More

    CRÍTICA – O sonho americano vira um pesadelo apocalíptico em Guerra Civil

    Guerra Civil (Civil War) estreia nos cinemas brasileiros no dia 18 de abril. O filme tem roteiro e direção de Alex Garland e traz em seu elenco os nomes Kirsten Dunst, Wagner Moura, Cailee Spaeny e Stephen McKinley Henderson.

    Confira nossa crítica sem spoilers da produção.

    Sinopse de Guerra Civil

    Em um futuro distópico, um grupo de jornalistas percorre os Estados Unidos durante um intenso conflito que envolve toda a nação.

    Análise

    O conceito do sonho americano permeia o imaginário de cada cidadão dos Estados Unidos. Uma promessa de prosperidade que tem sido vendida há séculos, tanto para enaltecer os nativos quanto para atrair imigrantes.

    Por isso, é particularmente chocante a premissa do diretor Alex Garland em seu mais novo filme Guerra Civil, que sugere um colapso total do país, onde a liberdade há muito deixou de existir, dando lugar a violência e ao horror de um sonho distorcido em pesadelo.

    Cena após cena, o filme desafia nossa moralidade e questiona nossa indiferença diante dos conflitos armados. A trama segue os fotojornalistas Lee (Kirsten Dunst), Joel (Wagner Moura), Jessie (Cailee Spaeny) e Sammy (Stephen McKinley Henderson) em uma jornada tensa de Nova Iorque a Washington D.C..

    Apesar de seu papel ser apenas documentar os eventos, é perturbador observar o quanto esses personagens estão dispostos a comprometer sua humanidade em busca da foto perfeita.

    Kirsten Dunst entrega uma performance sólida como Lee, uma profissional endurecida e emocionalmente distante, enquanto Wagner Moura brilha como Joe, um fotógrafo cínico, já blindado pelos anos de profissão. Stephen McKinley Henderson oferece uma presença sábia como Sammy, e Cailee Spaeny é a novata Jessie, ansiosa por seguir os passos de seus predecessores.

    À medida que a trama avança, Guerra Civil também explora elementos de road movie, com cada parada revelando cenas perturbadoras que ilustram a devastação da guerra. Esses confrontos forçam o grupo a superar continuamente as adversidades, o que confere um tom de frieza às suas personalidades.

    Essa insensibilidade permeia o filme, onde cada incidente parece ter um peso atenuado, como se tanto os personagens quanto os espectadores estivessem dessensibilizados pela violência contínua.

    CRÍTICA - O sonho americano vira um pesadelo apocalíptico em Guerra Civil
    Créditos: Divulgação / Diamond Films

    A sensação de impotência e vazio é uma marca do cinema de Alex Garland, conhecido por filmes aclamados como Ex-Machina e Aniquilação. Garland é provocativo em suas narrativas distópicas, seja explorando inteligências artificiais, a natureza ou guerras, evocando os aspectos mais desoladores da sociedade.

    Em Guerra Civil, filme que escreveu e dirigiu, ele capta como nos tornamos apáticos diante da morte e do sofrimento, enquanto paradoxalmente desejamos documentar tudo para suscitar emoção. A edição de som trabalha justamente para causar esse desequilíbrio emocional com sons ensurdecedores de tiros que provocam terror.

    Nesse sentido, um dos maiores acertos do longa foi evitar detalhar as causas políticas dos conflitos, sugerindo que sua guerra poderia ser qualquer uma, até mesmo os conflitos contemporâneos que assolam o mundo.

    Embora muitas pessoas busquem contextos políticos mais aprofundados para entender como uma nação “estável” pode chegar a tal extremo, o filme prova que não são necessárias justificativas extensas para mostrar a realidade evidente, sendo uma jogada astuta de Garland.

    Logo, Guerra Civil quer muito mais do que comover o espectador. A intensão é questionar porque olhamos somente através de câmeras para um mundo em crise.

    Veredito

    Guerra Civil é uma exploração implacável da violência e destruição em um cenário de guerra americana que transcende suas fronteiras e reflete conflitos atuais. Alex Garland entrega um filme intenso que não apenas choca com suas cenas cruas, mas também desafia profundamente o espectador a refletir sobre nossa dessensibilização coletiva diante dos horrores da humanidade.

    Nossa nota

    4,5 / 5,0

    Assista ao trailer:

    spot_img

    Artigos relacionados