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    CRÍTICA – A Substância é um espetáculo grotesco

    A Substância é um filme estrelado por Demi Moore e Margaret Qualley e conta com a direção de Coralie Fargeat.

    Sinopse

    Elisabeth Sparkle (Demi Moore) é uma atriz veterana que faz um programa de TV. Ao completar 50 anos, ela é demitida do canal e agora busca um produto inovador para voltar ao estrelato, o que acaba causando consequências terríveis para seu corpo e mente.

    Análise de A Substância

    4Finde de Terror 45

    A indústria é cruel…
    Se você é jovem, tem que ser bonita, gostosa, sorrir e acenar de forma simpática, mesmo que um bando de marmanjos nojentos não liguem para seu talento, sequer para o que você tem a dizer.

    Se é mais experiente, é considerada ultrapassada, velha demais para chamar a atenção, mesmo que seja uma profissional premiada e reconhecida pelo seu trabalho de extrema qualidade.

    Seria um ultraje reduzir A Substância a isso, mas, a grosso modo, seria esta a ideia principal de uma história simples, todavia, com condução espetacular da diretora Coralie Fargeat, que recém fez seu segundo filme na carreira.

    De negativo, se é que dá para chamar desta forma, são as facilitações de roteiro e alguns momentos em que a crença do espectador quanto à realidade devem deixar de existir. Contudo, nada disso atrapalha a experiência, a não ser que você seja um espectador muito criterioso e goste de tudo preto no branco.

    Isto posto, o que sobra é uma grande reflexão sobre a sexualização das mulheres, superficialidade da sociedade e, principalmente, o etarismo.

    É engraçado pensar que a escolha de Demi Moore foi inusitada, ao mesmo tempo, extremamente perfeita para o papel, afinal, a atriz sofreu demais com os estereótipos de gostosona, o que deixava seu imenso talento em segundo plano.

    Mais encaixado ainda é o texto que traz uma mulher que está chegando em seus 50 anos e que está “velha e acabada”, uma vez que Moore já passou dos 60 e aparenta ter, no mínimo, 20 anos a menos.

    A busca incessante pela perfeição faz com que Elisabeth chegue ao extremo e isso é algo que vemos quase todos os dias, com famosos fazendo diversas cirurgias estéticas ou dietas absurdas, assim como pessoas anônimas que enchem suas fotos de filtros nas redes sociais.

    Elisabeth quer ser amada, respeitada e, para isso, precisa de um processo revolucionário que possui regras duras. É como uma droga, quanto mais se usa, mais se vicia naquilo.

    Mesmo que Sue, interpretada de forma magnífica por Margaret Qualley, destrua o corpo de Sparkle, ela sabe que é o único jeito dela alcançar o estrelato novamente.

    Sue é jovem bonita, sensual e tem o potencial de chegar tão longe quanto Elisabeth. Sua busca desenfreada por aceitação e por ter uma vida cheia de aventuras é extremamente intensa e chocante.

    O subtexto que mostra o sofrimento de Sparkle ao se achar um fracasso é tocante, principalmente em uma cena que envolve um encontro entre ela e um velho conhecido do colégio.

    As idas e vindas de Moore ao espelho, cada vez mais insegura geram desconforto e um sentimento de pena, de tristeza do especatdor.

    Aliás, não há como sair do cinema após assistir A Substância de forma completamente alheia, uma vez que seja pela dor de ver uma mulher em amplo sofrimento ou pela escatologia absurda, o longa impressiona bastante.

    As cenas que envolvem o horror corporal são sensacionais, pois reviram os estômagos mais fracos que não estão prontos para tais momentos.

    Coralie Fargeat cria tensão por meio de grafia e situações impossíveis, gerando aflição severa. O ato final nos faz ficar na ponta da cadeira e até esconder o rosto por conta da vergonha e receio completo por saber que a nossa protagonista tem muito a perder, assim como um público brutal à sua espera, pronto para destruí-la em um palco cheio de pessoas hipócritas e feias de alma.

    Veredito

    6Finde de Terror 45

    Cruel e voraz, A Substância é um prato cheio para quem ama diretores como David Cronenberg ou Darren Aronofsky.

    A grafia absurda e um texto ainda mais impactante fazem do novo longa uma obra mais que necessária do subgênero de body horror e de terror com comédia. Assista com um saquinho de vômito em mãos.

    Nossa nota

    4.8/5.0

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    Assista ao trailer:

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