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    CRÍTICA – Sem criatividade e superficial, Rua do Medo: Rainha do Baile destoa da franquia

    Rua do Medo: Rainha do Baile é um derivado da trilogia Rua do Medo, com todos os quatro filmes disponíveis na Netflix.

    Em 2021, quando estávamos presos em casa por causa da pandemia e buscando qualquer entretenimento que aliviasse o estresse coletivo, surge, quase que gloriosamente, a trilogia Rua do Medo. Baseada na série de livros adolescentes de R.L. Stine, os filmes estavam originalmente programados para estrear nos cinemas, mas a Netflix comprou os direitos de distribuição e decidiu investir pesado no projeto.

    O resultado não poderia ter sido mais positivo. Rua do Medo foi um sucesso na época, em parte pela história sobrenatural e queer que trazia um frescor ao subgênero slasher, mas também por conectar um público carente de filmes leves, sem abrir mão do bom e velho terror teen clássico. E ajuda (muito) que a direção de Leigh Janiak nos três longas tenha equilibrado o drama adolescente com uma sensação constante de perigo. Além disso, o fato da trilogia ter sido pensada para o cinema acrescenta ainda mais peso e cria uma expectativa natural para qualquer produção futura nesse universo.

    Infelizmente, Rua do Medo: Rainha do Baile não é, nem de longe, o que seus antecessores conseguiram ser. Poderia até haver a desculpa de ser um filme criado direto para o streaming, mas convenhamos: diante de tantas grandes produções feitas pra TV, essa justificativa não se sustenta. Rua do Medo: Rainha do Baile é, no fim das contas, um filme preguiçoso.

    Dessa vez, a história se passa nos anos 80, durante uma festa de formatura em uma escola de Shadyside. Sem grandes conexões com os filmes anteriores, aposta no slasher como motor principal, mas é tudo tão superficial que mal se sustenta. Na trama, garotas do ensino médio competem para saber quem será a rainha do baile, mas uma a uma são assassinadas. E, sim, temos todos os estereótipos possíveis: a protagonista é Lori (India Fowler), a menina boazinha e excluída que quer mudar o status quo da escola; e a antagonista é Tiffany (Fina Strazza), a típica garota popular e maldosa que tem todos aos seus pés.

    Já no início, o filme se apressa para apresentar todos os personagens de uma vez, numa abertura limitada e sem criatividade. O roteirista e diretor Matt Palmer e o co-roteirista Donald McLeary parecem ter esquecido os conceitos básicos que fazem um bom terror funcionar. Da estética aos personagens, tudo parece plastificado, falso, antiquado e bem distante do que vimos na trilogia original. Não há ritmo, não há atmosfera, e as mortes, que poderiam apostar no gore, passam batido, sem impacto algum. Até há um esforço estético no assassino — com uma máscara e uma roupa vermelha —, mas sinceramente: para um filme que tem “medo” no nome, ele não assusta ninguém.

    Se há algo de positivo, talvez seja o elenco estreante, que, mesmo com um roteiro fraco, impõe certo carisma à produção. Principalmente India Fowler e Fina Strazza, que se esforçam ao máximo para sustentar a rivalidade. Destaque também para Ella Rubin (Anora, Until Dawn), que poderia ter sido muito melhor aproveitada, mas sofre com o mesmo texto apressado e sem alma. Dos adultos – Lili Taylor, Chris Klein e Katherine Waterston – são nomes conhecidos, mas que pouco sustentam seus personagens.

    Nesse sentido, Rua do Medo: Rainha do Baile coloca em dúvida se realmente vale a pena continuar explorando o universo de Shadyside. E isso é lamentável, pois é um universo divertido que traz um senso de identidade e inclusão para o público Não é só decepcionante — é extremamente sem graça e esquecível.

    Veredito

    Finde de Terror 78 (2)

    Rua do Medo: Rainha do Baile não faz jus à trilogia original, que brilhou na Netflix em plena pandemia. Com uma história independente, o novo filme tenta emular o que deu certo, apostando no slasher, mas entrega apenas um roteiro fraco e uma produção artificial. Talvez o único respiro seja o elenco.

    Nossa nota

    2.0/5.0

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    Assista ao trailer:

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