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    CRÍTICA – Família de Aluguel aborda o fardo da reputação de forma filosófica

    Família de Aluguel é um longa dirigido por Hikari e tem Brendan Fraser como protagonista. A sua estreia ocorrerá no dia 08 de janeiro de 2026 nos cinemas brasileiros.

    A reputação é algo que pode nos destruir em um mundo cheio de aparências. Sempre pensamos no que os outros vão achar e o que pode nos trazer vergonha, seja individualmente ou para as nossas famílias.

    No Oriente, isto é ainda mais evidente, uma vez que, por questões culturais, tradições familiares reverberam de um jeito mais potencializado, gerando uma pressão social constante que destrói a saúde mental dos indivíduos.

    Por conta desta “demanda” crescente, um serviço de “aluguel de famílias” serve para manter as aparências, mesmo que, no íntimo, as pessoas façam o que realmente desejam ou pelo menos sanam suas principais angústias, seja enfrentar a dor da solidão, do esquecimento ou simplesmente por não aguentarem mais as cobranças por casamentos, filhos e outras questões da sociedade que sufocam novas gerações.

    Todo este disclaimer serve para mostrar o impacto de Família de Aluguel, que aborda justamente as mazelas dos japoneses no sentido de manter aparências, mesmo que isto custe a sua felicidade.

    Phillip, interpretado pelo brilhante Brendan Fraser, é um ator comum, com poucas oportunidades de trabalho e que agora encontra sentido em sua profissão ao conhecer o tal serviço oferecido por Shinji (Takehiro Hida), que lucra sobre os problemas das pessoas que precisam desta ajuda.

    No início, por aspectos culturais, nosso protagonista hesita, uma vez que não consegue se colocar na pele de seus clientes, afinal, quem contrataria um desconhecido para dar vida a alguém fundamental em um eixo familiar ou encenar algo falso apenas para alimentar egos?

    Em um primeiro momento, a lógica nos leva ao mesmo pensamento de Phillip, contudo, o roteiro consegue abordar de maneira gradual e sensível a ideia, não ofendendo ninguém, mas, ao mesmo tempo, questionando os métodos aplicados por Shinji e sua equipe, pois até que ponto um ator pode se envolver com seu trabalho? Até onde vai a ética, se é que é possível existir tal coisa nesta função tão específica?

    O filme consegue mostrar os dilemas da equipe sem precisar apelar. A sensação que temos é a de uma viagem segura e cheia de questões filosóficas interessantes, visto que a honra e bons costumes no Japão são tão levados à risca que constroem uma sociedade falsa, cheia de aparências e medo constante de uma casa de cartas invisível ruir.

    Família de Aluguel funciona demais por conta de uma direção elegante, que aproveita as belas paisagens do país, combinadas com uma fotografia viva, cheia de cores que adota os tons certos ao longo do tempo. Além disso, a trilha sonora consegue trazer emoções profundas no espectador, usando bastante sons de piano que acalmam, mas sobem o tom da emoção quando necessário.

    De destaques por parte do elenco, temos Brendan Fraser afiado, sendo o personagem mais emocional da trama. Phillip é desconfiado, mas, com o tempo, vai aprendendo com novas crenças, sem perder sua essência.

    Completam os times de excelentes atuações os atores Mari Yamamoto (Aiko) e Akira Emoto (Kikuo Hasegawa), a primeira por ser cheia de incertezas e falhas, o que deixa a coadjuvante extremamente interessante. A atriz dá o tom certo em seu trabalho.

    Já Emoto brilha por conseguir nos mostrar a sua fragilidade e profundidade na pele de Kikuo, visto que, em um primeiro momento, temos um ex-ator famoso que caiu no esquecimento e precisa alimentar seu ego. Contudo, descendo um pouco mais nas profundezas de sua psique, vemos um homem quebrado por colocar seu trabalho acima de tudo, principalmente de quem ele mais amava no mundo.

    De negativo, acredito que Família de Aluguel poderia ter uns 20 minutos a menos. Por ser um longa-metragem contemplativo, em dados momentos, ele acaba se estendendo demais, com algumas facilitações bobas de roteiro e cenas que poderiam ser resumidas ou até mesmo cortadas na edição definitiva.

    Veredito

    Família de Aluguel é uma obra sensível, cativante e que aquece nosso coração. Com boas atuações e uma direção precisa, temos aqui um projeto que merece, e muito, ser assistido já no início de 2026 nas grandes telas. Vá se emocionar, assim como este que vos fala!

    Nossa nota

    4.0/5.0

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