Borderlands: O Destino do Universo está em Jogo estreia hoje, 8 de agosto, nos cinemas de todo o Brasil. Adaptação da franquia de videogames de sucesso, o longa é dirigido por Eli Roth, que também é responsável pelo roteiro junto com Joe Crombie.
O elenco estelar conta com Cate Blanchett, Kevin Hart, Jamie Lee Curtis, Ariana Greenblatt e Jack Black.
Confira a crítica sem spoilers do filme
Sinopse de Borderlands: O Destino do Universo está em Jogo
Uma infame caçadora de recompensas retorna ao lugar onde cresceu, o caótico planeta Pandora, e forma uma aliança inesperada com uma equipe de desajustados para encontrar a filha desaparecida do homem mais poderoso do universo.
Análise
Adaptações de videogames já são uma tendência em Hollywood, fruto principalmente dos grandes sucessos recentes The Last of Us, Fallout e Super Mario Bros. O Filme. Se no passado adaptar jogos era algo que remetia a resultados medianos entre público e crítica, agora eles se tornam quase um porto seguro para atrair novos públicos.
Borderlands é uma franquia de grande sucesso que, além de possuir vários títulos originais, também ganhou spin-offs para seus personagens mais famosos. A propriedade intelectual da 2K é consistente, com uma legião de fãs que conhecem sua lore tanto quanto os próprios criadores.
O processo para trazer esse filme até as telonas foi longo. A produção de Borderlands iniciou ainda em 2021, basicamente três anos antes de sua estreia oficial, e envolveu ainda uma confusão sobre os créditos de roteiristas e algumas regravações com o diretor Tim Miller na pós-produção.
Se isso tudo soa como uma grande colcha de retalhos, o resultado final realmente confirma as suspeitas. Contando a história de forma resumida, a caçadora de recompensas Lilith (Cate Blanchett) é contratada por Atlas (Edgar Ramírez) para resgatar Tina (Ariana Greenblatt) das garras de alguns sequestradores. Nessa missão, Lilith conhece Roland (Kevin Hart) e Krieg (Florian Munteanu).
Tina está no planeta Pandora, local onde mercenários, assassinos e outras figuras do tipo vivem em busca de um Vault, uma espécie de câmara que guarda tecnologia inimaginável de uma raça alienígena há muito dizimada.
Lilith, então, faz uma viagem para o local a fim de cumprir sua missão e dar no pé, mas acaba esticando sua estadia, sendo acompanhada por um robô tagarela chamado Claptrap (com voz de Jack Black).
É nesse cenário que os heróis formam uma equipe. Todo o desenrolar da história daqui pra frente é como uma side quest de videogame pouco expressiva, que se passa em um curto período e com um aprofundamento quase nulo.
Diversas cenas de ação, quase uma atrás da outra, e pouco respiro para desenvolver um real sentido para a coisa toda são marcas vívidas dessa experiência. Em momentos que podem suscitar dúvidas na audiência, voiceovers entram em cena para complementar o contexto apresentado.
Destacando um ponto positivo, os visuais são provavelmente o que mais chama atenção. Seja pela forma como algumas criaturas são apresentadas, ou pelo design do Claptrap, o filme consegue ambientar visualmente o universo de Pandora e de Borderlands em si. Mas nunca conseguimos, de fato, explorar esse espaço de maneira satisfatória, o que é uma pena.
Quando entramos no roteiro, no entanto, é tudo bem esquecível. Os personagens nunca conseguem um momentum para si e poucos deles realmente constroem alguma química – o destaque nesse sentido vai para Ariana Greenblatt e Cate Blanchett, muito graças ao imenso talento da atriz veterana e que ajuda na construção da personagem Tina.
Cate Blanchett neste filme é extremamente generosa. Com um carisma imenso e uma técnica sempre precisa, a atriz conduz basicamente toda a trama, emprestando seu nome e relevância para que Borderlands consiga levar sua jornada do ponto A ao ponto B de maneira aceitável.
Kevin Hart e Jamie Lee Curtis parecem estar no automático, e seus personagens pouco conseguem se valer do material fornecido pelo roteiro. Até as tentativas de piadas são bobas, então nada realmente surpreende ou entretém.
Acredito que um dos grandes problemas na experiência do filme é que tudo é muito conjunto, com pouco espaço para que você saiba mais sobre esses personagens, suas motivações e por que tomam determinadas atitudes.
E, mesmo eles passando tanto tempo juntos, não parece que realmente formam algum tipo de laço satisfatório. Não há uma introdução legal pra cada um deles, tampouco uma tentativa de desenvolvimento durante a jornada.
E mesmo que a edição seja bem amarrada para que o ritmo intenso predomine por boa parte da exibição (o filme tem uma hora e 42 minutos de duração), os poucos momentos de calmaria e dramaticidade são inundados por situações clichês e que você já viu em outros lugares.
Outro problema é que, apesar de grandes cenas de ação, não há nada em Borderlands que você consiga guardar na memória por muito tempo. Tudo parece apenas uma transição para a próxima fase. Até as cenas que poderiam ser mais impactantes, que envolvem grandes perigos e que remetem a uma ideia de urgência, se tornam anticlimáticas, pois tudo é resolvido na mesma hora, sem grandes consequências.
Outro elemento de incômodo pra mim foi a ausência de uma trilha sonora mais efetiva. A trilha original de Borderlands é tímida, e dentre os hits utilizados em algumas cenas, você provavelmente vai lembrar de apenas um deles, pois é um clássico – e não porque se destaque na cena escolhida.
Veredito
Infelizmente, Borderlands serve pouco entretenimento. Optando por fazer menos do que o básico, o longa não aproveita o potencial de seu excelente elenco, colocando todo o peso de sua condução no talento e carisma de Cate Blanchett. Mesmo sendo uma das melhores atrizes de sua geração, Blanchett sozinha não faz milagre, mas torna Borderlands um pouco menos sem sal.
2,8 / 5,0
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Assista ao trailer: