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    REVIEW | Yooka-Replaylee é uma carta de amor a Banjo-Kazooie com um toque de modernidade

    De volta à era de ouro dos plataformas 3D, agora reformulando e trazendo algumas novidades mais modernas à jogabilidade. Assim é Yooka-Replaylee, a versão remasterizada e definitiva de Yooka-Laylee, jogo desenvolvido pela Playtonic Games em 2017.

    A mesma desenvolvedora agora lançou o remaster pelo seu próprio selo de distribuição, a Playtonic Friends, em parceria com o PM Studios. Yooka-Replaylee chegou ao mercado no dia 9 de outubro para PC, Nintendo Switch 2, PlayStation 5 e Xbox Series. Se você já possui o jogo anterior, pode adquirir a versão digital do remaster com um desconto automático de 30% no mesmo ecossistema em que possui Yooka-Laylee.

    A Playtonic é conhecida por seus jogos com identidades fortemente atreladas aos clássicos da Rare, como Banjo-Kazooie (1998) e a trilogia Donkey Kong Country (1994 a 1996). O motivo é fácil de entender: diversos fundadores trabalharam na Rareware, nome da empresa durante os gloriosos anos de parceria com a Nintendo, que rendeu os títulos mencionados e muitas outras pérolas para Super Nintendo e Nintendo 64.

    O primeiro jogo estrelado pela dupla Yooka (um camaleão) e Laylee (uma morcega) foi Yooka-Laylee (2017), após ser extremamente bem-sucedido com seu financiamento coletivo lançado em 2015, arrecadando mais de 1 milhão de libras em apenas 24 horas. À época ainda conhecido como Project Ukulele, o projeto tinha como objetivo arrecadar £ 175 mil para viabilizar pelo menos a versão para PC, mas a promessa de entregar um “sucessor espiritual” de Banjo-Kazooie animou a comunidade gamer a ponto de superar toda e qualquer expectativa do pessoal da Playtonic.

    Agora remasterizado e com novos conteúdos, Yooka-Replaylee se aproxima ainda mais do seu objetivo inicial de ser um sucessor espiritual de Banjo-Kazooie, mas também entrega um resultado que o fortalece com propriedade intelectual autoral da Playtonic e digna dos plataformas 3D da modernidade. Esta análise representa a minha experiência jogando a versão do game para PC.

    Uma experiência nostálgica e moderna ao mesmo tempo

    Os jogos da Rare no tempo de Rareware se destacaram por elementos que vão além da ótima jogabilidade, e arrisco dizer que os dois principais pilares que embasaram esse sucesso foram o humor satírico e a trilha sonora épica. É muito prazeroso saber que essas bases também sustentam os caminhos trilhados pela equipe da Playtonic.

    Se Conker’s Bad Fur Day (2001) pegou “pesado” no humor a ponto de até hoje ser difícil entender como a Nintendo permitiu esse jogo +18 em sua plataforma, aqui em Yooka-Replaylee vemos piadas mais family friendly, mas sem perder a essência satírica. Por exemplo, temos desde ironias sobre desvalorização de profissionais em ambientes corporativos, até piadas com jogos que hoje chegam ao mercado incompletos e dependem de DLCs ou passes de temporada para que os jogadores sintam que estão vivendo a experiência completa.

    E as piadas realmente complementam essa bela experiência porque a localização para o português brasileiro está maravilhosa. Não apenas os diálogos são muito bem traduzidos e adequados para a nossa cultura, como também os nomes de ataques, fases, personagens… enfim, tudo!

    Já no tutorial temos um gostinho do ótimo trabalho de localização. Enquanto percorremos os ensinamentos para aprender as principais mecânicas de maneira simples e objetiva, podemos ver o ataque que foi traduzido como “capa flagem”. Nada mais é do que uma camuflagem da dupla de protagonistas, adaptando a tradicional habilidade de camuflagem dos camalões.

    No início da aventura também conhecemos o vilão principal, Abélio Lucralto, que como o nome indica é um abelhão ganancioso que só pensa em lucrar muito com a empresa que preside (às custas do trabalho dos peões da fábrica e do vice-presidente, Quack). A dupla malvada está localizada nas Torres de Malfim, outro nome divertido, e pelos corredores desse castelo há cinco mundos dentro de livros espalhados em pontos específicos, cuja progressão exige que você recupere Folhins suficientes para abrir cada área (chamadas de Grande Tomo).

