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    CRÍTICA | Gunther – O Cachorro Milionário se perde no nonsense de sua história

    Gunther – O Cachorro Milionário é uma docussérie original da Netflix que estreou na plataforma no dia 1º de fevereiro. A produção conta com a participação dos funcionários do Instituto Gunther e outras pessoas que, em algum momento, fizeram parte dessa história estranha.

    Confira abaixo a nossa crítica.

    Sinopse de Gunther – O Cachorro Milionário

    O multimilionário Gunther VI vive no luxo: viaja em aviões particulares, come flocos de ouro com bifes no jantar e se envolve com uma comitiva de luxo de porta-vozes e artistas.

    Segundo a lenda, o bisavô de Gunther era originalmente propriedade de uma misteriosa condessa cujo filho morreu tragicamente. Não tendo herdeiros, a condessa deixou uma fortuna considerável para seu amado cachorro, e o colocou sob os cuidados do amigo íntimo de seu filho, um italiano herdeiro farmacêutico e aspirante a empresário chamado Maurizio Mian.

    Nos últimos 30 anos, Mian construiu um império em nome de seu chefe canino, incluindo compras de imóveis, polêmicos experimentos sociais e um dos maiores esquemas de fraude fiscal de todos os tempos.

    Análise

    Gunther – O Cachorro Milionário tinha tudo para ser o novo Tiger King da Netflix. Uma história completamente estapafúrdia sobre um cachorro milionário, que vive numa mansão e é servido por diversos humanos que trabalham para ele.

    O enredo, que parece coisa de filme, se prova na verdade uma grande farsa montada por um homem que queria fugir de pagar altos impostos. Ao término da minissérie, é difícil não sentir que a produção é, apenas, mais uma tentativa de Maurizio Mian de ficar famoso.

    Diferentemente de Tiger King, onde os personagens envolvidos na história eram tão excêntricos e visualmente escandalosos quanto a narrativa, Gunther – O Cachorro Milionário é uma invenção de um homem solitário que queria, a todo custo, impor seu pensamento e modo de vida a todos a sua volta. Na ânsia por mais publicidade, vem a calhar um documentário que mais parece uma ação de Relações Públicas do que, de fato, algo documental.

    Com dinheiro para movimentar o mundo, Maurizio Mian inventou a história do cachorro herdeiro e conseguiu passe livre para testar os maiores absurdos nos anos 1990 e 2000. De experimentos para criar uma “raça superior”, a comprar times de futebol apenas pela publicidade, o real protagonista da história se vê como um gênio incompreendido.

    No fim das contas, a minissérie serve apenas para evidenciar como pessoas poderosas conseguem escapar, inúmeras vezes, de sofrerem as consequências dos seus atos. No caso de Mian, inventar uma história para lavar dinheiro, criar uma espécie de culto disfarçado de um grupo musical e criar um canil onde animais sofreram maus-tratos são pontos que não levaram a grandes consequências, pois sua riqueza e estilo de vida permanecem os mesmos.

    CRÍTICA | Gunther - O Cachorro Milionário se perde no nonsense de sua história
    Créditos: Divulgação / Netflix

    Até o quarto episódio, o ritmo da série e o trabalho documental da equipe conseguem entreter bastante, principalmente quando não fica claro que Mian esteja de acordo com toda a exposição feita pelo documentário. Entretanto, quanto mais próximo do desfecho chegamos, mais fica a sensação de que, tal qual a história do cachorro, a produção também é combinada e segue uma linha de “redenção” para seus participantes.

    Em certos momentos, a montagem de Gunther – O Cachorro Milionário também é bem confusa. Se entende que alguns depoimentos foram colhidos em mais de um momento, como se uma boa quantidade de tempo tivesse passado entre uma fala e outra. Talvez algumas regravações tenham acontecido para acrescentar material, o que acaba tornando tudo menos orgânico.

    Veredito

    Gunther – O Cachorro Milionário é uma produção que tinha tudo para surpreender, mas que, no fim das contas, parece não ter um real motivo para existir.

    Nossa nota

    1,5 / 5,0

    Assista ao trailer:

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