O Auto da Compadecida 2 é a sequência que chega 25 anos depois do original e que traz Selton Mello e Matheus Nachtergaele como protagonistas novamente. A direção é de Guel Arraes e Flávia Lacerda.
O filme estreia no dia 25 de dezembro nos cinemas brasileiros.
Sinopse
Os malandros João Grilo (Matheus Nachtergaele) e Chicó (Selton Mello) estão de volta e agora devem sair de uma enrascada com dois candidatos a prefeitura da cidade.
Análise de O Auto da Compadecida 2
O Auto da Compadecida, obra criada por Adriano Suassuna, é um dos marcos da história da arte brasileira num geral, pois fez sucesso como livro, peça teatral, série de TV e filme de cinema.
Após 25 anos, recebemos uma continuação, o que gerou bastante expectativa por parte da legião de fãs.
Nos primeiros minutos, a nostalgia toma conta e voltamos para o final dos anos 90 e início dos anos 2000 com Chicó e João Grilo novamente em tela.
E, de fato, ela é a bengala que mantém O Auto da Compadecida 2 de pé, pois o que vemos ao longo dos 120 minutos do longa.
As atuações são o ponto mais alto do projeto, pois o elenco é forte e faz um trabalho muito bom.
Selton Mello e Matheus Nachtergaele dão um show novamente, entregando cenas maravilhosas e um domínio grandioso. A sensação que fica é de que estamos revendo velhos amigos e os dois protagonistas tem carisma de sobra.
Das adições, Fabíula Nascimento e Eduardo Sterblitch são as melhores somas de O Auto da Compadecida 2. Por mais que a personagem da atriz não acrescente em nada na história, sua atuação é caprichada, entregando nuances dela.
Sterblitch tem o antagonista mais interessante, uma vez que se trata de um homem ganancioso que se aproveita dos problemas do povo. Se estivesse na condição de único vilão, seria ainda mais proveitoso para os espectadores, pois tem um potencial incrível para brilhar e Eduardo aproveita muito bem seus minutos de tela.
A direção e design de produção capricham nas cenas e trazem momentos cheios de emoção. O longa continua trazendo o melhor do Sertão brasileiro, com cenários caprichados, embora o uso de CGI tenha me incomodado em alguns momentos.
Entretanto, a montagem é confusa e em alguns momentos parece que algo não está certo, com cenas soltas que poderiam ser cortadas tranquilamente.
Um grande exemplo disso está em partes do arco de Antônio do Amor, interpretado por Luís Miranda.
O ator é carismático, contudo, suas performances sempre carregam artificialidade e aqui não foi diferente. Seu personagem é o pior da trama, mesmo que Clarabela de Fabíula Nascimento tenha menos efetividade à história. Antônio não consegue atingir seu ápice em nenhum momento, apesar de ter uma das piadas mais engraçadas do longa-metragem.
O roteiro é o que temos de mais fraco, visto que vemos mais do mesmo, principalmente no terceiro ato, que apresenta as soluções iguais do primeiro filme de 2000.
É praticamente o mesmo contexto, só que com bem menos inspiração, uma vez que era praticamente impossível bater Fernanda Montenegro, Luís Melo e Maurício Gonçalves, que interpretaram Maria, Lúcifer e Jesus Cristo de forma brilhante. Aqui, há competência, principalmente por parte de Taís Araújo como Maria, mas não chega nem perto do original.
Há ainda a necessidade de fazer uma homenagem ao projeto inicial, e isso atrapalha o andamento do filme. As frases de impacto de Chicó recebem até um zoom no rosto de Mello para trazer um sorriso ao espectador, mas eu fiquei com uma sensação de que a naturalidade se foi e ficamos com um trabalho que vem para arrancar a emoção de nós por meio da memória afetiva, fãs do original que nos empolgamos bastante com a ideia, todavia, faltou inspiração.
Veredito
Nostálgico e irregular, O Auto da Compadecida 2 apela para a nostalgia, um erro para um universo tão rico e singular.
Se tentasse trazer algo novo, com certeza a obra poderia ser mais eficaz, mas mesmo com problemas, vale seu investimento por conta da emoção de rever nossos velhos amigos do Sertão do Brasil.
3.5/5.0
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