Rivais (Challengers) chega aos cinemas brasileiros no dia 25 de abril. Dirigido por Luca Guadagnino e roteirizado por Justin Kuritzkes, a produção traz em seu elenco principal Zendaya, Mike Faist e Josh O‘Connor.
Confira nossa crítica sem spoilers da produção.
Sinopse de Rivais
Tashi (Zendaya), uma treinadora de sucesso, transformou seu marido em um campeão mundial. Mas para superar uma sequência de derrotas, ele precisa enfrentar o ex-melhor amigo e ex-namorado dela.
Análise
Luca Guadagnino possui um olhar apurado para produções que desafiam a audiência. Seja por um enredo estarrecedor como Até os Ossos, ou por meio de um romance devastador como Me Chame pelo Seu Nome, o diretor possui essa habilidade de fugir do que é confortável, explorando formas de apresentar ao público situações triviais de maneiras pouco usuais.
A habilidade de Guadagnino de fugir do clichê, e criar atmosferas realmente interessantes, é um dos grandes trunfos de Rivais. Roteirizado pelo iniciante Justin Kuritzkes, o longa-metragem poderia ter caído na trama comum do triângulo amoroso, pendendo para um dramalhão caricato. Porém, a visão de Guadagnino, e sua excelente condução do elenco principal, tornam o título em uma produção excelente.
Rivais possui uma premissa bem comum: dois amigos se apaixonam pela mesma garota e iniciam uma disputa para ganhar a sua atenção. As consequências desse encontro reverberam não só na vida pessoal, mas também na vida profissional dos três, que estão em busca de se tornarem astros do tênis.
O tênis, em si, não é um dos esportes mais populares dentre o público. Sabendo desse limitante, o filme utiliza o esporte como uma grande metáfora para os caminhos que os três indivíduos principais irão seguir, entregando boa parte do que está por vir em alguns poucos minutos de projeção.
A intensidade da história, e a tensão causada pelas reviravoltas e conflitos com o trio principal, tornam a atmosfera de Rivais sufocante. É difícil desviar os olhos da tela, tal qual o público acompanha com atenção os passos dos atletas dentro da quadra de tênis. Todo o desenrolar da trama culmina em um ápice final que irá dividir opiniões, o que é mais um ponto no set de acertos de Guadagnino.
Apesar de ter uma premissa simples, e o desenrolar de sua história não ter lá grandes inovações, é com as ótimas atuações de Zendaya, Josh e Mike que Rivais cresce. O trabalho do trio é tão bom e envolvente que passamos por cima das pequenas confusões que o vai e vem das datas acaba causando em certos momentos.
Todos estão muito presentes em cena, o que é delicioso de assistir. Zendaya encarna uma Tashi acostumada a manter o controle e que sabe o que é preciso para vencer. Ela é uma profissional completa, um prodígio que vê sua carreira desmoronar após um acidente.
Patrick (Josh O’Connor) e Art (Mike Faist) são os amigos de infância que possuem o mesmo sonho e constroem uma carreira juntos. Um com muita autoestima e o outro mais retraído, a dupla conhecida como Gelo e Fogo parece ter um futuro maravilhoso pela frente, mas no fim das contas apenas um deles pode ser o grande campeão.
Josh e Mike mostram por que são nomes em destaque na atual geração do cinema. Conhecidos por seus trabalhos em The Crown e West Side Story, respectivamente, a dupla de atores dá todo o espaço e amparo para que o espectador queira torcer por cada um deles, mesmo que não seja correto escolher lado nenhum no contexto do filme.
A disputa de poder e a tensão sexual do trio principal é muito bem trabalhada por Guadagnino, principalmente quando analisamos a analogia sobre o que é ser um vencedor perante cada personagem. A ideia de vencer pode ser relativa e, junto com ela, acompanhamos momentos de raiva, rancor, repulsa e paixão.
Em inúmeros casos, como já dito anteriormente, nós acompanhamos um conjunto de situações triviais em que as informações ficam perdidas nas entrelinhas, e essas inúmeras dúvidas, desvios de caráter e humanidade vistas em tela tornam Rivais em um thriller sedutor e divertido.
Apesar de não ser fã de algumas escolhas criativas da montagem e também da trilha sonora, nada conseguiu tirar a minha atenção do mundo criado pelo filme ao longo dos 131 minutos de duração. Quando a projeção acabou, a sensação que ficou era a de querer debater cada pequeno detalhe do que aconteceu, criar teorias para o que poderia ter acontecido ou pensar em diversas situações diferentes para aquele final.
Não é essa a sensação mais genuína possível de se sentir após assistir a um ótimo filme?
Veredito
Rivais é mais uma excelente adição à filmografia de Luca Guadagnino. Com um enredo interessante, mas que se torna ainda melhor devido às ótimas escolhas de direção e do elenco competente, o longa é um thriller sedutor, envolvente e que não tem medo de fugir do comum.
4,0 / 5,0
Assista ao trailer: