Babygirl, thriller erótico dirigido e roteirizado por Halina Reijn, chega aos cinemas do Brasil em 9 de janeiro de 2025. A produção traz em seu elenco principal Nicole Kidman, Antonio Banderas e Harris Dickinson.
Confira nosso review sem spoilers do filme.
Sinopse de Babygirl
Uma executiva poderosa coloca a carreira e família em risco quando começa um caso tórrido com seu estagiário muito mais jovem.
Análise
Halina Reijn teve uma missão desafiadora na concepção e direção do longa Babygirl: criar uma atmosfera instigante, envolvente e por vezes desconfortável, sem cair nos clichês amplamente disseminados dos thrillers eróticos comuns.
Afinal, como criar uma trama de sedução, que se permita transitar por um jogo de poder e dominância que foge do comum, trazendo elementos dramáticos, mas sem que o seu desfecho saia exatamente como o esperado pela audiência? Nesse desafio, podemos dizer que Reijin se sai muito bem, construindo uma trama que, de alguma forma, ficará com você ao término da exibição.
Com apenas uma hora e 54 minutos de duração, Babygirl conduz sua história de maneira prática e objetiva. Já nos primeiros minutos entendemos as necessidades de Romy (Nicole Kidman) e o que está em falta na sua vida.
Sem se aprofundar totalmente no passado da personagem, ou nas lacunas de história que fazem Romy ser da forma como ela é, Babygirl opta por mostrar mais e cortar diálogos desnecessários, criando uma atmosfera tensa e envolvente por boa parte de seu desenrolar.
Na história, Romy é uma CEO bem-sucedida, que trabalha em uma empresa de armazéns inteligentes. Sua posição no mercado é notável, pois poucas mulheres em seu ramo chegaram tão alto e tão longe quanto ela. Romy é casada há quase duas décadas com Jacob (Antonio Banderas), um diretor de teatro que tem em sua esposa e filhas sua total devoção.
Ao longo do primeiro arco do filme, conhecemos a família de Romy, seu trabalho, sua rotina e a tentativa da personagem em se sentir satisfeita com aquela vida. Mas falta algo que vem da figura de Samuel (Harris Dickinson), um jovem trainee da empresa que consegue ler Romy de uma maneira que poucos conseguem – inclusive seu marido.
De uma forma corajosa e sem dar muitas voltas em seu objetivo, Babygirl toma o rumo de mostrar em tela tudo aquilo o que quer apresentar ao público. A escolha de direção é muito perspicaz nos momentos de intimidade entre Romy e Samuel, mostrando o prazer da visão da personagem e colocando ela como o foco central.
Ao contrário de outros filmes que mostram o prazer feminino de uma visão mais masculinizada, aqui inúmeras cenas se concentram no rosto e reações de Romy, analisando a personagem de uma forma muito crua.
Essa escolha de direção é uma grande virtude, pois permite também que Nicole Kidman transite entre a satisfação e a culpa em diversos momentos específicos. Em uma das cenas mais emocionais da produção, onde Romy está totalmente exposta (física e emocionalmente), a atuação de Kidman ganha novos contornos e justifica sua ampla indicação aos prêmios dessa award season.
Kidman vem se desafiando mais e mais a cada ano, optando por escolher personagens diversas e instigantes. Por mais que algumas pareçam similares à primeira vista (principalmente por serem mulheres ricas), no fundo cada uma delas possui histórias que fogem do convencional e que desbravam temas pouco abordados na televisão e no cinema.
Se em Big Little Lies a relação tóxica e abusiva de Celeste e Perry (Alexander Skarsgård) ia muito além do debate convencional sobre o tema, em Babygirl sua personagem desbrava o lado da sexualidade e o entendimento de si mesma. Em ambos os casos, Kidman se desafia em personagens avassaladoras e que causam controvérsia no público.
Sobre o elenco de apoio, acredito que Antonio Banderas é subaproveitado nesse filme, o que é uma pena. Há pouco espaço para ele e para seu drama com Romy, com as resoluções escolhidas por Reijn sendo simplórias demais.
Por outro lado, Harris Dickinson é quem consegue abrir espaço para que Kidman brilhe ainda mais. O ator se sai bem no que é proposto para o seu personagem, mas como toda a concepção do filme se concentra em Romy, Samuel se torna um personagem com poucas camadas. É um meio para um fim, uma ponte para que a história de Romy se desenrole.
Apesar de ter gostado muito do conceito e de boa parte do desenrolar, acredito que alguns elementos mais voltados para a ideia de um confronto, ou mais próximo de um “thriller” onde tudo pode dar errado, não se sustentam ao longo da produção e parecem um tanto soltos. Entretanto, como um drama com elementos eróticos, Babygirl consegue construir um resultado que o diferencia de outros títulos deste gênero.
Ao subverter as expectativas com o seu final, o filme entrega um desfecho realista, mas um pouco morno, deixando uma sensação de que havia espaço para explorar mais possibilidades.
Veredito
Babygirl é um palco que coloca Nicole Kidman no spotlight. Sua atuação é segura, envolvente e corajosa, justificando o destaque que está recebendo nesta temporada de premiações. A produção possui uma história interessante, com ótimas escolhas criativas e de direção, entregando um bom resultado final.
3,8 / 5,0
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