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    CRÍTICA – Rustin é um retrato emocionante de um homem sonhador

    Rustin conta a história de um dos maiores influenciadores da liberdade do povo negro nos Estados Unidos e tem Colman Domingo no papel principal. O longa faz parte do catálogo original da Netflix.

    Sinopse

    Rustin é a biografia de Bayard Rustin, um homem negro, homossexual e de esquerda que foi fundamental na luta pelos direitos civis da população preta estadunidense na época da Segregação, um dos períodos mais nefastos do país.

    Análise de Rustin

    Martin Luther King Jr, Malcolm X, Rosa Parks, Angela Davis, a luta dos negros tem muitos rostos e representantes icônicos que tentaram a um custo muito alto fazer dos Estados Unidos um lugar melhor para o povo preto que foi jogado à sua própria sorte por anos.

    Entretanto, existiram pessoas que ajudaram esses grandes líderes a chegarem ao topo, sendo extremamente fundamentais nos bastidores e, sem sombra de dúvidas, Bayard Rustin foi um deles.

    O longa do ativista negro não tem o intuito de ser uma biografia ilibada do nosso protagonista, uma vez que mostra suas falhas de caráter, assim como tudo que o levou a ser uma pessoa cheia de camadas.

    Vivemos em uma sociedade que possui diversos preconceitos e que caminha lentamente para diminuí-los, já que a extinção deles é algo irreal.

    Na década de 60 e 70, era ainda pior a trajetória de quem fazia parte de alguma minoria, e Bayard era gay, esquerdista e preto em um país que odeia o pensamento livre, mesmo que venda isso aos quatro ventos.

    A história de Rustin conta com uma atuação espetacular de Colman Domingo, que consegue trazer leveza e ousadia, ao mesmo tempo que em pequenos gestos mostra a insegurança e os anseios de seu personagem que é atingido por inimigos e aliados de formas duras, mas não cai.

    O restante do elenco está afiado e entrega atuações muito boas que ajudam Domingo a brilhar ainda mais em embates calorosos. Johnny Ramey e Chris Rock se destacam por terem um papel mais complexo, funcionando quase como dois antagonistas dentro da estrutura do longa.

    O enfoque no processo e não na passeata em si foi um grande acerto pois, de forma sutil, consegue mostrar o quão importante foi todo o jogo de bastidores, além das dificuldades impostas e do fogo cruzado que existia por conta de egos e uma política de submissão.

    A emoção que George C. Wolfe traz em sua direção é estupenda, criando cenários cheios de energia que misturam o poder black com uma trilha sonora cheia de jazz e blues com o figurino marcante da época e enquadramentos que destacam as atuações envolventes com diálogos poderosos e bem executados.

    As batidas musicais e a efervescência do tema, somadas aos flashblacks cruéis de uma vida de sofrimento do protagonista dão o rumo a uma história repleta de sacrifícios, mas que tem uma recompensa magnifica são compensadas por um exímio trabalho de montagem e design de produção. A Netinha acertou mais uma vez na temporada de premiações.

    Veredito

    rustin

    Com uma temática energética, tal qual seu personagem principal, Rustin é um filme que deve ser obrigatório para aqueles que amam pessoas complexas e que tem paixão pela vida, mesmo que ela seja difícil.

    Com uma atuação brilhante de domingo e um roteiro e direção afiados, o longa não deve fazer barulho no Oscar de 2024, mas já tem um lugar cativo nos melhores do ano por conta de sua qualidade gigantesca.

    Nossa nota

    4,5/5,0

    Confira o trailer:

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