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    CRÍTICA – Bottoms traz a sátira dos filmes adolescentes para outro nível

    Bottoms ou Clube da Luta das Meninas estreou no Brasil pela Prime Video, na direção está Emma Seligman, que também assina o roteiro com Rachel Sennott. No elenco, além de Senott, fazem parte Ayo Edebiri, Kaia Gerner, Havana Rose Liu e Nicholas Galitzine

    Sinopse de Bottoms

    Duas alunas não populares do último ano do ensino médio criam um clube da luta para tentar impressionar e conquistar líderes de torcida.

    Análise

    bottoms

    Nas últimas décadas os filmes de comédia adolescente passaram por uma atualização geracional.

    Se antes filmes como American Pie (1999) e Superbad (2007) faziam sucesso por escracharem seus personagens a ponto de torná-los ridículos, agora existe uma onda que observa esse subgênero como uma oportunidade para rir de si mesmo e não mais de seus protagonistas.

    É o caso de Bottoms, o novo filme de Emma Seligman apresenta um humor audacioso, sagaz e deliciosamente exagerado, mas sem tornar suas personagens mero aspecto para o cômico.

    PJ (Rachel Sennott) e Josie (Ayo Edebiri) são amigas desde a primeira série, mas no ensino médio as cobranças por popularidade as colocam no limite. Elas são lésbicas, perdedoras, sem amigos e pouco reconhecidas na escola, o que as próprias chamam de “gay sem talento”.

    Para mudar suas posições de hierarquia no colégio, elas decidem criar um clube da luta feminino, mas a intenção real delas é ficar com as lideres de torcidas e, consequentemente, perder a virgindade.

    Para se estabelecer, o filme parte de uma premissa comum as comédias adolescentes. Essas meninas são sacanas e moralmente erradas, mas por trás das mentiras contadas ao clube, PJ e Josi só querem ser notadas pelas suas amadas Brittany (Kaia Gerner) e Isabel (Havana Rose Liu).

    O clube de luta surge como uma luva, elas não apenas “roubam” as lideres de torcidas do time de futebol americano da escola, como também criam um sistema de empoderamento feminino que ambas não esperavam.

    O clube gera conversas sinceras entre as meninas, uma delas relata que tem um perseguidor que nunca é preso pela polícia, por mais que ela denuncie. Seligam aproveita esses aspectos mais endurecidos do longa para criar situações cômicas, o espectador ri do absurdo e das piadas ácidas que a diretora faz questão de entregar sempre que uma problemática feminina é posta em tela.

    Não à toa, a violência desenfreada no clube é algo catártico para essas meninas, elas estão no controle da situação por mais que não pareça. A cena em que Isabel confronta seu namorado Jeff (Nicholas Galitzine) após ele tê-la traído novamente expressa esse poder feminino que apenas a sororidade é capaz de dar.

    Mas Bottoms não se trata somente disso, é um filme tendencioso que quando precisa sabe ser maldoso no estilo Meninas Malvadas com cenas de vinganças e exposeds. Como segundo filme de Seligam, que vem no aclamado Shiva Baby (2021), é visível a disposição que a diretora tem para a comédia dramática. A cineasta consegue tratar de temas complexos, como exclusão e orientação sexual, de forma sarcástica e irônica, sem nunca fugir da crítica.

    Seligam repete a parceria com Rachael Sennott, que desta vez, além de protagonizar o seu filme, também assina o roteiro. Tanto Sennott, como Ayo Edebiri estão expedidas em seus papéis, enquanto PJ é um líder nata que não leva desaforos, Josi é mais insegura e acanhada, sendo formas diferentes de lidar com o preconceito do dia a dia.

    Dessa forma, Bottoms leva a sátira adolescente para outro patamar ao desconstruir seus próprios preceitos e refazer a ordem social tanto dentro no filme, como no subgênero das comédias adolescentes.

    Veredito

    Bottoms sabe ser irreal e extrapolar situações sem perder de vista o cômico e o comentário crítico, uma ótima sacada da diretora.

    Nossa nota

    5,0/5,0

    Confira o trailer de Bottoms:

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