    O vilão Abélio Lucralto é uma ótima sátira da Playtonic Games, e seu nome localizado em português é excelente
    Abélio Lucralto defendendo a meritocracia sem fazer por onde | Créditos: Emerald Corp

    Andar pelos corredores das Torres de Malfim é uma experiência muito familiar a de se aventurar pelo mundo de Banjo-Kazooie e pelo castelo da vilã daquele game, a Gruntilda, mas com a identidade própria de Yooka-Replaylee. É um misto de nostalgia com satisfação por viver algo novo e visualmente muito bonito, adequado à qualidade gráfica da atualidade.

    E essa experiência se completa com o outro pilar que mencionei: a trilha sonora épica composta por Grant Kirkhope (Banjo-Kazooie) e David Wise (Donkey Kong Country).

    Se você jogou Banjo-Kazooie certamente vai pensar que está ouvindo as mesmas maravilhosas músicas da trilha sonora original, mas com o diferencial de que agora estão mais “encorpadas” por serem lindamente orquestradas e com uma qualidade de áudio melhor do que o potencial de mixagem que se tinha 1998.

    Eu não destaco essa similaridade como um demérito porque eu realmente amo as músicas de Banjo-Kazooie. Então, para mim, esse é um grande acerto, pois você percebe que não são de fato iguais, mas o fato de serem familiares é um ponto positivo que reforça o bom sentimento nostálgico. E como a trilha sonora de Yooka-Replaylee é maravilhosa, mesmo quem não jogou o título estrelado pelo urso e pelo pássaro da Rareware poderá desfrutar dessa obra-prima.

    Yooka-Replaylee é o que se espera de um plataforma 3D na atualidade

    Acredito que um dos grandes desafios de fazer um plataforma 3D inspirado na era de ouro da década de 1990 e começo dos anos 2000 é se apegar demais a aspectos que hoje são datados. Por exemplo, limitar a mobilidade da câmera ou investir por completo num visual poligonal.

    Para mim, Yooka-Replaylee acertou em cheio ao prestar homenagens à jogabilidade do passado, mas modernizando com novos recursos, lindos visuais polidos e rodando a 60fps na maior parte do tempo. Experienciei algumas quedas pontuais na taxa de quadros jogando na qualidade ultra, especialmente ao entrar num novo Grande Tomo, mas nada prejudicial.

    Além da mobilidade bastante fluida e da ótima qualidade gráfica, os aspectos modernos da gameplay de Yooka-Replaylee que mais se destacam são as habilidades temporárias da dupla de protagonistas, as transformações usando as Mollyculas e as possibilidades de adequar a jogabilidade para o seu próprio estilo sem depender de uma simples escolha de nível de dificuldade.

    A maioria das habilidades temporárias de Yooka e Layle são baseadas na camuflagem do camaleão, com algumas sendo exclusivas à capacidade da morcega voar. Elas podem ser pegas em pequenos totens que sempre estão em locais nos quais você deverá utilizá-las para acessar alguma área nova, resolver um quebra-cabeça ou obter um Folhin.

    Yooka pode sugar um orbe para temporariamente usar ataques de fogo, de gelo, entre outros. Em determinados pontos do jogo, Laylee pode sugar uma pequena nuvem para poder voar alto e realizar ataques aéreos enquanto segura seu amigo camaleão.

    Por sua vez, as transformações da dupla são hilárias! Cada fase possui uma Mollycula escondida que você deve encontrar para entregar à Dra. Eni. Usar esse item faz com que você se transforme em bizarrices como um cardume de piranhas ou um helicóptero que atira bombas.

    Yooka e Layle podem se transformar em objetos hilários e muito divertidos de controlar
    Melhor transformação na melhor fase de Yooka-Replaylee | Créditos: Emerald Corp

    Essas transformações são essenciais para chegar a diferentes áreas da fase e recuperar mais Folhins, mas não chegam a ser obrigatórias para conseguir a quantidade de Folhins necessária para enfrentar o chefão final. Apesar de não precisar pegar todas as Mollycula, a experiência com cada transformação é tão agradável e viciante que você provavelmente não vai querer deixar de procurar.

    E sobre a customização da gameplay, a Playtonic fez muito bem ao possibilitar que Yooka-Replaylee se torne mais fácil ou mais difícil utilizando tônicos para diversas funcionalidades.

