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    CRÍTICA | IT: Bem-Vindos a Derry adapta o legado de Stephen King com muito gore e elenco competente

    As engrenagens de Hollywood seguem implacáveis com as diversas adaptações de grandes propriedades intelectuais. Sejam reboots, remakes, continuações ou prequels, a verdade é que, a cada ano, mais e mais variações de histórias famosas têm encontrado seu caminho para a TV e o cinema. E IT: Bem-Vindos a Derry (IT: Welcome to Derry) é mais uma dessas empreitadas.

    Focada na história de origem do famigerado Pennywise, IT: Bem-Vindos a Derry apresenta novos personagens e plots tendo como base muito do conteúdo criado por Stephen King. Aqui, acompanhamos o palhaço causando o terror na cidade na década de 1960, explorando passagens do livro de King que não chegaram até as telonas na adaptação mais recente.

    Falando em adaptação, a série conta com o retorno de Andy Muschietti, responsável pelos filmes de 2017 e 2019, além de Barbara Muschietti e Jason Fuchs. Todos estão creditados como criadores do seriado. 

    Muschietti, além de conhecer bastante sobre esse universo, foi o responsável por revitalizar a imagem de Pennywise para o público mais jovem. Portanto, o tom de IT: Bem-Vindos a Derry segue exatamente o que já foi construído anteriormente no cinema, o que é celebrado também pelo retorno de Bill Skarsgård no papel principal. 

    Mas, apesar disso, a produção parece diferente em alguns aspectos. Principalmente quando falamos sobre o gore em tela. IT: Bem-Vindos a Derry é bem mais sanguinolenta do que os filmes recentes. Há aqui uma sensação de novidade misturada com a nostalgia de revisitar esse lugar amaldiçoado, que funciona muito bem para o ato inicial da história.

    Acredito que um dos pontos mais altos de IT: Bem-Vindos a Derry é o fato de que ela é realmente assustadora. Os criadores não tiveram medo de arriscar e chocar na mesma proporção, o que pode ser um fator determinante para aqueles que estão em dúvida se devem, ou não, dar uma chance para a produção.

    Créditos: Divulgação / HBO Max

    Os dois primeiros episódios são os mais inspirados dos cinco a que tivemos acesso (a produção conta com oito capítulos no total). Eles são inventivos, intrigantes e possuem um bom ritmo, criando ganchos efetivos para os próximos capítulos.

    Do episódio 3 em diante, o ritmo diminui um pouco, trazendo mais informações sobre a história tanto da cidade, quantos dos personagens envolvidos até o momento. E é aqui que a estrutura da série mostra um pouco de fadiga, pois alguns núcleos parecem fluir mais do que outros.

    Isso se dá especificamente no arco que envolve James Remar, Jovan Adepo e Chris Chalk. Embora Adepo e Chalk estejam ótimos em seus papéis, e suas histórias sejam importantes e interessantes, demora um pouco para que o potencial deles seja realmente desenvolvido pelo seriado. 

    Chris Chalk dá vida a Dick Hallorann, personagem amplamente conhecido em O Iluminado e que aqui está em uma missão envolvendo a cidade de Derry. Leroy Hanlon (Jovan Adepo), um piloto condecorado, chega à cidade para somar nessa força-tarefa.

    O show dá muitas voltas nesse núcleo, esticando de uma maneira não tão efetiva os mistérios que envolvem esse arco. Em média, os episódios contam com duração entre 55 e 60 minutos, o que acaba tornando esse núcleo por vezes um tanto repetitivo.

    Além disso, a história em si tem lá seus desafios, principalmente na forma como ela é escrita. Não tivemos acesso a todos os episódios, então é difícil saber para onde a narrativa vai e quais surpresas nos esperam.

    Já o núcleo que envolve as crianças é, certamente, o que guarda as cenas mais aterrorizantes. A produção encontra maneiras de navegar de forma assustadora e, ao mesmo tempo, divertida por diversos momentos na trajetória das crianças e das descobertas delas em Derry. 

    Digo divertida porque o humor da entidade Pennywise segue ali, vivíssimo em cada cena, o que por vezes pode arrancar uma risada em meio ao caos. Como sabemos, ele pode assumir muitas formas diferentes, e diversas delas carregam consigo situações muito peculiares.

    Para os fãs da obra de Stephen King, o roteiro está recheado de referências, mas para quem não é muito ligado nessas coisas, as cenas aterrorizantes certamente vão valer o tempo investido na série.

    Outros personagens que perpassam esses núcleos e possuem um ótimo subtexto são Hank (Stephen Rider), Charlotte (Taylour Paige) e Rose (Kimberly Guerrero). Gosto muito desses arcos e penso que podem render bons desdobramentos. 

    Num geral, acredito que o elenco é muito bem escalado e acaba sendo uma base importante para que IT: Bem-Vindo a Derry mantenha uma consistência ao longo dos cinco episódios.

    Veredito

    Os 5 primeiros episódios de IT: Bem-Vindos a Derry mostram que há bastante potencial no universo criado por Stephen King. Com um ótimo elenco e muito gore, a produção traz uma nova visão de Derry, novas histórias e personagens, mas também esbarra em alguns desafios narrativos. Não sabemos para onde o balão vermelho voará até o final da temporada, mas certamente veremos mais momentos assustadores no caminho.

    Nossa nota

    3,8 / 5,0

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