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    CRÍTICA – Love Lies Bleeding explode em suor, amor e violência

    Love Lies Bleeding estreou no Festival de Cinema de Sundance 2024 e chegou recentemente ao streaming Max. Na direção está Rose Class e no elenco Kristen Stewart, Katy M. O’Brian, Dave Franco, Jena Malone e Ed Harris.

    Sinopse

    A solitária gerente de academia Lou (Kristen Stewart) se apaixona pela ambiciosa fisiculturista Jackie (Katy M. O`Brian), que está de passagem em direção à Las Vegas, em busca de um sonho. Mas essa história de amor fulminante as envolve na rede criminosa da família de Lou.

    Análise de Love Lies Bleeding

    Em uma pequena cidade isolada no Novo México, no final dos anos 80, tudo pode acontecer: assassinatos, contrabando de armas e, inesperadamente, o surgimento de um novo amor.

    Em seu segundo longa, a diretora Rose Glass (Santa Maud) parte desse contexto para apresentar Love Lies Bleeding, o mais recente exemplar do gênero noir que o cinema contemporâneo pode proporcionar.

    Não se trata apenas de um suspense policial onde um ato mal executado desencadeia uma série de situações desastrosas, mas também captura o espírito ousado dos clássicos dos anos 40, sem perder sua originalidade.

    Para isso, Kristen Stewart interpreta Lou, uma gerente de academia. Logo nos primeiros momentos do filme, vemos a personagem com seu mullet estilizado enfiando a mão enluvada na privada para desentupir o que quer que seja.

    Esta cena é quase uma prévia do que Lou enfrentará ao longo da trama. Apesar de sua aparência franzina, Lou nunca é frágil, mesmo diante de JJ (Dave Franco), um homem mesquinho que agride sua esposa Beth (Jena Malone), irmã de Lou. Ela também não se intimida na presença do pai, vivido por Ed Harris, um homem carrancudo, mas temido, que comanda um campo de tiro que serve como fachada para o contrabando de armas entre as fronteiras.

    Sua família é extremamente disfuncional, e Lou parece já ter se acostumado, embora ainda seja revoltante. Para tirá-la de sua inércia, surge Jackie (Katy M. O’Brian), com músculos definidos e um sonho. Ela é uma fisiculturista bissexual de passagem, indo para um torneio em Las Vegas. As duas se apaixonam em um amor compulsivo que serve como uma libertação para ambas. Lou precisa de uma motivação, e Jackie de uma companhia que a forneça amor, o que chega também através de asteroides.

    A comparação com “Thelma & Louise” é bem-vinda. Love Lies Bleeding é sobre enxergar além de uma vida vivida com medo, é sobre ganhar força na companhia de outra pessoa e não mais aceitar as microagressões dos outros. Mas se no filme de Ridley Scott (spoiler) as personagens principais morrem de forma romantizada, nesse novo thriller envolvente há uma esperança para as mulheres que ousam sair do comum.

    A roteirista e diretora Rose Glass já havia se saído muito bem em seu primeiro longa ao colocar em discussão o fanatismo religioso. Em Love Lies Bleeding, ela repete o feito ao tratar das relações de poder dentro de uma pequena conjuntura, como um núcleo familiar.

    Para exemplificar, todos ali estão pensando no que querem para si: Lou quer ficar com Jackie, Jackie quer ser a melhor, e assim por diante. Não importa se no caminho haverá esqueletos no armário, ainda que Lou apareça várias vezes recolhendo corpos, o que mais uma vez dá o tom de suspense do filme.

    Além disso, há o suor e a sujeira que permeiam cada cena, o que colabora para que Love Lies Bleeding seja como uma bomba com o pavio longo, começa com uma pequena chama que depois explode em crime e paixão.

    A estética crua e visceral do filme, aliada às performances intensas do elenco, faz com que cada momento seja carregado de tensão e autenticidade. A câmera de Glass capta a brutalidade e a ternura das relações humanas, em certa momento o filme pode desagradar por fugir do literal, mas há beleza nas escolhas criativas da diretora que combinam com o seu jeito inventivo, basta ver sua cinebiografia.

    Veredito

    Love Lies Bleeding é uma história sobre amor e violência que vai aos extremos para legitimar suas personagens. Com uma trama intensa e transgressora, o filme introduz novas ideias ao gênero noir sem perder sua originalidade. Tudo isso é complementado por um elenco repleto de estrelas, que entregam personagens complexos e cativantes.

    Nossa nota

    4.0/5.0

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    Confira o trailer:

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