    Para facilitar, você pode usar itens que aumentam o número de vidas ou o tempo de duração da barra de habilidades especiais. Por sua vez, se você quiser dificultar a jogabilidade, pode usar o tônico que reduz sua vida a apenas um coração, ou então habilitar o dano ao cair de grandes alturas.

    Além dos tônicos, Yooka-Replaylee também oferece mais de 100 cosméticos para customizar a aparência da dupla protagonista, inclusive com roupas que fazem crossovers com outros jogos, entre eles Shovel Knight.

    Excelente level design torna a gameplay viciante

    Não é só a trilha sonora que vai te manter preso ao jogo: o excelente level design também é responsável pela experiência viciante.

    A construção das Torres de Malfim e dos cinco mundos é feita para te guiar de maneira intuitiva e sempre de maneira prazerosa com recompensas que vão desde moedas, passando pelos necessários Folhins, até chegar aos colecionáveis mais raros e às Mollyculas.

    Embora cada mundo tenha um grande tema (neve, espaço sideral, etc), transitar pelas diferentes áreas dentro das fases é bastante fluido e sempre levará a dupla de protagonistas para desafios interessantes e divertidos.

    Eu adorei todas as fases, mas o mundo que eu mais gostei foi o quatro, Ca$$ino Lucralto, que modifica alguns elementos da gameplay para contextualizá-los ao ambiente de cassino. Por exemplo, ao invés de encontrar diretamente os Folhins na fase, você deverá pegar fichas para então trocar numa lojinha com um NPC bastante familiar… A cada cinco fichas você recebe um Folhin.

    E se não bastasse tudo o que mencionei, Yooka-Replaylee ainda reserva um passatempo bem interessante em cada fase que é o fliperama do Rextro. São diversos jogos retrô de plataforma em que você controla o personagem Rextro, um tiranossauro rex em pixel art, que servem como um ótimo passatempo e também dão Folhins como recompensa.

    As fases de fliperama com o personagem Rextro são um ótimo passatempo em Yooka-Replaylee, que também rendem Folhins necessários para avançar no jogo
    Fase jogando como Rextro em Yooka-Replaylee | Créditos: Emerald Corp

    Apesar dos diversos pontos positivos, o jogo apresenta alguns bugs. Nenhum dos problemas aconteceu mais de uma vez comigo, exceto o que mencionei sobre queda de performance, de modo que os aspectos a seguir parecem um tanto aleatórios.

    O primeiro e talvez único a ser mais prejudicial por truncar a gameplay ocorreu na fase Geleira Geluzente. Do nada, o jogo começou a ativar a cutscene de um boneco de neve para o qual é preciso entregar um item escondido no mundo. Acontece que eu já tinha até entregue o objeto para ele, e mesmo assim a cutscene ativou quatro vezes sozinha. Reiniciei o jogo e parou de ocorrer.

    O outro bug que ocorreu foi o congelamento do vídeo quando acordei o primeiro Marco (NPC marcador de página que funciona como checkpoint) do último mundo. A música continuou tocando, mas precisei fechar o jogo porque todo o resto não estava funcionando. Felizmente o jogo salva com frequência, então não perdi nada.

    Veredito

    Uma carta de amor aos plataformas 3D que marcaram o Nintendo 64. Yooka-Replaylee é um jogo essencial para fãs do gênero, especialmente para quem ama Banjo-Kazooie, entregando uma gameplay refinada e novos conteúdos capazes de quebrar as objeções de quem sente que os títulos antigos envelheceram mal.

    Nossa nota

    4,8 / 5,0

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    Assista ao trailer:

    Ficha técnica de Yooka-Replaylee

    Lançamento: 9 de outubro de 2025

    Desenvolvido por: Playtonic Games

    Publicado por: PM Studios e Playtonic Friends

    Plataformas: PC (via Epic Games Store e Steam), Nintendo Switch 2, PlayStation 5 e Xbox Series X|S

    Número de jogadores: 1

    Gêneros: Ação, Aventura, Collectathon, Plataforma 3D

    Idiomas: Português (Brasil), Inglês, Francês, Italiano, Alemão, Espanhol (Espanha), Japonês, Coreano, Russo, Chinês simplificado

    Preços: R$ 88,99 (PC), R$ 112,45 (Xbox), R$ 163,80 (Nintendo Switch 2), R$ 169,90 (PlayStation 5). O jogo remasterizado pode ser adquirido com 30% de desconto automaticamente se comprado no mesmo ecossistema em que o título original Yooka-Laylee foi baixado anteriormente.

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