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    REVIEW – Metal Slug Tactics renova a franquia com ressalvas

    Metal Slug Tactics é o primeiro jogo da franquia criada pela SNK a fugir da tradicional abordagem plataforma 2D, mesclando o gênero RPG por turnos com elementos roguelite.

    O novo título desenvolvido pelo Leikir Studio foi lançado pelas editoras Dotemu e Gamera Games no dia 5 de novembro para PC, Nintendo Switch, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e Game Pass.

    Em Metal Slug Tactics o estilo clássico do arcade se mistura com RPG por turnos e roguelite para criar uma experiência estratégica, sem deixar de lado o charme da pixel art desenhada à mão típica da franquia Metal Slug.

    A jornada bélica envolve derrotar novamente o Exército Rebelde liderado pelo general Donald Morden. Reúna personagens clássicos do Esquadrão Falcão Peregrino para atravessar as linhas inimigas e eliminar o general antes que a guerra se torne uma catástrofe ainda maior.

    Confira a seguir o review da versão de Metal Slug Tactics para PC.

    Análise de Metal Slug Tactics

    Testar novas abordagens para franquias longevas é sempre uma postura admirável, mas também muito arriscada. O peso do legado ao qual o público já está acostumado faz com que boa parte das pessoas compare ao que já foi feito, o que pode tirar o brilho da proposta inédita.

    Particularmente eu aprecio quando títulos clássicos buscam se reinventar.

    Às vezes a renovação pode acontecer ao longo da gameplay, trazendo elementos de diversos gêneros dentro de uma “roupagem” geral mais tradicional. Em outras ocasiões, o produto se posiciona como uma inovação para a franquia, como é o caso de Metal Slug Tactics, que evidencia já no nome que se trata de um título estratégico.

    Apesar da minha preferência pela renovação, percebo que Metal Slug Tactics se perdeu um pouco em como explorar os gêneros RPG por turnos e roguelite. O jogo acerta em manter a essência temática da franquia e a linda pixel art clássica, mas erra em escolhas relacionadas à interface e à cadência da gameplay num geral.

    Os problemas começam logo no tutorial: a jogabilidade não é das mais simples, pois exige tanto aprender como usar corretamente o atributo adrenalina, como também entender a importância da sincronização entre os três personagens escolhidos para a sua run. As instruções iniciais são muitas em pequenas fases que não exigem a aplicação do que foi instruído de modo totalmente eficiente.

    Em outras palavras: a prática é bem mais simples do que a experiência que o jogo exigirá logo a seguir, especialmente no que diz respeito à habilidade de sincronização.

    Metal Slug Tactics possui acertos, mas peca em sua maneira de ensinar a respeito das mecânicas de jogo
    Navegar por diversas palavras é um fluxo truncado para aprender sobre as mecânicas | Créditos: Emerald Corp

    Além disso, a tela não comporta tantas informações e elementos visuais em meio ao mapa do jogo. Isso fica evidente quando você precisa navegar entre as palavras escritas em azul nas caixas de texto para conseguir entender todos os comandos e os efeitos das ações, armas e habilidades. No PC usando o mouse esse problema ameniza um pouco, mas iniciei minha gameplay com um controle e considerei muito ruim a navegação.

    A sensação de sobrecarga é real. Há ainda o agravante de que a fonte das caixas de texto é muito pequena ao longo de toda a gameplay.

    Enquanto passava essa etapa inicial truncada, não parava de pensar em como o desafiador Advance Wars 1+2: Re-Boot Camp (2023) foi muito mais eficiente dividindo as explicações e a apresentação de novos recursos ao longo de praticamente uma área inteira do jogo em partidas de curta duração.

    Arrisco dizer que o tutorial pode ser o divisor de águas e afastar muita gente, que pode não ter fôlego para chegar aos pontos positivos de Metal Slug Tactics.

    Metal Slug Tactics oferece gameplay bem estratégica

    Passada a etapa inicial para aprender o essencial do jogo, Metal Slug Tactics coloca você no lobby para escolher os personagens (que nesse momento são apenas os três iniciais) e dar um indício de que a área reserva recursos desbloqueáveis.

    O mapa é dividido em quatro grandes áreas, sendo que três delas possuem uma boa variedade de fases das quais somente três podem ser jogadas antes que a resposta inimiga seja dada. Ou seja, antes que o chefão da área apareça. A última área do mapa é linear rumo ao chefão do jogo, o general Morden.

    Cada fase possui missão principal e secundária (opcional). Atingir os objetivos garante prêmios que variam entre recarregamento completo de munição das armas especiais, novas opções de armas, pontos de experiência, dinheiro, entre outros recursos. Não há um caminho correto e sua escolha vai depender do que o jogo oferecer naquele momento específico, visto que os mapas variam a cada nova run.

    As fases são graficamente muito bonitas, especialmente os chefões, que possuem um lindo estilo artístico mais pixel perfect que o restante dos personagens. A trilha sonora é outro ponto forte de Metal Slug Tactics.

    Pode parecer curta a duração do game considerando que são quatro fases jogáveis por área do mapa, totalizando 16 para completar uma run. No entanto, algumas partidas podem ser bem demoradas, especialmente os chefões, que possuem dinâmicas bem diferentes das demais.

    Nos bosses é preciso se desvencilhar das tropas, que se renovam constantemente, ao mesmo tempo em que destroem uma grande máquina com dezenas de pontos de vida. Além disso, há também o elemento roguelite, que obriga a recomeçar do zero a área que você está caso perca uma partida.

