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    CRÍTICA – As Coisas Serão Diferentes explora a relação entre irmãos em clima sci-fi

    As Coisas Serão Diferentes (Things Will Be Different) é um filme independente estadunidense. O longa foi exibido no Festival Internacional de Cinema Fantástico de Porto Alegre (Fantaspoa) na edição 2024. Com roteiro e direção de Michael Felker, no elenco estão Adam David Thompson e Riley Dandy.

    Sinopse As Coisas Serão Diferentes

    Para escapar da lei após um roubo, dois irmãos se escondem em uma fazenda metafísica que os transporta para um período de tempo diferente, onde lidam com uma força misteriosa que leva seus laços familiares a pontos de ruptura sobrenaturais.

    Análise

    A ficção científica é um prato cheio para contar histórias sobre relações profundas, usando metáforas e metalinguagens para expressar o que muitas vezes não se consegue colocar em palavras.

    É nesse sentido que As Coisas Serão Diferentes abrange seu enredo, trazendo à tona a dinâmica entre dois irmãos que ficam presos no tempo e espaço de uma velha casa, precisando lidar com suas próprias angústias e enfrentar tanto o passado quanto o presente.

    O primeiro longa-metragem do cineasta estadunidense Michael Felker foi exibido no Festival de Cinema Fantástico de Porto Alegre (Fantaspoa) e contou com a presença do diretor no pós-sessão. O filme, segundo Felker, baseia-se em sua relação pessoal com a irmã que mora longe e foi feito em homenagem à cumplicidade entre eles.

    Enfatizar um sentimento tão genuíno na tela não é tarefa fácil, mas o diretor é bem-sucedido ao exemplificar como o companheirismo e o cuidado entre irmãos podem ultrapassar diversas barreiras.

    Fugindo da polícia após um assalto, Joseph (Adam David Thompson) e Sidney (Riley Dandy) vão parar em uma fazenda que parece uma ruptura no tempo e espaço. Enquanto esperam as semanas passarem para voltar para suas vidas normais, eles começam a restabelecer sua relação. Mas, quando decidem atravessar a porta novamente, uma força oculta os mantém presos na casa e pede que eles cumpram uma tarefa se quiserem sair dali.

    Apesar do filme ser um tanto raso para explicar como aquela casa existe ou quem são as pessoas que os mantêm presos ali, é notável o esforço da produção para criar o clima no filme.

    Joseph e Sidney têm um passado turbulento que é expresso apenas em poucas palavras por ambos. Enquanto Sidney deseja voltar à sua realidade para ficar com a filha, Joseph desempenha o papel do irmão que “está tentando consertar as coisas”.

    Até mesmo o espaço físico em que o filme se passa transmite um sentimento de lugar nenhum. Tanto a casa quanto a paisagem parecem sair de um quadro onde os personagens estão presos e entediados.

    As Coisas Serão Diferentes se passa quase que inteiramente na fazenda, o que evoca um dos melhores estilos de filme, quando os personagem estão em um único cenário e precisam utiliza-lo para fazer o filme acontecer. Nesse sentido, o diretor traz a solidão e o desespero para mostrar o quanto aqueles personagens estão lutando por suas vidas, apesar de todos os traumas de seu passado.

    Como um filme independente, As Coisas Serão Diferentes tem recursos limitados, mas essa faltas se tornam boas soluções em tela. O fato do filme utilizar apenas a casa dá um ar enigmático ao longa, o que colabora com a pouca informação que o público tem sobre o que realmente está acontecendo naquele lugar.

    Isso reforça a ideia de que na ficção científica nem sempre é necessário oferecer diversas explicações; às vezes as coisas são como são simplesmente porque sim, deixando para o espectador complementar a história e criar teorias. Por fim, é impressionante como o cinema independente continua sendo um mar de boas ideias.

    Veredito

    As Coisas Serão Diferentes explora as complexidades emocionais da relação entre dois irmãos, capturando a essência da jornada humana através de um cenário surreal e intrigante. Embora deixe algumas questões em aberto, essa ambiguidade convida o espectador a refletir e interpretar, adicionando camadas de significado à narrativa.

    Nossa nota

    3,5 / 5,0

    Assista ao trailer:

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