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    CRÍTICA: o experimento não deu muito certo em Presença

    Presença ou Presence é o mais novo filme de Steven Soderbergh e conta com Lucy Liu no elenco principal.

    A obra está disponível nos cinemas brasileiros.

    Sinopse

    Uma família se muda para uma nova casa, onde uma presença misteriosa assombra o lugar.

    Análise de Presença

    Presença causou boa impressão nos festivais por onde passou por conta de sua premissa inovadora: o protagonista da história é uma entidade presa em uma casa no subúrbio e agora lida com uma família que acabou de adquirir o local.

    Assistindo ao filme, consigo fazer a comparação com duas obras, uma de terror e uma de drama, que tem uma proposta bem próxima: Sombras da Vida, da A24, e Skinamarink: Canção de Ninar, longa imersivo canadense.

    Sombras da Vida tem como objetivo mostrar a nossa finitude e como seria um pós-vida, além de filosofar sobre legado e de que somos um grão de areia no deserto na história.

    Já Skinamarink tem como objetivo causar medo por meio da experiência constante de algo maligno, utilizando nosso medo do escuro, como forma de impressionar o espectador com uma experiência de imersão, precisando de muitos elementos para funcionar.

    Presença vai mais no caminho do longa canadense do que o da A24, mesmo que em sua base tenhamos o drama e o suspense, com bastante ausência do terror.

    Somos apresentados a uma família com problemas de relacionamento, com todos os membros sofrendo internamente com uma solidão profunda.

    Rebecca e Chris (Lucy Liu e Chris Sullivan) são um casal à beira do divórcio, com vários segredos.

    Chloe (Callina Liang) é uma adolescente em uma fase complicada e ainda por cima está enlutada, pois sua melhor amiga foi assassinada.

    Temos ainda Tyler (Eddy Maday) e Ryan (West Mulholland) que são fundamentais para o terceiro ato, mas ficam como os coadjuvantes mais apagados ao longo do filme.

    A atuação de Liang, assim como de Sullivan são as mais relevantes por conta de seus personagens terem mais camadas que os demais. Mulholland convence bem bastante em seu grande ponto de virada.

    Sobre o roteiro, talvez seja o ponto mais fraco de Presença. Não há aqui uma grande história a ser contada, uma vez que parece que o filme tem uma certa timidez de ousar. O foco máximo na direção cria uma trama sem muitos desdobramentos interessante e, mesmo que alguns personagens como Chris tenham o que apresentar, nunca temos boas resoluções de seus dramas.

    Tudo fica solto com uma longa construção até o final do terceiro ato que, aí sim, nos traz um momento catártico. Contudo, a espera acaba sendo tão prolongada que acabamos cansados quando a maior virada do projeto acontece.

    Por mais que haja um bom final, Presença parece não conseguir mostrar a que veio.

    Por fim, a direção constrói a obra com planos sequências, cenas práticas com as habilidades da assombração e uma trilha sonora intimista, tentando nos dar apenas pistas para chegarmos a conclusão.

    Mesmo com apenas um cenário, a grande casal, parece que sempre existe um vazio imenso, o que é um mérito de Soderbergh.

    Por mais que exista um ser quase onipresente, parece que sempre falta algo, um dos triunfos de Presença, mas nada que encha os nossos olhos a ponto de tornar a experiência marcante.

    Veredito:

    Presença é um filme que intriga pela proposta inovadora e pela atmosfera cuidadosamente construída, mas peca por não explorar todo o potencial de sua premissa.

    Com uma direção competente de Soderbergh, que utiliza planos sequências e um cenário claustrofóbico para criar tensão, o longa acerta na imersão e no tom melancólico, mas não consegue nos deixar impactados com seu estilo e ideia.

    Se você busca um terror psicológico mais contemplativo, pode valer a pena, mas não espere uma obra marcante ou revolucionária.

    Nossa nota

    3.0/5.0

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    Assista ao trailer:

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