Chu sabe exatamente os atores que possui e consegue extrair o melhor de todos eles. É fácil se sentir envolvido não só pelas canções, mas pelo carisma do elenco em cena.
Mesmo os núcleos mais apagados, que se concentram mais para o último segmento do longa, possuem seus momentos interessantes e certamente Wicked consegue alcançar o objetivo de deixar o espectador ansioso para a próxima parte da produção.
Além de Erivo, que pra mim é a alma e destaque da produção, o restante do elenco também esbanja simpatia e técnica. Ariana Grande está muito bem como Glinda, explorando o seu lado cômico e que complementa a introspecção de Elphaba. As duas personagens não poderiam ser mais diferentes, inclusive no quesito crueldade, mas de alguma forma essa aliança funciona muito bem e rende momentos lindos em tela.
Completando, vale deixar um destaque para Jonathan Bailey que interpreta Fiyero. O ator vem demonstrando sua versatilidade ao longo dos últimos anos e, mesmo que esse papel não caia muito longe de seu charmoso irmão Bridgerton, Bailey consegue dosar um pouco de humor para tornar Fiyero ainda mais atrativo para a audiência.
Mesmo que a peça musical seja amplamente conhecida, nem sempre tudo o que é feito num modelo casará totalmente quando levado para outro formato. O trabalho dos roteiristas Winnie Holzman e Dana Fox é bem consciente nesse sentido, focando bastante no desenvolvimento das duas coprotagonistas.
Elphaba e Glinda têm um ótimo desenvolvimento, seja com as duas dividindo situações juntas ou de forma separada, e as músicas belíssimas de Wicked complementam esses momentos com a pitada de entusiasmo necessário para que as atrizes brilhem ainda mais.
Por fim, o óbvio também precisa ser mencionado. Cenários, roupas, cabelos, maquiagem: tudo em Wicked é criado com primor, enchendo a tela de cores e elementos vívidos. John M. Chu sabe disso e aproveita toda essa estrutura para entregar cenas que provavelmente irão marcar a memória dos fãs.
Ao término da sessão, é difícil não querer viver nesse mundo por apenas mais um momento, ou já sair pesquisando quando teremos a parte 2. Um efeito assim só pode significar uma tarefa bem executada.
Veredito
Wicked é uma grata surpresa e se consagra como uma das melhores adaptações de musicais dos últimos anos. Com um elenco estelar, ótimas atuações e uma mensagem extremamente atual, talvez o longa possa marcar o início de uma virada na era dos musicais, reaproximando o público desse gênero e permitindo aqueles que amam aproveitar mais lançamentos tão bons quanto esse.
4,0 / 5,0
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