    Levei aproximadamente 10 horas para fazer uma run completa. Vale destacar que a proposta é roguelite, e não roguelike, pois reiniciar a área em questão e não todo o jogo é algo que dá uma boa amenizada na dificuldade.

    Por falar nisso, Metal Slug Tactics apresenta mais de um nível de desafio, mas a progressão somente é desbloqueada conforme você finaliza o game.

    Outro ponto positivo é que o jogo salva até mesmo se você precisar fechá-lo durante uma partida, o que é algo bem interessante visto que as partidas podem demorar. E não espere facilidade, pois não é possível abandonar uma partida para recomeçá-la do zero (no máximo é permitido reiniciar duas vezes o turno numa batalha). É tudo ou nada.

    Adrenalina, esquiva e sincronização

    O grande diferencial de Metal Slug Tactics é o uso da adrenalina e da esquiva dos personagens, bem como saber posicioná-los de modo que combinem seus ataques com a mecânica de sincronização. Cada um possui sua própria abordagem para considerar ao montar a sua equipe. Por exemplo, Marco clássico é mais voltado para ataques de curta e média distância, enquanto Eri possui armas explosivas para lançar ataques de longa distância e por áreas.

    A adrenalina e a esquiva são carregadas conforme você se desloca a cada turno. Quanto mais longe o personagem for, mais atributos ele terá, sendo que a adrenalina é cumulativa e usada para ativar ataques especiais, enquanto a esquiva vale apenas até seu próximo turno (a menos que você ative um ataque especial que a mantenha por mais tempo).

    É essencial movimentar seus personagens todos os turnos, pois a esquiva é o que fará eles desviarem dos ataques adversários, ou pelo menos reduzir significativamente o dano sofrido.

    A sincronização entre os membros da sua equipe também é um recurso fundamental para vencer as partidas. Os ataques combinados podem aumentar consideravelmente o dano nos inimigos, além de que a ativação da sincronia não conta como o ataque ao qual cada um tem direito todos os turnos. Ou seja, é a maneira de atacar mais do que as três vezes permitidas pelas regras.

    O novo Metal Slug leva a franquia para uma abordagem inédita que mistura RPG por turnos, estratégia e roguelite
    Tela de escolha dos aprimoramentos após a partida | Créditos: Emerald Corp

    Ao final de cada partida você recebe experiência e recompensas, que variam conforme as missões concluídas na fase jogada. Aqui também residem os elementos de roguelite, que somente permitem escolher um novo recurso entre três opções válidas para os três personagens quando referente a um acréscimo ao seu arsenal.

    Além disso, cada personagem recebe um novo atributo, que pode ser passivo ou um ataque especial, e deve ser escolhido entre três opções aleatórias. Novas possibilidades podem ser desbloqueadas na loja presente no lobby.

    Cadência não muito agradável

    Apesar dos bons aspectos trazidos pela jogabilidade estratégica, Metal Slug Tactics peca um pouco pela cadência das informações e da gameplay. O tutorial não é efetivo, como já mencionei, e a maneira como recursos e personagens são desbloqueados também não é muito agradável.

    Os recursos são desbloqueados conforme você perde e inicia uma nova run. Até aí tudo bem. O problema é que apenas um personagem é desbloqueado ao longo de uma rodada completa, sendo necessário concluir a história para que um novo seja liberado. E ainda existem outros que exigirão rejogar o game.

    Só que essa maneira de desbloquear personagens também impacta nas escolhas estratégicas que você precisa fazer na hora de comprar armas e habilidades no lobby, pois algumas são específicas de quem ainda não foi liberado.

    Além disso, cada personagem possui mais de um armamento, então você pode escolher gastar seu dinheiro para liberar novos sets para um avatar que você já está usando em uma run que é curta (em termos de quantidade de fases) em cada uma das quatro áreas do jogo.

    Ou seja, o jogo confia muito que você irá concluir uma run para rejogar com o objetivo de desbloquear recursos e personagens numa cadência curta, pois além de tudo isso, não se ganha muito dinheiro nas fases para sair comprando diversas armas e habilidades ao passar pelo lobby.

    Embora as fases oferecidas variem a cada run, no geral a gameplay não oferece algo que a renove a ponto de justificar a rejogabilidade para além do desbloqueio de novos níveis, algo que não é interessante para todo estilo de jogadores.

    Veredito

    Metal Slug Tactics é um primeiro passo interessante da franquia longe da tradicional experiência arcade em plataforma 2D. O jogo tem uma linda pixel art e oferece uma gameplay estratégica com bons desafios.

    No entanto, o game conta com um tutorial pouco eficiente, sofre com o excesso de informações em tela e com uma cadência não muito agradável para apresentar novos recursos e personagens ao longo da gameplay.

    Nossa nota

    3,6 / 5,0

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    Assista ao trailer:

    Ficha técnica de Metal Slug Tactics

    Lançamento: 5 de novembro de 2024

    Desenvolvido por: Leikir Studio

    Publicado por: Dotemu e Gamera Games

    Plataformas: PC (via Steam), Nintendo Switch, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e Game Pass

    Número de jogadores: 1

    Gêneros: Ação, Arcade, Estratégia, Roguelite, RPG por turnos

    Idiomas: Português (Brasil), Inglês, Francês, Alemão, Espanhol (Espanha), Japonês, Coreano, Chinês simplificado, Chinês tradicional

    Preços: R$ 73,99 (PC e Nintendo Switch), R$ 74,95 (Xbox), R$ 133,90 (PlayStation). Gratuito para assinantes do Game Pass.

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