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    CRÍTICA – Megan: temos um novo brinquedo assassino

    Megan ou M3gan é um longa dirigido por Gerard Johnstone que é apadrinhado por James Wan, o Midas de Hollywood no gênero de terror.

    Sinopse

    Na trama, uma engenheira de dados constrói uma boneca perfeita com o intuito de ajudar a sua sobrinha a superar o luto da perda dos pais. Entretanto, o que era para ser apenas um brinquedo se transforma em uma arma letal capaz de destruir tudo que vier pela frente.

    Análise de Megan

    Brinquedos assassinos sempre trouxeram um misto de emoções do público, pois ao passo que temos possibilidades de bons projetos surgirem, a chance de algum deles dar errado também é proporcionalmente igual.

    Em 2019, tivemos Brinquedo Assassino, longa que tentou trazer uma versão mais tecnológica do icônico Chucky, o que acabou se provando uma escolha péssima por causa do roteiro fraco e de uma direção nada inventiva.

    Chegamos em 2023 e parece que Gerard Johnstone viu o que foi feito e conseguiu corrigir de forma brilhante o curso do filme que foi tão mal avaliado que até a série do boneco mais maneiro do mundo esqueceu que existe, consolidando Megan como uma sucessora desse legado de boneca diabólica tecnológica do mal.

    A obra traz uma reflexão interessante sobre a importância e até vício que temos em tecnologia, principalmente no que se refere a como educar nossos filhos sem dezenas de telas que hipnotizam as crianças, deixando os adultos confortáveis com eventuais “distrações” que fazem parte da construção de identidade dos pequenos.

    A protagonista Gemma, interpretada pela ótima Alisson Williams, é um excelente exemplo da minha geração millenial.

    Ela é geek, inteligente, focada na carreira, mas completamente dependente de gadgets como smartphones, inteligências artificiais e aplicativos para ter o mínimo de interação com o “mundo real”.

    A falta de conexão com a realidade a torna bastante fria, o que respinga diretamente em Cady (Violet McGraw), uma jovem que perdera os pais e que agora vive com a tia que não consegue se apegar a ela, colocando um robô ultra inteligente como um substituto do afeto.

    Isso é um ponto interessantíssimo do roteiro, uma vez que Megan faz tudo para proteger Cady, construindo a figura de pais relapsos e ultraprotetores, além de mostrar os perigos da tecnologia sem filtros e responsabilidades.

    Fazendo uma comparação com o nosso dia a dia, podemos pensar em como as crianças possuem total liberdade para consumirem produtos completamente sem travas no online, podendo ter problemas psicológicos irreversíveis. Megan traz essa discussão para o físico, sendo uma assassina letal e que destrói a mente de Cady com sua influência.

    Nos aspectos técnicos, a direção é o grande destaque, visto que Johnstone consegue ser autoral, mas traz os bons recursos de Wan em seu trabalho.

    Nas cenas práticas, consegue mascarar muito bem os movimentos das atrizes que dão vida a boneca Megan com enquadramentos de câmera e um bom jogo de luz, usando muito bem o CGI quando necessário em cenas mais calmas.

    Os glitchs de Megan

    megan

    Megan carece de um pouco mais de ousadia na violência, contudo, é compreensível o longa ser mais soft, pois o estúdio pediu para os realizadores não pesarem tanto a mão para que o projeto pudesse ser visto por mais pessoas, o que se tornou até uma decisão acertada, já que está dando um lucro danado com uma sequência confirmada pela Blumhouse.

    Alguns personagens acabam sobrando também, com versões estereotipadas que atrapalham um pouco a experiência, porém, nada que nos tire do filme completamente.

    Veredito

    Megan é um bom terror de shopping center que traz alguns sustinhos e até reflexões com uma mistura surpreendente de gêneros em sua execução como terror/horror, passando também pela comédia e drama.

    Se você vai apenas esperando um banho de sangue, o filme não é para você. Agora, se quer um entretenimento de qualidade sem muitas exigências, vá de coração aberto!

    Nossa nota

    4,0/5,0

    Confira o trailer do longa:

    Megan está disponível nos cinemas brasileiros.

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