Better Man: A História de Robbie Williams, filme dirigido por Michael Gracey (O Rei do Show) chega aos cinemas brasileiros no dia 13 de março.
Com uma abordagem pouco usual, a biografia transforma o cantor Robbie Williams em um macaco e apresenta os acontecimentos de sua insana vida de rockstar. Devido ao seu trabalho visual, o longa recebeu uma indicação ao Oscar desse ano, na categoria de Melhores Efeitos Visuais.
No elenco estão Jonno Davies, Alison Steadman, Steve Pemberton, Frazer Hadfield, Damon Herriman e Raechelle Banno.
Confira nossa crítica sem spoilers da produção.
Sinopse de Better Man
Better Man é baseado na história real da ascensão meteórica, queda dramática e ressurgimento notável do astro pop britânico Robbie Williams, um dos maiores artistas de todos os tempos. A história segue a jornada de Robbie desde a infância, até se tornar o membro mais jovem da boyband líder das paradas Take That, até suas conquistas inigualáveis como um artista solo recordista – ao mesmo tempo em que enfrenta os desafios que a fama e o sucesso estratosféricos podem trazer.
Análise
Nos últimos anos presenciamos um estopim de cinebiografias. De cantores famosos a grandes figuras públicas e históricas, as cinebiografias estão cada vez mais comuns e, por si só, têm se tornado um tanto repetitivas.
Criar um filme contando a história de Robbie Williams já é uma grande aventura. Afinal, se existe um artista que levou o conceito de “rockstar” até as últimas consequências, esse alguém é ele. Entretanto, mesmo com grandes feitos e polêmicas, Williams e Michael Gracey decidiram ir além do conceito comum de biografias e buscar uma abordagem diferente: e se o músico fosse, na verdade, um macaco?
A ideia pode espantar boa parte do público ou colocar uma certa dúvida se vale a pena conferir a produção no cinema. Afinal, em muitos casos, as pessoas querem assistir a um determinado filme, mas não querem gastar dinheiro se acreditam que “pode ser ruim”, optando por esperar chegar no streaming.
Devo dizer que a jornada por Better Man vale muito a pena, e na tela do cinema ela é ainda mais amplificada. Em um mundo onde as biografias se transformaram numa forma fácil de atrair fãs e, inúmeras vezes, entregar resultados medianos, Better Man se destaca por sua inventividade e cor vibrante, sem medo de abraçar o fantástico para construir uma história emocionante e que realmente entretém.
Você pode não conhecer Robbie Williams ou suas músicas, mas a trama apresentada em tela é certamente impactante. Narrada pelo próprio cantor, mas interpretada por Jonno Davies (que aqui dá vida ao macaco do filme), em Better Man acompanhamos todas as fases de vida do cantor: de sua infância até o renascimento.
Williams não é o único artista que se viu famoso e rico rapidamente. A história das estrelas mirins que ganharam o mundo e não aguentaram o peso da fama são inúmeras. Entretanto, o fato de ele caminhar entre a linha do sem remorso e do sentimentalismo embalado no tom sarcástico britânico é o que torna a condução tão especial.

E o roteiro de Gracey, Simon Gleeson e Oliver Cole não parece poupar ninguém no processo de construção da trama. Diversas pessoas que estiveram presentes na vida de Williams são retratadas aqui, e o cantor quebra a quarta parede algumas vezes para mencionar advogados e cuidados jurídicos entre uma citação e outra.
A ótima condução do roteiro de Better Man não significa, no entanto, que tudo é contado de maneira fiel à vida real do artista. A timeline é um pouco imprecisa em diversos momentos, mas é aí que entra o fator fantástico.
Por mais que seja a história sobre a vida do cantor, o filme é um musical protagonizado por… um macaco. Quando o irreal é embasado em uma trajetória repleta de altos e baixos inacreditáveis, o que vemos como resultado é um storytelling preciso e que realmente conduz o espectador de maneira efetiva.
Essas mudanças de timeline criam, também, cenas que nunca existiram de fato, mas que casam perfeitamente com as excelentes músicas escolhidas para a trilha sonora. Todo o arco que engloba o início do relacionamento entre Williams e Nicole Appleton (Raechelle Banno), com uma cena belíssima de dança em um lindo barco, é um exemplo disso.
Pode ser que Better Man não atraia o grande público simplesmente porque Williams talvez não seja conhecido pela nova geração. Já quem viveu a época do cantor, talvez tenha uma certa antipatia devido à excessiva exposição de sua imagem e inúmeras polêmicas, nos anos 1990.
Nesse ponto, acredito que a escolha criativa por substituir um ator comum por um personagem animado em CGI tenha sido certeira. Até para quem possui certa “restrição” com Williams, por assim dizer, se sentirá próximo e conectado com a trama em si, o que é um grande ponto positivo.
Se Wicked inicia uma nova fase dos musicais que pode aproximar o público novamente desse gênero, Better Man será considerado no futuro um clássico cult. Com cenas de dança bem coreografadas, um trabalho impecável de efeitos visuais e a facilidade de criar concepções fantásticas para representar a odisseia de um artista em sua glória e queda, o longa de Gracey é um exemplo e como transformar um gênero batido como o de biografias em um real espetáculo.

Vale destacar que, para além da excelente parte técnica, Better Man consegue emocionar de verdade. Seja pelas diversas relações familiares conturbadas, seja pelos hits criados por Williams. Boa parte desse resultado se deve ao elenco de apoio do filme, principalmente aos atores Steve Pemberton, Raechelle Banno e Alison Steadman, que estão em conexão direta ao personagem principal.
Veredito
Better Man consegue criar uma cinebiografia musical com cor, impacto e precisão técnica, entregando um resultado encantador. Ao usar o fantástico como condução para contar a história maluca da vida de Robbie Williams, o longa aposta em uma fotografia viva, coreografias de dança eletrizantes e bom humor, construindo uma trama que realmente entretém.
4,2 / 5,0
Assista ao trailer: